HISTÓRIAS DO TÓI DA DADINHA

Á ESPERA DOS ROMEIROS…da “Festa dos Prazeres”

Durante os anos 40/60 do século passado a tradição de “IR Á ESPERA DOS ROMEIROS” era religiosamente cumprida a caminho dos arrabaldes do Vale dos Andorinhos e dos Telheiros, hábito que tendencialmente se retirou dos usos e costumes dos patrícios de Pêro Rodrigues.
Individualmente, em família ou em grupo e acompanhados dos possíveis “farnéis” era elevado o número de pessoas que assim procedia, por vezes tantos quantos tinham ido á Festa, aguardando pelo regresso dos Romeiros e deglutindo, simultaneamente, o que para tal havia.
Àqueles “muitos”, cuja jorna lhes não facultava farnéis, com alguma dificuldade conseguiam encontrar “no fundo do bolso” parcos centavos para bebericar um copo(s) de vinho, que disfarçavam com tremoços e/ou “ervilhanas” nas barracas! cobertas com “laraus” da apanha da azeitona instaladas nos terrenos do Vale dos Andorinhos (uma ou duas).
Vem este intróito a propósito porque eu e o José Maria do Céu, vizinhos na Rua do Hospital, lá fomos também num certo ano (1957?) á Espera dos Romeiros munidos de um pequeno lanche que as nossas mães tinham preparado.
O tempo foi passando, aproximava-se o final da tarde…e, também, da possibilidade de irmos mesmo á Festa.
Tomei então a decisão de ir, não corroborada pelo Zé do Céu. Ficou.
E lá vou eu A PÉ, até Terena.
Quase ao pôr-do-sol estava junto á Boa-Nova e, mal chegado, sem ver alguém conhecido etc., etc. pensei: E agora? Como voltarei a casa e a que horas?
Invadia-me algum temor mas, quando me propunha voltar de novo “A PÉ” eis que, junto ao cemitério vejo uma carroça que aguardava um dos ocupantes “que tinha ido DAR DE CORPO ali por perto”, segundo me disseram.
A viatura pertencia ao velho Rosado (avô do António João Galhardas) que a emprestou ao seu carreiro (que se chamava Porfírio, salvo erro).
O BENEMÉRITO PORFÍRIO…deu-me boleia e assim regressei na companhia dos restantes 5 ou 6 passageiros que, desnecessário é omitir, ESTAVAM COLECTIVAMENTE BÊBEDOS.
Queria eu lá saber. Interessava-me era regressar a casa, o mais depressa possível…
Iniciada a viagem passamos por Terena, eles sempre cantando (o melhor anti depressivo que jamais tomei). Chegados á Ponte, o Carreiro puxa repentinamente as “arreatas” á besta e com os Aí, Ò, macho dum cabrão, etc. e tal, a carroça parou. A seguir manda um berro: Tudo pró chão!!!.vamos arrancar ramos de árvores para “enfeitar” o carro.
Cumprida a ordem reiniciou-se a marcha sob forte algazarra na viatura, de cante e de copos.
Chegados aos Telheiros ainda houve mais uns copitos de confraternização e «por a viagem ter decorrido com normalidade» (a carroça não tombou, como invariavelmente todos os anos acontecia).
Porém, algo não menos grave estava para acontecer.
Continuando.
Antes de entrarmos no Alandroal o carreiro avisou: Olhem que o macho É MALUCO!!!. Se alguém manda algum assobio dos fortes ao pé dele O GAJO DISPARA. Vejam lá!!!. E lá seguimos.
Entramos pelo Choupal, subimos a Praça e, quando o Porfírio intentava a entrada do veículo para o quintal do patrão, então não é que alguém assobiou com tal violência que o animal enfiou a galope pela Rua do Dr. Carvalho e só parou “enfeixando-se e á carroça” na parede do quintal do Mestre “Sofrino”. Ninguém ficou mal.
Para além da “sova” que levei á chegada e das pressões vividas nesta pequena aventura, NÃO GANHEI PARA O SUSTO.
Abraços para todos
Tói da Dadinha