domingo, 29 de outubro de 2006

COMENTÁRIOS EM PÉ DE PÁGINA - RUBRICA DE ANTÓNIO BERBEM

Há que fazer pela nossa parte com que o Alandroal, seja a melhor terra do mundo, mas para isso é preciso mexer nas coisas, mexer com as pessoas e ter à mão de semear os melhores. E aqueles que a AMAM!

Costumes e traços psicológicos. Observação das gentes e dos seus hábitos, curiosidades e exercícios da mais pura nostalgia, reconheçamos que de Terena até Juromenha e da Mina ao Alandroal existem memórias, diversos materiais e fontes históricas com inegável valor documental. E temos de aceitar que, pelo facto de sermos destas paragens alentejanas, devemos manter-nos atentos tanto à sua importância cívica e cultural como afectiva… em aberto exercício da cidadania. Sem o uso de disfarces que escondem mal, insensibilidades e incompetências várias.
E tudo o resto que numa lógica centralista e restritiva do exercício da “autoritas” não se vai sabendo nem vendo.
Confessemos também uma outra verdade: muitas vezes, pensa-se melhor nestas coisas quando estamos em grupo(s) conversando e só assim, Avivando memórias, sentimos o que é estar continuamente regressando, continuamente em comunicação. Continuamente presentes… entre as nossas gentes.
Quantos de nós, alandroalenses nascentes, não gostamos cada vez mais do riso, da graça e de aprofundar um certo Fascínio pela vida culturalmente diversa desta VILA? E quem, de entre os “marroquinos”, não se pôs já à conversa para recordar com prazer: a(s) Taberna(s) do Lica, com direito a bebedeiras «personalizadas»; as Mercearias com “avio e folha individualizada”; as carpintarias, mestres Zé e as tertúlias em barbearias com a bola/ luzidias barbas uma vez à semana.
E que mais? E que mais há para contar?...
A arte de Conversar e Contar foi sempre, aliás, um dos mais belos ofícios que aqui cultivámos por todas as Arcas da Fonte, certamente também existentes um pouco por todo o Concelho. Nisto, parece-nos mesmo que conversando “Choupal abaixo” foi concerteza um modo de nos prepararmos, antecipadamente, para a discussão, ensaio e uso de irreverentes liberdades que ainda não existiam até aos inícios dos Anos 7O.
Fomos amigos, fomos cúmplices desde meninos em trocas de leituras e artes da conversação que já David Hume considerava o alicerce de uma sociedade civilizada e Adam Smith ou mais recentemente Karl Popper haveriam de colocar no centro e como marca distintiva das tradições ocidentais da Sociedade Aberta. Na senda do papel superiormente desempenhado pela Atenas comercial e marítima dos tempos de Sócrates… O grego, claro está.

SEM MEDO

Conversar livremente tudo e sem hipóteses de ter medo é, sem dúvida, UMA FORMA de CULTURA, um caminho essencial que requer sensibilidade, uma certa arte e apenas participativa disposição para o diálogo. Ou seja, é uma das melhores maneiras de o passado se tornar Presente e orientador do futuro. Aqui em Landroal, herdeiros que somos de Pêro Rodrigues e D.L. Sequeira. Uma evidência e um património que se torna urgente ser trabalhado e lembrado.
O desafio é passar um pouco de tudo isto à prática e perceber como é que, nesta terra, vamos tornar visível e amplamente divulgada, a galeria notável de Personagens, Lugares do Alandroal e prazeres do Concelho até ao dia em que houver, de facto, alguma e mínima concretização.
Por onde começar? E que tal, Autarquia e vereação, centrar uma primeira ideia e acção na edição em suportes actuais e em Livro, por exemplo, com Entradas de Uma Página dedicadas às Figuras que se inscrevem e integram a TOPONÍMIA do Alandroal e do Concelho? Confirmem e verão que a coisa sairá sempre mais baratinha do que conservar sal em cubas, presumindo que os “impostos” locais nunca pagam nada.
Que tal, se o plural dos responsáveis pela Concelhia vereação da cultura, tivessem já em 2OO7, a ideia de Animar/promover/debater/distribuir, por ocasião das Festas Locais, o que acima foi indicado?
O Alandroal tem na sua toponímia nomes importantes e célebres. E Terena não os terá também? Juromenha começa ou não, pelas razões que se facilmente se adivinham, a precisar de cuidar da sua Imagem histórica? A Mina e as Hortinhas não têm memória? Santiago Maior poderá ficar de fora?...
Porque é que não se faz? E do que estão, afinal, à espera Aqueles que, uma vez eleitos, metem no bolso de trás… as promessas que, às vezes, migrantes sem paixão, nem verdadeiro compromisso com a terra que somos e sem se aperceberem por Aqui de mais nada …fizeram. E assim, vão continuando, de betão em betão, sem terem um espelho criativo e responsável por perto e à mão de semear?

António Neves Berbém

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