quarta-feira, 10 de janeiro de 2007

CRÓNICAS DE OPINIÃO DA RÁDIO DIANA/FM (2)

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Que nos permite aqui transcrever a crónica diária transmitida aos microfones daquela prestigiada estação de rádio.
São crónicas dos acontecimentos relevantes que se vão sucedendo não só no país como no estrangeiro elaboradas por entidades de diferentes quadrantes políticos.


As iniciativas da Câmara
José Faustino

Quarta, 10 Janeiro 2007
Este ano, ao contrário do que é costume, saí de casa para a passagem do ano.
Desloquei-me ao Rossio de S, Braz onde a Câmara organizou a festa de passagem de ano.
Foi servida ceia no Monte Alentejano, para quem quis pagar, sendo o baile de entrada livre. Á meia-noite houve fogo de artifício, como manda a tradição.
Para mim que há anos não saia de casa, por esta ocasião, fiquei satisfeito com o que vi.
Foi uma festa simples, mas digna e útil para a população que quis participar. A música era a adequada para o efeito e o fogo de artifício não envergonhou, de maneira nenhuma, a organização.
Regressei a casa a pensar que quando há boa vontade e alguma imaginação, com pouco dinheiro podem fazer-se coisas simples, é certo, mas de muita utilidade e importância para as populações.
Veio-me há ideia duas outras iniciativas da Câmara que se podem considerar dentro desta lógica.
Refiro-me aos autocarros da Linha Azul e à Ecopista.
São dois melhoramentos públicos que não necessitaram de grandes investimentos, mas que são bastante utilizados pela população.
É certo que os políticos, e também muito boa gente, gostam de grandes obras, mas essas não são possíveis quando não há dinheiro, e mesmo quando o há, há certos empreendimentos cuja utilidade e necessidade deveriam ser bem ponderados previamente.
Comparemos, por exemplo, a construção de um estádio municipal com a ecopista.
Quanto custa um estádio? Quanto custou a ecopista? Não sei, mas mesmo sem saber os valores exactos é fácil concluir que a relação custo-benefício é muito mais favorável à ecopista. Basta verificarmos a quantidade de pessoas que a utilizam diariamente.
No caso do estádio, o número de desportistas-utilizadores ficará sempre muito abaixo dos utentes da ecopista.
Por outro lado, o maior número de utilizadores dum estádio são espectadores, enquanto que os utilizadores da ecopista são praticantes.
Não quero com isto dizer que não se deva construir um estádio, digo apenas que para uma autarquia sem grandes recursos económicos é sempre preferível construir infra-estruturas mais baratas e de maior utilização para a população do que grandes obras, muitas vez, apenas de fachada.
Para que haja o discernimento necessário na hora de optar não pode é faltar capacidade de imaginação, e a imaginação é um bem que não tem custos.
Aqui fica o meu desejo de que se construam mais quilómetros de ecopista, como parece que está previsto, outras infra-estruturas de utilidade e, também, que se organizem mais festas populares de proximidade com as populações, como foi o caso da de passagem de ano, em detrimento de outras iniciativas destinadas apenas a minorias privilegiadas.

Ramala
Domingos Cordeiro


Quarta, 10 Janeiro 2007
O mundo vem assistindo, há quase sessenta anos, ao conflito israielo-palestiniano.
Tenho por adquirido que a solução passa por dois estados – Israel e Palestina – e pelo reconhecimento mútuo.Com a retirada de Israel da faixa de Gaza afigurou-se-me que o processo de paz estava definitivamente relançado.
A grave doença que acometeu Sharon e a vitória do Hamás nas legislativas de Fevereiro passado vieram lançar uma série de receios sobre o sucesso das negociações então em curso.
Infelizmente, esses receios confirmaram-se.
O Governo liderado pelo primeiro-ministro Ismail Hanyie e suportado pelo Hamás recusa-se ao reconhecimento de Israel como Estado e a respeitar os acordos pactuados pela Autoridade Palestiniana com o Governo de Telavive, em Oslo.
Como resposta por parte da comunidade internacional, o Quarteto de Madrid, formado pelos Estados Unidos, União Europeia, Rússia e ONU, decretou um boicote ao governo do Hamás.
Os esforços do Presidente da Autoridade Palestiniana, Abu Mazen, com vista a formar um governo de unidade nacional com Hanyie para solucionar a grave crise em que está mergulhada a nação palestiniana devido a tal boicote fracassaram.Com efeito, o Hamás recusa-se, em qualquer circunstância, a reconhecer o Estado de Israel.
Entretanto, para agravar o conflito no seio do já tão martirizado povo palestiniano, foi criada pelo ministro do Interior do Governo do Hamás, Siad Siam, uma milícia que conta com cerca de 3.000 membro, que designou como força auxiliar para significar que opera simultaneamente às forças públicas de segurança da Autoridade Palestiniana.
Vimos assistindo nos últimos dias a uma escalda dos confrontos entre as forças públicas de segurança e a milícia do Hamás.
Foi justamente esta milícia que na passada sexta-feira irrompeu na residência do Chefe de Segurança Preventiva da Autoridade Palestiniana, no Norte de Gaza, e matou um filho deste e dois guarda-costas.
Os confrontos armados, que só nos últimos três dias causaram a morte a pelo menos 13 milicianos e civis intensificam-se, de dia para dia.
A Autoridade Palestiniana encontra-se, assim, mergulhada em dois gravíssimos conflitos.
O primeiro só é resolúvel com a boa vontade de Israel, posto que a paz só pode sobrevir de uma repartição justa do território do antigo mandato britânico.
O segundo é a ameaça de uma guerra civil que agudize o conflito de poder entre o islamismo radical vitorioso nas passadas eleições de Fevereiro e a Autoridade Palestiniana. Sem a solução prévia deste segundo conflito é impensável o reatar de conversações para atacar o primeiro.
O Estado de Israel é hoje uma realidade indiscutível e a pretensão do Hamás ou de qualquer outro movimento palestiniano, seja ele qual for, em querer negá-la não passa de pura retórica.
Por isso, é duplamente ruinosa a cegueira dos dirigentes palestinianos que sustentando o impossível se mostram incapazes de tirar o seu povo da provação em caiu há quase sessenta anos.

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