ALANDROAL - UM MOMENTO ESPECIAL-UM PASSEIO-UMA PAISAGEM DESLUMBRANTE!
Nos arrabaldes, com os campos verdes floridos, aqui e ali alguns montes habitados, por entre os raios resplandecentes do sol, onde o gado e os passarinhos denotam a sua diferença matinal, apenas pelo nível ou desnível de linha no horizonte, como que de pedrinhas de dominó se tratassem e até mesmo, atravessassem os nossos sentidos, ainda que estreitos no despertar daquela madrugada alentejana de Primavera.
Serpenteando por entre o verdejar humidificado da maresia, onde a esteva, o funcho e as silvas se miravam amigavelmente, e ao mesmo tempo entre si faziam sala e se cumprimentavam, perante os chaparros e as oliveiras que comungavam daquela monotonia costumeira, enquadrando os eucaliptos altaneiros á beira do regato seco e de águas fugidias, convidando as pardalocas e os melros empoleirados, ao tratamento da barriguinha e ao mesmo tempo a molhar o bico acalorado.
Tão numerosas eram as veredas por entre o verdejar á distância que mais lembravam um puzzle, que se tornaria talvez necessário esperar pelo Verão para se poder compreender a necessidade de tão complicada rede de caminhos de mato e os altos e baixos-relevos do solo a meus pés.
Enquanto por aqui andava, muito me lembrei daqueles carreiros desenhados no solo. Cerros através dos quais, ao que parece, muita gente se teria envolvido, em poucos minutos distraídos por completo, ocultando-se totalmente da própria existência.
O céu, porém, acima das poucas nuvens, conserva-se azul e límpido, a ligeira névoa da madrugada, a pouco e pouco foi-se afastando para norte, e logo ali me vi rodeado por verdejantes colinas, aqui e ali de searas e pousios, onde a tranquilidade do zumbido da aragem, me deliciava e me levava a ocultar as incertezas, maus presságios e medos, numa predisposição risonha, para um quadro da mais perfeita e serena paz.
Não era o tempo claro e cheio de sol, que mais favorecia a paisagem das montanhas, com aspectos infinitamente variados, com nevoeiros, chuvadas e brumas que lhe dão grandeza e logo de seguida a diminuem, nem era o caso, pois as planícies alentejanas não se caracterizam com tais desníveis, a não ser a Serra d ’Ossa.
Em sentido contrário é domínio dos nossos hermanos de Espanha, isto é… posso fazer um parêntesis com um caso bicudo e para tal perguntaria com altíssima efusão a quem comanda e sabe destas coisas deste lado, visto que de Espanha já sabemos a resposta: Olivença foi ou ainda é portuguesa? Como e quando será resolvido tal imbróglio conjuntamente com tibiezas encobertas, que conduzem ao deixa para lá….
Continuando sem ligar a desaforos, eu que estava na maior, experimentando e buscando interiormente raciocínios rectilíneos, vendo rosas e flores em abundância, em terrenos bem conhecidos e cobertos de mil cambiantes, onde a luminosidade se altera a cada instante, com os cenários inconstantes, quer de luz quer de cheiros e cambiantes, conforme a hora e a disposição e delicadeza com que cada um a abraça e saboreia.
Não necessitando de mais pintar a manta visual, que qualquer pintor ou poeta são capazes de o fazer, para a descrição fiel deste paraíso profundo e amante da paisagem, confessando que a tarefa sobrepuja tudo o que se possa imaginar, dadas as possibilidades de verdadeira arte.
Nesta vereda quase a chegar ao fim, aparece uma pequena escarpa tortuosa, onde a cobertura da seara dá lugar a cobertura de flores de todas as pintas e cores, com cheiros onde o loureiro e o jasmim se entrelaçam, dividindo os campos de cultivo.
Solidário se encontra á descoberta, o quadrilátero relógio no cimo daquela torre do velho castelo, fazendo parte do triunvirato deste concelho, na raia alentejana, que dá pelo nome de Alandroal.
JPBR10428
1 comentário:
Entrosei-me de tal meneira com a
leitura deste texto, "com a descri-
ção fiel deste paraíso",que, por
momentos, tive a nítida sensação de
também lá estar a disfrutar de toda
essa Maravilha!!!...
Conseguiu também deixar-me extasiada perante tanta Beleza.
Não tenho dúvidas que tanto um
Pintor como um Poeta, mesmo sem
visualizarem, fariam "Algo" de muito Belo.
Muito obrigada por esta delícia.
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