terça-feira, 13 de fevereiro de 2007

REGRESSO AO PASSADO

Histórias do Xico Manel que se voltam a publicar.
E, em tempo de Carnaval...

A CACÁDA

(LER BEM, E NÃO ESQUECER DA ACENTUAÇÃO)

Para aqueles que não sabem eu explico o que é uma cacáda: Na altura do Carnaval, e no tempo em que as portas tinham postigos, que estavam sempre abertos, assim como as portas não tinham necessidade de ser aferroadas, era prática a brincadeira de deitar para dentro das casas «porcarias» normalmente os dejectos dos muares que iam beber ao chafariz da fonte, e que iam fazendo as «necessidades» pelas ruas da vila.
Feita esta explicação, indispensável para a história, vamos a ela:

Quem teve a culpa de tudo foi o ESPENICA TOUCINHO, que não morando tão pouco naquela rua, foi deixar altas horas da manhã um preservativo, que tinha usado onde muito bem entendeu, à porta da GAGUINCHA. Não são coisas que se façam, mais a mais numa Senhora de tanta seriedade, e a quem não havia nada a apontar. Só que nunca passou pela cabeça da Senhora que tinha sido aquele malandro, inclinando-se antes para a sua vizinha FARINHAS que morava duas casas abaixo. Pois se ainda ontem tinham estado a tagarelar, sobre o assunto e ela lhe tinha dito que tomava as devidas precauções, pois já lhe chegavam os dois filhos que tinha, ao que ela contrapôs que ela não se ralava com essas coisas e havia de ser o que Deus quisesse. Foi aquela magana concerteza, deixa que mas pagas!!!!.
Ora a família FARELO, era pobre, tinham apenas três divisões na sua habitação, um quarto para os filhos de tenra idade, outro para eles e a casa de entrada que era ao mesmo tempo, cozinha, sala de estar, de jantar e onde ao lume passavam o dia. Eram pobres, mas ele lá engordava o seu bacorinho, e todos os anos por altura do Carnaval procedia à matança do mesmo.
Feita a matança e tratadas as carnes a mulher lá dispôs os alguidares, com a carne para as linguiças, outro para as morcelas, outro para as farinheiras, lá fez a cruz da ordem por cima das carnes, e aproveitou antes de as tapar com o respectivo lençol para ir deitar as crianças.
Nesse dia a GAGUINCHA havia morto uma galinha, e já com ela fisgada guardou as penas, que se estava mesmo a ver iriam servir para uma cacáda na casa da vizinha. Nem tão pouco se lembrou que a outra estava de matança, e que os alguidares da carne teriam forçosamente de estar na única dependência que a FARINHAS tinha para tal efeito.
Pé ante pé com as penas embrulhadas num jornal, foi só empurrar o postigo, desdobrar o jornal e ala, penas para dentro da casa da vizinha, e toca a fugir. A outra que ouviu passos tão apressados, deixou o que estava a fazer, deitar os filhos, e veio ver o que seria aquela correria, chegando a tempo de ainda ver a vizinha a encafuar-se dentro de casa. Só depois reparou que a carne dos alguidares estava pejada de penas de galinha.
Diz quem viu que a briga foi de tal ordem que ambas iam ficando carecas.

Saudações Marroquinas
Xico Manel


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“Estas” zangam-se por outras coisas... qualquer dia!...

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