quarta-feira, 22 de maio de 2019

A PROPÓSITO DE UMA FOTO

Descaradamente “gamei” esta foto ao meu amigo Cabé do seu facebook “Cordel das Decimas”, porque a mesma, logo que a vi a ilustrar mais um dos seus magníficos poemas, despertou em mim um sentimento de nostalgia que fez com que na minha memória se avivassem recordações da infância, que gostaria de partilhar em especial com todos os amigos da minha geração, para juntos revivermos alguns momentos da nossa juventude.
Ao observar a mesma ressalta-nos de imediato a lembrança das três já desaparecidas palmeiras que constituíam um verdadeiro ícone da nossa Praça. Ainda no Jardim das Meninas a frondosa vegetação que ladeava a única entrada no mesmo. Mereceram a pena as modificações? Mereceu a pena a construção do imóvel ali construído e que até hoje não lhe foi reconhecido qual o fim para que foi destinado?
Já na Arca da Fonte regala-nos ver ainda ali colocadas as estatuetas há tempos roubadas e até à presente data não recuperadas ou tão pouco substituídas por algo parecido.
As “pedaleiras” que nos fazem acudir à memória o Tóico, o Zé Tadarra, que percorriam o trajecto desde o Alandroal até Santiago Maior transportando o saco com o correio, ou até mesmo o Domingos Cachamela que utilizava veículo idêntico para distribuir os telegramas.
Impossível deixar de recordar as “barraquinhas” onde o Torcatinho aviava os “mata-bichos” e a velha Sequeira nos presenteava com as castanhas assadas, logo pela manhã quando se ia às “bancas” ali colocadas adquirir os bons produtos das hortas que a água do giro alimentava. Era ali o nosso mercado!
Impossível deixar de reparar no candeeiro electrico colocado ao centro e que dava “choque”, constituindo um verdadeiro desafio tocar-lhe, o que não invalidava que os mais valentes (ou malucos) o não fizessem.
No poema que justifica a foto escreve o Autor:
Silêncio… era o som que mais se ouvia
Naquela casa parada, de paredes mortas,
De muitas janelas e outras tantas portas
Fechadas, pra que não entrasse luz do dia.
Desconheço se a referência é a casa, onde por certo o poeta passou muito tempo da sua juventude pois pertencia a mesma ao Doutor Matias, seu avô. Mas se é, permita-me o Cabé discordar pois das janelas da mesma podia-se disfrutar de um dos locais mais belos e emblemáticos do Alandroal. Refiro-me ao Cidral, local de rara beleza, digno inclusive de sítio escolhido para repouso e descanso de Rei e Rainha e respectiva Corte – D. Carlos e Dona Amélia, e onde existia uma fonte que deu azo ao conhecido refrão: “Quem come figos de Carambô e bebe água do Cidral, não mais esquece o Alandroal”.
Já agora, se me é permitido, não posso deixar de fazer uma referência à Dona Mila, que ali habitava, e cuja apetência musical nunca esquecerei. No tempo da Rádio Catá, teve a amabilidade de me contactar e me emprestar grande quantidade de discos e casastes dos mais variados artistas da época para os mesmos serem difundidos para todos os que nos escutavam.
Sabe bem reviver o passado…
Chico Manuel






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