domingo, 4 de fevereiro de 2007

COMENTÁRIOS EM PÉ DE PÁGINA - RUBRICA DE ANTÓNIO BERBÉM

Sol e Sombras do Boletim Municipal

1.Em acto de participação dito “glocal” e atitude de livre exercício de cidadania, vamos passar directamente à abordagem do B.M., nº7 - Dezembro de 2006 que recebemos da CMA (em gesto que se agradece) e já tivemos o prazer de ler e consultar com o empenho necessário, sinceridade e expectativas óbvias.
Começamos por salientar que, apesar de tudo, é bom que este tipo de publicações
como o B.M. existam e que a autarquia alandroalense, em edição tipográfica de alta qualidade, o faça divulgar o mais possível.
Assinala-se portanto o seu (re) aparecimento. Percebe-se a utilidade. Mas também devem discutir-se abertamente os fins, recursos e as mensagens que o B.M. pretende veicular e transmitir a jusante.

2. Olhando, por isso, atentamente para “o seu exaustivo Índice” percebe-se, desde logo, qual é a orientação dominante e os objectivos rápidos que pretende, com alguma legitimidade, inculcar-nos. Daí que não haja dúvidas em afirmar-se que o B.M. se apresenta com uma excessiva «Dispersão temática» e sobretudo bastante sobrecarregado de pequenas notícias e dezenas de fotografias. Pelo que tudo junto acaba talvez por não ajudar à leitura propriamente dita, visto apresentar-se com 17 itens, o que distribuído apenas por 45 páginas é assaz demasiado.
Pode desvirtuar tanto a mensagem como a opção do mensageiro.
Este B.M. que, aliás, apresenta uma Ficha Técnica composta de um director, acrescido de mais um director adjunto, a redacção, dois responsáveis gráficos e outro pela Fotografia parece andar a esquecer-se que seria certamente preferível dotar-se de um Conselho Editorial.
Será que é assim tão difícil? O próprio Boletim não seria, em si mesmo, mais democrático, participado e abrangente?

3. Claro que o Boletim Municipal se apresenta com um leque de boas notícias. É útil e agradável que assim seja e assim deve continuar a acontecer no futuro. Designadamente nas áreas da Educação e do Ambiente, diremos que, o conjunto de acontecimentos noticiado aponta no bom caminho.
Destacamos os casos da “Escola a tempo inteiro no Alandroal” e a existência de “Pontos de Acesso à Internet”. E ainda a abertura do “Concurso para a construção da nova EBI com Jardim de Infância” (pag.3).

4. Quanto ao Ambiente propriamente dito, evidenciam-se as actividades de sensibilização tendo como temas: “A Água” e o “Respeito aos Espaços Verdes”. Assim como o facto de “Sete escolas aderirem ao Projecto Eco-escolas” (pag.11).

5. Contudo ao chegarmos à área da Cultura (p.4) eis que se instala a surpresa e o desequilíbrio editorial dado que não se pode nem devem confundir-se simples Viagens de duas ou três pessoas com verdadeiros e marcantes ACTOS de CULTURA.
O que acaba por ser noticiado neste Item, é que “o Alandroal…mas como e com que sentido de escolha útil” participou sucessivamente:

(a) no XIV Encontro Ibero-Americano de Cooperação (…) em Havana com o Sr. adjunto em cara evidência e discursiva feição numa simples Assembleia Popular algures em Regla (p.4);”(…)procurando sinergias em busca de melhores soluções”. (ib.) Retórica pura ou, então, o que será Compadres?...
(b) A lista de participações inclui e envolve-se em seguida no relato de deslocações do Alandroal até à Áustria. E daqui ao Luxemburgo.
Ao que se seguem novos relatos de novas viagens até Bruxelas, aos Açores, passando pelas ilhas de Cabo Verde e Espanha,

(c) terminam estes “informes viajantes” ainda com mais uma notícia sobre o “Município do Alandroal representado no VIII Congresso Ibero Americano de Municipalistas” (sic) que decorreu na cidade de Guayaquil, no longínquo e solarengo Equador. Um lugar espectacular do mundo onde pode ver-se o Sol e a Lua mergulharem verticalmente no horizonte.

6. Sem mais comentários, fica-se sem se compreender como é que, afinal, o Alandroal pode, de facto, “promover a (sua) modernização municipal através de contactos e intercâmbio de informação” (mas que informação/e que modernização?...) com municípios tão distantes da realidade municipal ibérica e europeia e com culturas burocráticas próprias tão díspares da nossa. Pela Internet não seria mais cómodo?...
Ou será que, Pergunta-se, se trata somente de uma desusada apetência por locais/ congressos exóticos situados na extensa e apetecível área «euro-ibero-Atlântico a sul» onde apenas se vão passando inúmeros discursos…com alguma pompa, é certo, mas muitas vezes sem um interesse directo para as populações? Como sabemos de experiência feita embora em áreas distintas.

7. Parece-nos finalmente que conviria ao B.M. em próximas edições que não se editassem tantas páginas com tantas fotografias, julgando-se, já agora, que melhor seria que, pelo menos, em editorial se expressasse e desse a conhecer o balanço e a agenda das Orientações estratégicas de curto e médio prazo aplicáveis ao Concelho.

Em conclusão, pelo que foi apontado e mais haveria a assinalar, aceita-se de bom grado que o B.M. tem assegurada a missão de continuar a divulgação de acontecimentos que ao Concelho e à Vila interessam.
Mas, deve assumir também um conjunto de novos desafios, integrando novos conteúdos (in) formativos abertos à colaboração dos munícipes da sociedade local e Concelhia. Isto se não quiser ser visto como “a voz única” de um reduzido número de edis tácitos…sem ‘Energia para Crescer’?
Imaginando, por fim, a atribuição de uma nota, porque não ‘um bom catorze?...’

António Neves Berbém
Fevereiro, III/MMVII


Ps: não se percebe como é que o noticiado “Atendimento ao Munícipe” é apenas feito e logo por três responsáveis camarários, no mesmo dia da semana e às mesmas horas. Haverá uma explicação?...

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