terça-feira, 30 de janeiro de 2007

CRÓNICAS DE OPINIÃO DA RÁDIO DIANA/FM

Colaboração da:

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Metropolitano - Domingos Cordeiro

Terça, 30 Janeiro 2007
Quem há 30 anos atrás utilizou o Metro de Lisboa e o utilize agora verificará que as transformações, entretanto ocorridas, foram enormes.
Expandiu-se de forma muito significativa. As 20 estações então existentes passaram para 44.
Foi criada uma nova linha e as 3 existentes cresceram de tal forma que o Metro extravasou a cidade de Lisboa e chega já aos concelhos de Odivelas e da Amadora.
As estações existentes foram remodelas.
As estações apresentam-se, agora, com materiais amigáveis, agradáveis á vista e ao tacto, e incorporam, inclusive, o que de melhor nos foi legado por alguns dos nossos melhores pintores – a sua arte.
O material circulante é de grande qualidade.
O ambiente de trabalho é incomparávelmente melhor como o é a qualidade do serviço prestado aos utentes.
Posso, assim, afirmar, sem qualquer receio, que o Metro de Lisboa está, hoje, a par do que melhor existe em qualquer outra capital europeia.
O Metropolitano de Lisboa é uma empresa pública, que vem acumulando prejuízos que são suportados pelos impostos de todos os Portugueses.
Vem isto a propósito da “luta” que os trabalhadores do Metro, impulsionados pelos sindicatos, vêm travando, desde 22 de Junho de 2006, e que até ao momento redundou em 11 greves, todas elas com paralisação total deste meio de transporte.
Á primeira vista, é legitimo pensar que tamanha “luta” só pode ficar a dever-se a grandes malfeitorias aos trabalhadores, por parte do Conselho de Administração do Metro.
A cadência de greves, que torna o trânsito impossível na cidade de Lisboa e que afecta mesmo aqueles que não o utilizam, como já me aconteceu, levou-me indagar sobre o que se está a passar.
Apurei que se trata, por parte dos trabalhadores, de tentar impor ao Conselho de Administração do Metro, a prorrogação, até 2011, do Acordo de Empresa que vem vigorando há 30 anos e que chega este ano ao seu termo de validade.
Isto é, os trabalhadores e seus representantes, que em devido tempo subscreveram um Acordo de Emprega para vigorar até 2007, não querem, agora, que o mesmo termine.
Importa, pois, que se diga, que esse mesmo Acordo de Emprega prevê, entre outros “direitos” os seguintes: 36 dias úteis de férias, um regime complemantar de doença por trabalhador em que este ganha tanto se ficar em casa como se estiver empregado; horas fixas de entrada e de saída; nenhuma polivalência nas respectivas funções.
A par, e no que se refere a produtividade, verificamos que o número médio de horas por maquinista em Lisboa é de 3,3 horas, em Londres de 5,6 horas, e em Madrid, de 6 horas.
Trata-se, pois, como é bom de ver, de uma “luta” pela manutenção de direitos injustos e imorais, aos quais a Administração do Metro pretende por termo com revisão do Acordo de Empresa que agora caduca.

Nos últimos 30 anos muita coisa mudou no Metropolitano de Lisboa e no mundo, designadamente, no mundo laboral e sindical.
Só os 1600 trabalhadores do Metro e respectivos sindicatos parecem não ter dado por isso.
A pretenção dos trabalhadores do Metro e seus representantes é tanto mais injusta e imoral quanto é certo que se trata de uma empresa publica que, como já se referiu, acumula prejuízos e que como tal, é suportada pelos impostos pagos por todos os Portugueses, muitos dos quais trabalhadores que não se podem dar ao luxo de reclamar para si tais regalias.
Por tudo, bem anda a Administração do Metro em querer moralizar esta situação batendo-se por ela até ao fim, ainda que isso custe sucessivas breves e sucessivos incómodos para o trânsito em Lisboa e para o meio milhão de pessoas que, diariamente, utilizam o Metro

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