segunda-feira, 29 de janeiro de 2007

CRÓNICAS DA RÁDIO DIANA/FM

A cooperação estratégica - José Faustino

Segunda, 29 Janeiro 2007
Muito tenho lido e ouvido sobre a cooperação estratégica entre o Presidente da Republica e o Primeiro-Ministro.
Tenho uma opinião diferente da generalidade dessas opiniões.
Em primeiro lugar, importa esclarecer que só há estratégia quando existem adversários ou inimigos, quando estes não existem não se pode falar de estratégia.
Cooperação quer dizer colaboração, inter-ajuda ou até cumplicidade.
Assim sendo, é pois natural que exista cooperação entre o Presidente da Republica e o Primeiro-Ministro, chamando-se-lhe normalmente: cooperação institucional, por se tratar da cooperação entre duas instituições da República.
Ora Cavaco Silva desde cedo, no início da campanha eleitoral para a presidência da república, veio introduzir este novo conceito de cooperação estratégica.
Importa igualmente dizer que, estrategicamente falando e de forma simplificada, dois adversários podem seguir duas opções: a primeira, de diferenciação ou confrontação; a segunda, de cooperação.
Quando um dos adversários opta por uma estratégia de cooperação tem em vista uma aliança táctica da qual ele próprio pretende tirar vantagem.
Por isso quando Cavaco Silva fala em cooperação estratégica quer dizer, na minha opinião, o seguinte:
Sócrates é meu adversário político, mas convêm-me cooperar com ele para que daí eu possa tirar vantagem.
Mas para que isso aconteça é necessário que Sócrates tenha êxito. Se tiver, Cavaco potenciará esse êxito em seu favor e aparecerá aos olhos do eleitorado também como vencedor da crise.
Se as coisas não correrem bem a Sócrates também Cavaco ficará em “maus lençóis”, e nesse caso não tirará vantagem da cooperação estratégica.
Por isso era necessário balizar os êxitos de Sócrates, definir-lhe objectivos, foi isso que Cavaco fez na mensagem de ano novo.
Se não se virem resultados das políticas aplicadas, se Sócrates não cumprir os objectivos, Cavaco passará da fase de cooperação para a fase de diferenciação.
Nessa altura, os partidários do PS, que tanto têm elogiado Cavaco, serão apanhados em contra-pé.
Contrariamente, se as coisas correrem de feição a Sócrates, e consequentemente a Cavaco, serão os partidários do PSD, que têm criticado Cavaco, que ficarão em posição desconfortável.
A ver vamos!

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