Uma amabilidade da:
Crónica de António Leitão
Há dias, a RTP1 excedeu-se e passou a horas relativamente normais 2 bons programas: primeiro, Maria Filomena Mónica a falar sobre Portugal, mais uma vez realçando a preguiça e cobardia portuguesas, a nossa mesquinhez e falta de ambição, o que deve ser a visão habitual e natural de quem se doutorou em Oxford. Como já tenho dito, suspeito que numa cultura tão antiga como a portuguesa, aquilo que parece ser um conjunto infame de defeitos deve esconder uma táctica para ultrapassar crises e poder ser feliz. Ser feliz é um fenómeno intermitente a que muitos não têm acesso: além de ter uma importante tendência genética, é próprio das pessoas simples. Acontece aqui e agora e não num futuro preparado. Se ser feliz é o melhor a que pode aspirar o ser humano, essa é outra conversa.
Eu achar-me-ia muito feliz se também tivesse estudado em Oxford ou em qualquer outra excelente Universidade – coisa que está muito longe de existir em Portugal. Mas já existiu, precisamente em Évora! Como se sabe, a Universidade de Évora, fundada em 1559, esteve ao nível das melhores universidades europeias da altura e teve grande influência no Brasil e na Índia, através dos missionários saídos do Colégio do Espírito Santo. Foi extinta pelo Marquês de Pombal em 1759 quando expulsou os Jesuítas de Portugal, tendo os seus bens sido transferidos para a Universidade de Coimbra, “que de súbito se viu opulentíssima” (Gabriel Pereira).
Não fossem as vicissitudes históricas, Évora poderia ter sido a universidade onde Filomena Mónica se orgulharia de ter feito o seu doutoramento, estando agora bem menos infeliz ao pensar em Portugal, país das laranjas, onde apesar duma história gloriosa as pessoas se contentam com pouco. Eu próprio já tenho saudades dos belos dias de praia que passei em Setembro. Mas, como outros melhores que eu têm dito e proposto, o Alentejo pode vir a ser mais do que um destino turístico de lazer. Pode ter uma Universidade em Évora (sem dúvida, contra a vontade das outras Universidades portuguesas), com um campus como a Mitra, onde estudantes de todo o mundo venham fazer os seus estudos e doutoramentos.
Do outro programa que vi nesse dia, que foi um filme chamado “A rapariga do café”, falarei mais tarde.
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