Divulgação da Musica Tradicional Portuguesa – A nossa música
Herodes
Letra e música: Popular / Arranjo: Eduarda Alves, Margarida Guerreiro
Intérprete: Moçoilas (in CD "Já Cá Vai Roubando", 2001)
À porta do Oriente
Ai, os três Reis Magos s'apartam
Uma estrela os vai guiando
Ai, outra a ver o Sol que nasce
Dizem qu'este sabe qu'é Cristo
Ai, filho do Eterno Pai
Herodes por ser malvado
Ai, Judas perverso marigno
Já os três Reis ensinava
Ai, às avessas o caminho
Os três Reis como eram santos
Sua estrada foram seguindo
Lá foram dar a Belém
Ai, aos pés do bento Menino
Não se percam os bons usos
Que o senhor nos tem deixado
Venham nos dar esmola
Ai em louvor em louvor do Deus sagrado
Esta rua está caiada
Ai, esta casa bem varrida
A senhora qu'é asseada
Ai, na esmola é conhecida
Dobradinhas e filhós
Ai, também s'aceita dinheiro
Venha nos dar esmola
Ai, à luz do seu candeeiro
Moçoilas (em 2001): Teresa Colaço, Teresa Muge, Margarida Guerreiro, Eduarda Alves, Ana Maria Guerreiro
O Barco Vai de Saída
Letra: Fausto Bordalo Dias (inspirado na obra "Peregrinação", de Fernão Mendes Pinto)
Música: Fausto Bordalo Dias
Intérprete: Fausto Bordalo Dias* (in "Por Este Rio Acima", 1982)
O barco vai de saída
Adeus, ó cais de Alfama
Se agora vou de partida
Levo-te comigo, ó cana verde
Lembra-te de mim, ó meu amor
Lembra-te de mim nesta aventura
P'ra lá da loucura
P'ra lá do equador
Ah! Mas que ingrata ventura
Bem me posso queixar
Da Pátria a pouca fartura
Cheia de mágoas, ai quebra-mar
Com tantos perigos, ai minha vida
Com tantos medos e sobressaltos
Que eu já vou aos saltos
Que eu vou de fugida
Sem contar essa história escondida
Por servir de criado a essa senhora
Serviu-se ela também tão sedutora
Foi pecado
Foi pecado
E foi pecado, sim senhor
Que vida boa era a de Lisboa
Gingão de roda batida
Corsário sem cruzado
Ao som do baile mandado
Em terras de pimenta e maravilha
Com sonhos de prata e fantasia
Com sonhos da cor do arco-íris
Desvairas se os vires
Desvairas magia
Já tenho a vela enfunada
Marrano sem vergonha
Judeu sem coisa nem fronha
Vou de viagem, ai que largada
Só vejo cores, ai que alegria
Só vejo piratas e tesouros
São pratas são ouros
São noites são dias
Vou no espantoso trono das águas
Vou no tremendo assopro dos ventos
Vou por cima dos meus pensamentos
Arrepia
Arrepia
E arrepia, sim senhor
Que vida boa era a de Lisboa
O mar das águas ardendo
O delírio dos Céus
A fúria do barlavento
Arreia a vela e vai marujo ao leme
Vira o barco e cai marujo ao mar
Vira o barco na curva da morte
Olha a minha sorte
Olha o meu azar
E depois do barco virado
Grandes urros e gritos
Na salvação dos aflitos
Esfola, mata, agarra
Ai quem me ajuda
Reza, implora, escapa
Ai que pagode
Reza
remem heróis e eunucos
São mouros, são turcos
São mouros, acode
Aquilo é uma tempestade medonha
Aquilo vai p'ra lá do que é eterno
Aquilo era o retrato do Inferno
Vai ao fundo
Vai ao fundo
E vai ao fundo, sim senhor
Que vida boa era a de Lisboa.
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