terça-feira, 9 de janeiro de 2007

REGRESSO AO PASSADO

"Coisas" que se voltam a publicar no Alandro al

LOCAIS QUE DEIXARAM MARCAS NA MINHA JUVENTUDE - A BARBEARIA DO BARRADAS

Proponho-me deixar aqui a descrição de locais de outrora, que de qualquer forma contribuíram para a vivência do dia a dia na Vila do Alandroal noutros tempos.
Antes do mais assumo que sou saudosista, e como tal sinto saudades não só dos tempos vividos, como da maneira como os vivi e que não tenho qualquer vergonha em o dizer. Ainda estou esperando que uma iluminada inteligência me explique porque as palavras saudade, saudosismo, outros tempos, são conectadas com fascismo, Salazar, e outras de igual teor.. mas enfim...
Situava-se a Barbearia do Barrada em plena Praça, no local onde está agora um pronto-a-vestir para crianças, propriedade da D. Maria Otília. Localização perfeita, no local mais concorrido. E porque se diferenciava a Barbearia o Barradas das outras? O Barradas, além de ser o Barbeiro mais jovem do Alandroal, era pessoa conhecedora de outros locais e de outras vivências graças às deslocações frequentes que fazia a outras localidades às vezes bem longínquas como elemento da Orquestra Bass, onde colhia ensinamentos que frequentemente estavam inacessíveis aos jovens dessa época. Tinha um rádio sempre ligado, revistas e jornais para folhear, e até, vejam bem, dependurado nas paredes “gajas boas” recortadas dos calendários Pirelli, o que constituía já por si um velado desafio à moral e bons costumes da época. Nos Domingos à tarde era o local ideal para ouvir o relato da bola, e com a barbearia sempre à cunha era logo ali que se festejavam os golos do Benfica. Foi a primeira a aderir à máquina eléctrica e a habituar os clientes a verificar o corte por intermédio de um espelho estrategicamente colocado por detrás da nuca do cliente. Não admira portanto que a malta jovem que na altura frequentava o “Colégio” fizesse da Barbearia do Barradas o seu ponto de encontro, e entre conversas em que se “malhava” na vida alheia, do futebol, da política (com um olho no burro e outro na ferradura), se trocavam pontos de vista e se discutiam os casos badalados da altura.
Se o “colégio” nos ministrava os ensinamentos necessários para um futuro melhor, não há duvida que a Barbearia do Barradas era um pólo da Universidade da vida.
Saudações Marroquinas
Xico Manel

Sem comentários: