Coalaboração da :
Crónica de 28 de Fevereiro de Hélder Rebocho
Quarta, 28 Fevereiro 2007
Na passada semana Alberto João Jardim apresentou formalmente a demissão junto do Ministro da República, provocando aquele que será um cenário inevitável, a realização de eleições antecipadas para a Região Autónoma da Madeira.
O ainda presidente do Governo Regional é uma figura política incontornável e polémica. Goste-se ou não, há méritos que não lhe podem ser retirados.
A sua demissão foi aproveitada pela oposição para dar uns golpes na sua imagem pública e porventura ocultar o mérito da sua experiência e perspicácia política, qualificando-a como mais uma birra do Alberto João.
Aqueles que esperavam que o Presidente do Governo Regional encaixasse passivamente o ataque desferido contra a Região Autónoma da Madeira pelo Governo de José Sócrates, enganaram-se mais uma vez.
Os profundos cortes nas transferências de verbas para a Madeira, conjugados com a alteração da Lei Eleitoral para a Assembleia Regional, acarretariam para Jardim um arrastar demasiado penoso até ás eleições de 2008, por incapacidade de executar o seu programa de Governo, devido aos cortes orçamentais que por efeito de garrote alteravam, de forma significativa, as condições de governação.
É verdade que a Madeira é uma das regiões menos desfavorecidas de Portugal, mas esse favor não o devem os Madeirenses aos sucessivos governos da república, mas ao rigor que Jardim e o PSD Madeira sempre souberam impor na sua governação.
Na Madeira todas as verbas, sejam provenientes do continente ou dos fundos comunitários são aplicadas, sem subserviências, em benefício do desenvolvimento da região e do bem-estar da população.
Só assim se justifica a longevidade da governação de Jardim, porque o eleitorado madeirense não seria cego ao ponto de escolher reiteradamente o que seria pior para si.
Perante o cenário previsível, gerado pela alteração das condições financeiras Jardim fez aquilo que a sua forma de estar na política deixava antever, apresentou a demissão com a certeza que será novamente eleito, e com outra garantia, o programa de governo cuja execução estava em curso, pode assim, ser executado e cumprido até 2011, o que não seria possível se o mandato terminasse em 2008.
Após a aprovação da Lei das Finanças Regionais, cumprir o mandato até ao fim significava não cumprir o seu programa eleitoral.
Não cumprir o mandato em curso era a única solução viável para adaptar o programa de governo à nova realidade económica ditada pela redução substancial das verbas disponíveis para a Madeira.
Alberto João Jardim revelou visão estratégica, a sua demissão é um golpe de mestre que lhe permite governar como quer, no timing que entende necessário, podendo ainda, preparar calmamente a sua sucessão.
É verdade, que a sua demissão não terá a virtualidade de fazer crescer as verbas previstas para a Madeira ou alterar a Lei das Finanças Regionais, mas permite-lhe alargar o prazo de execução do seu programa de governo.
Jardim não ficou com o jogo que lhe deram, pegou nas cartas, baralhou e deu de novo, não duvido que fica com mais trunfos e assim sendo, não será difícil adivinhar quem sairá vencedor.
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