segunda-feira, 3 de maio de 2010

CRÓNICA DE OPINIÃO DA RÁDIO DIANA/FM

Transcrição da crónica diária transmitida aos microfones da :http://www.dianafm.com/

Miguel Sampaio - Celebramos o 25 de Abril


Segunda, 03 Maio 2010 10:21
Celebramos o 25 de Abril, festejamos o 1º de Maio, numa altura bem complicada, em que a maioria dos Portugueses vive uma vida difícil, sem nenhuns motivos para festejar o que quer que seja.
O poder de compra reduzido, o desemprego a aumentar, a justiça desmantelada, no auge de uma luta corporativa sem fim à vista. O país sujeito a ataques de especuladores que vêem o mundo como um tabuleiro de monopólio. Ou seja o estado de descrença é tal, que a revolta se instalou na mente das pessoas. Mas quando a revolta se instala, a lucidez desaparece e chegam as reacções desgarradas, as atitudes irreflectidas, manifesta-se o pior de nós.
Para agravar a situação somos governados por um executivo em total descontrolo e temos como garante da constituição um homem que é em grande parte um dos responsáveis pelo estado lamentável a que este país chegou.
Criou-se o mito do privado. No sector público não se trabalha e, quando tal acontece trabalha-se mal. Só o privado pode dar uma resposta eficaz às necessidades da economia. Daí decorre que tudo é privatizável, da saúde ao ensino, da banca aos seguros, da electricidade aos recursos hídricos, enfim, onde se vislumbra uma possibilidade de lucro, uma hipótese de negócio, lá surge a bandeira da privatização, a ladainha da eficácia.
Esquecemo-nos que este país depois do 25 de Abril recebeu e absorveu centenas de milhares de refugiados vindos das ex-colónias, alfabetizou quase toda a população, reduziu para níveis de excelência o flagelo da mortalidade infantil, esbateu barreiras sociais, que, infelizmente se voltam a manifestar, entre muitas outras conquistas. Seria isto possível num regime de capitalismo selvagem, como o que agora impera? Será que tudo isto foi fruto das privatizações?
É bom que tenhamos presente que o nosso bem-estar vai muito além do poder de compra ou do estatuto social, é bom lembrar que o que está na base de qualquer sociedade não são os números ou as empresas ou quaisquer transitórias noções de sucesso; são as pessoas, nós e os nossos filhos.
Aproximam-se tempos complicados, e há quem queira dividir para reinar, criar ilusões de sucesso, para nos agrilhoar ainda mais a uma vida cinzenta, sem saídas que não sejam os ordenados de miséria os cortes nos subsídios, nas reformas nos direitos que conquistamos.
Há quem viva da privatização dos bens essenciais, como a água por exemplo; seja a controlar a sua distribuição seja a transformar numa piscina privada o maior lago artificial da Europa e a encher de oliveiras a terra secando-a, tornando-a improdutiva a médio prazo.
Quando isto não der mais nada, abalam e vão para outro lugar, sempre foi assim, porque haveria agora de ser diferente.
O Zeca dava-lhes um nome:
Vampiros!!!

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