segunda-feira, 22 de janeiro de 2007

CRÓNICAS DE OPINIÃO DA RÁDIO DIANA/FM

Amabilidade da:

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O enforcamento de Saddam Hussein - José Faustino

Segunda, 22 Janeiro 2007
No final do ano passado foi enforcado o ditador Saddam Hussein.
Cumpriu-se assim a sentença do tribunal iraquiano que o tinha condenado por centenas de mortes, ficando ainda por julgar muitos outros crimes.
Os prelúdios do enforcamento tiveram imagens televisivas e o acto, propriamente dito, foi filmado à socapa por um dos presentes, correndo mundo, através da Internet, as imagens recolhidas.
Confesso que as imagens me incomodaram tal com terá acontecido com a maioria das pessoas no mundo ocidental.
Apesar da vulgarização de cenas deste tipo em filmes de ficção, a coisa muda de figura quando se trata da realidade, tanto mais, estou convencido, que a maioria das pessoas é contra a pena de morte.
Mas o mesmo não acontece no mundo árabe. No Iraque convive-se diariamente com a morte. Aí as pessoas lidam diáriamente com cenas de morte ao vivo, ali não se trata de peças ficcionadas, não, ali é matar ou morrer.
Lá no Iraque, as reacções à morte de Saddam foram de repúdio, pelos sunitas e de alegria e festa pelos xiitas e curdos e em caso algum de choque, ninguém ficou impressionado pelo acto em si.
Não nos esqueçamos que por aquelas paragens, actuam terroristas que não têm problemas, de qualquer espécie, em degolar reféns inocentes e de filmarem essas execuções. Ali não basta matar, é preciso mostrar que se matou.
É claro que perante o incomodo que causaram, repito – no mundo ocidental - as imagens do enforcamento, a “brigada do politicamente correcto” não perdeu a oportunidade para zurzir, como habitualmente, nos americanos e na sua intervenção no Iraque.
Como de costume, tudo serviu para lançar a confusão. Que tinha sido o julgamento dos vencedores, que foi um julgamento fantoche e tudo o mais.
Então em Nuremberga ou recentemente na Jugoslávia foi o julgamento dos vencidos? Só no final é que perceberam que o julgamento era fantoche, não se aperceberam disso durante os meses em que decorreu ou se se aperceberam porque não nos disseram antes?
A verdade é que o julgamento foi feito no Iraque, por iraquianos, e não pelos americanos, por um tribunal iraquiano, segundo a Lei iraquiana, que prevê a pena de morte por enforcamento, e foram julgados crimes cometidos no Iraque.
Poderá criticar-se a pena de morte, opinar sobre se o criminoso deveria, ou não, ter sido julgado pelos restantes crimes de que era acusado, se a execução devia ter sido, ou não filmada, mas tudo o resto parece-me a conversa do costume.
Ainda este assunto não estava completamente esgotado e já a “brigada do politicamente correcto” tinha novo tema, calcule-se que os americanos vão reforçar o seu contingente de tropas no Iraque com mais de 20.000 homens.
Mas disso falaremos noutro dia e também sobre aquele intrigante caso dos voos da CIA.

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