quarta-feira, 21 de fevereiro de 2007

POESIA NO ALANDRO AL

Mar Português

Poema: Fernando Pessoa

Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!

Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu.

Tempestade

Poema de Henriqueta Lisboa

- Menino, vem para dentro,
Olha a chuva lá na serra,
Olha como vem o vento!

- Ah! Como a chuva é bonita
E como o vento é valente!

- Não sejas doido, menino,
Esse vento te carrega,
Essa chuva te derrete!

- Eu não sou feito de açúcar
Para derreter na chuva.
Eu tenho força nas pernas
Para lutar contra o vento!

E enquanto o vento soprava
E enquanto a chuva caía,
Que nem um pinto molhado,
Teimoso como ele só:
- Gosto de chuva com vento,
Gosto de vento com chuva!

Sem comentários: