domingo, 21 de janeiro de 2007

COMENTÁRIOS EM `PÉ DE PÁGINA - RUBRICA DE ANTÓNIO BERBEM

Continua o Alandro al a contar com a prestimosa colaboração do Dr António Berbem, que semanalmente nos faz chegar a sua crónica.
Propõe-nos hoje um exercício, que de bom grado gostaríamos de ver aceite pelos Alandroalenses.
Os "comentários" estão à vossa disposição.


Os Dez Maiores Alandroalenses de Sempre

1. A ideia televisiva de escolher “Os Dez Portugueses Mais Importantes de Sempre” é nos tempos que correm por razões diversas bastante «europeia», polémica e apelativa. Se bem que seja também algo ingrata dado que envolve delicadas opções entre o melhor e o pior da nação portuguesa. (VPV)
Pode conter no entanto uma certa seriedade desde que se aceite a multiplicidade de critérios que estão em jogo os quais tornam afinal a escolha difícil. Aliás, no caso português até não (nos) parece desajustada: 2 reis, 4 políticos, 2 navegantes e dois grandes poetas são uma amostra fiável e ilustre do povo que somos e do modo como nos fomos secularmente construindo. Com afonsina ousadia, projecção marítima e emoção poética criadora.
Aplicando uma escolha eventualmente semelhante ao concelho do Alandroal, seria interessante experimentar e saber, entre nós, Concelhios Alandroalenses qual a escolha que poderia vir a acontecer?...
2. Bom, para além da escolha possível correr o risco de envolver meia dúzia de Cromos (como agora se diz…) saídos de recentes e voluntaristas popularidades fáceis. Ou de haver a hipótese de surgir um qualquer epifenómeno, estamos em crer que o resultado final não esqueceria as Personalidades Alandroalenses que ao longo dos tempos foi valendo a pena, de facto, fixar e guardar nos Anais da Vila.
Poderíamos apontar nomes desde os meados do século passado. Não o faremos por uma questão de ética democrática.
3. Apesar de tudo, invocamos dois nomes incontornáveis pela sua inegável dimensão histórica: Pêro Rodrigues,”O preso amigo, preso por leal (…) é do Landroal. ---“Amigo de Quem?”
E Diogo Lopes de Sequeira (Século XVI) comandante de armadas, do conselho do rei D. Manuel I, 4º Governador da Índia de 1518 a 1521. Com o túmulo preservado?
Para além destas duas personalidades, adiantemos que o TOP TEN alandroalense por certo não poderia ignorar o caso de dois ou três presidentes de câmara e de juntas de freguesia, médicos, professores e especialmente professoras, músicos, poetas e Figuras populares. Artesãos e Mulheres de rija têmpera que as tivemos.
A título de exemplo, e tendo em conta o contexto histórico em que desempenhou o seu papel quem, por certo, não se escolheria como personagem importante do Alandroal seria o Sr. Joaquim Martins. Por razões obvias que a maioria de nós facilmente percebe. A dita personagem, foi apenas mais um triste caso de “pura cooptação” para o exercício do poder autárquico. Era cinzento e sem qualquer ponta de Criatividade. Um erro de “casting” confirmado no momento em que os alandroalenses perceberam que tinha nascido somente para se Encostar ao perfil (e poder) pobre… de um abastado agricultor.
5. Seja como for este jogo de debates e de escolhas que certamente enriqueceria e acompanharia a nossa votação final, teria em todo o caso o mérito de colocar à frente dos candidatos Um Espelho enorme que os devolveria à sua dimensão real.
Mostrando-nos o que discursaram, prometeram e não fizeram. O que julgavam ser e nunca foram. Aquilo que de algum modo foram fazendo de bem e de mal. O que nem sequer imaginaram ou sonharam que deveriam fazer…
6. O importante, claro, era que a escolha final dos alandroalenses fosse inteiramente livre e viesse porventura a recair sobre Personalidades dotadas de superior visão estratégica. Com carácter e condutas modelares. E sobretudo com um elevado sentido de desapego “aos pequenos poderes” que compõem o Poder…
Ou seja: personalidades com uma marca de verdadeira grandeza humana e política. Como é felizmente o caso de vários portugueses.
7. Em síntese, esta ideia de escolher “Os Dez Mais do Alandroal” parece-nos ser de levar à prática, por exemplo, pelo blog Alandro al. O desafio embora possa envolver bastante trabalho seria divertido e gratificante. Os votantes certamente não negariam o seu contributo.
Uma coisa é certa: todos os que participassem, ficariam a pensar, a comparar e depois a escolher ludicamente “as Figuras realmente Importantes” em função do que o passado nos deu, o presente vem mostrando e o futuro pode ainda reservar-nos.
Quer para praticarmos formas actuantes de estar neste mundo. Quer para valorizarmos as personagens históricas locais e outros actores políticos maiores ou mesmo menores que por cá foram chegando, ressalvando apenas os que de uma forma superior serviram a nossa terra e as nossas gentes.

António Neves Berbém
Janeiro, XX/MMVII

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