sexta-feira, 10 de novembro de 2006

CRÓNICAS DE OPINIÃO DA RÁDIO DIANA/FM

Diáriamente na : http://www.dianafm.com/

Aflições
Eduardo Luciano

Sexta, 10 Novembro 2006
Esta semana está a ser negra para administração norte-americana. Bush e os seus apoiantes sofreram duas pesadas derrotas no espaço de dias. Internamente perderam as eleições intercalares para o Senado e Câmara de Representantes. Fora das suas fronteiras (é verdade, apesar de tudo os Estados Unidos têm fronteiras) sofreram uma clamorosa derrota na Nicarágua onde o candidato apoiado despudoradamente pelo império, foi derrotado pelo sandinista Daniel Ortega.
Esta vitória é tanto mais significativa se nos lembrarmos da forma como há 16 anos, através de apoios militares, logísticos e financeiros ao grupo terrorista que ficou conhecido como “contras” e ao famigerado comandante Zero, os Estados Unidos mergulharam a Nicarágua numa sangrenta guerra civil.
Derrotado o seu candidato as represálias não se farão esperar. Para o império, as eleições só são democráticas se os seus homens de mão ganharem.
No Iraque, o denominado julgamento de Sadam Hussein acabou, como se esperava, com a condenação à morte do arguido. A forma como Bush se congratulou com tal desfecho é reveladora da sua índole.
Donald Ramsfeld deixou de ser o todo poderoso Secretário de Estado da Defesa. A primeira baixa da guerra do Iraque, em pleno território americano. Mas não comecem já lançar foguetes. O nome do senhor que se segue não augura nada de bom.
Por falar em terrorismo, o presidente da Câmara Municipal do Porto decidiu que se acabavam as atribuições de subsídios a fundo perdido, substituindo-os por apoios pontuais. Isto mais não é do que abrir a porta ao arbítrio com a pretensão de estrangular os agentes culturais que Rio considera hostis.
Todos sabemos que a atribuição de subsídios e apoios, por parte das autarquias, a colectividades e agentes culturais e desportivos pode tornar-se num eficaz instrumento de manipulação de vontades em momentos eleitorais. Torna-se por isso urgente que essa atribuição esteja condicionada por regras claras e do conhecimento de todos. Só assim se afasta a suspeita, sempre presente, que o critério de atribuição depende de simpatia política ou serve para pagar um apoio futuro.
Ao anunciar o fim dos subsídios o que Rio parece pretender instaurar é o princípio da arbitrariedade. A Câmara só dá apoios pontuais. E quem decide esses apoios? Com que critérios? O gosto do vereador da cultura ou do presidente da câmara?
O homem quer que esta medida sirva de exemplo para o país. Se o conseguir, estamos tramados. Ainda teremos votos e apoios eleitorais em saldo.

Até para a semana

Sem comentários: