domingo, 25 de abril de 2010

COLABORAÇÃO - DR. JOÃO LUÍS NABO

ABRIL SEMPRE

Comemoramos hoje a Revolução de Abril. Uns olham-na com nostalgia, com vontade de regressar aos tempos em que os ideais de Abril eram gritados vinte e quatro goras por dia; outros, com uma dúvida profunda sobre se terá valido a pena, sentindo que os tempos de hoje envergonham tudo por que tantos lutaram na clandestinidade. Pois, não deve ser olhada nem de uma maneira nem de outra. Os movimentos e as revoluções têm o seu tempo próprio e as motivações próprias que os fazem evoluir até à sua concretização. O fundamental, em 1974, era libertar o país do jugo de um ditador que tratava Portugal como uma enorme herdade, onde todos tinham de pensar pela cabeça do Capataz, sem liberdade de movimentos, de expressão e de vontade.

Todos os anos comemoro Abril, contando aos meus filhos o terror com que muitos portugueses viviam antes dessa data. E acabo sempre por falar de montemorenses presos em Caxias ou no Forte de Peniche, porque queriam um país onde todos tivessem trabalho, comida, uma casa decente e liberdade de opinião sobre a sua própria vida e a vida dos seus filhos, sobre o país e os seus governantes. É inevitável, pois, recordar o António Gervásio, o Manuel João Laibaças (tio do meu sogro) e o meu amigo João do Machado, com quem já tive o prazer de conversar várias vezes sobre os seus ideais e a sua luta política. Sabemos que, para os nossos filhos e para os que nasceram em liberdade, não é possível entender a profundidade da diferença entre o ontem e o hoje.

O ontem era a mordaça e o Tarrafal. Hoje podemos não gostar do Governo, criticar José Sócrates e os seus amigos, mas terror, esse substantivo que encerra o mais indescritível sentimento que podemos ter, terror não há. E quando reclamamos por melhores condições na Educação, na Saúde, quando exigimos mais emprego, mais justiça social e a condenação dos corruptos e dos criminosos, independentemente da cor do seu colarinho, nenhum de nós vai preso por causa disso. E essa continua a ser, ainda, a maior conquista de Abril.

João Luís Nabo

5 comentários:

  1. " O fundamental, em 1974, era libertar o país do jugo de um ditador"
    -O coitado, por acaso até já tinha falecido, e, o Marcelo Caetano estava a fazer a transição, de forma moderada, de ditadura para democracia.
    -Infelizmente, essa transição não era do interesse de alguns "senhores", que almejavam ser donos de portugal. E assim o conseguiram graças ao 25 de abril e tudo aquilo que trousse de bom para portugal, tal como a nossa propria destruição economica, e politica.
    -Esqueçam de uma vez por todas a "fabula" de que o 25 de abril nos libertou das mãos de um tirano, por sinal já defunto, porque é MENTIRA, só abriu foi as portas aos outros tiranos que não interessavam minimamente ao país, como têm vindo a provar ao longo destes longos 37 anos.

    Felizes comemorações para todos, que a mim só me entristessem.

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  2. Espectáculo de dia 24 de Abril, engraçado mas para uma noite de verão ou outra qualquer festa, mas sem o mínimo de conteúdo para as comemorações de Abril, e muita pouca gente infelizmente.
    É engraçado que com tanta falta de dinheiro, tenham pago uma pipa de massa para tal espectáculo mediano, mas fora de contesto, e que tenham levado as pessoas a jantar ao restaurante mais caro cá da terra, digo isto porque ouve aqui uma verdadeira MUDANÇA, o que é coisa rara por aqui.
    Para quem contestava que os artistas eram muito bem recebidos, ainda á poucos meses atrás, a mudança é radical, e ainda bem, porque se deve receber bem as pessoas até quando vem ganhar bom dinheiro, são as boas regras de educação que o dizem.
    Criticar é fácil, mas fazer é mais difícil e só ao alcance de quem tem competência.

    Velhinho da Praça

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  3. Se tivesses começado a trabalhar aos 8 anos de idade como eu, descalço, cheio de fome e frio, e isto durante muitos anos, não falavas com tanta admiração pelo defunto, e seu seguidor, de facto não se vive bem, mas comparar o qualidade de vida depois do 25 de Abril, para antes, para a maioria do povo português é como comparar o olho do c com a sé de Évora.
    Devias ser latifundiário e agora estás teso como todos nós, é bem feito para aprenderes, cada um tem a sorte que merece.

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  4. Olá amigo João Luís

    Costumo encontrar-te noutras lides bem mais amenas e agradáveis aos sentidos.
    Aqui a música é outra. E sempre te respondo.
    Não deixas de ter razão quanto ao 25 de Abril, mas neste momento, o que eu queria mesmo...mesmo, era celebrar outra data que assinalasse o derrube desta corja de gatunos que por aí grassa à fartazana. É um fartar vilanagem que ninguém se entende; é imoral!
    Estes sacanas é que dão origem a que alguns queiram deturpar o que foi o 25 de Abril. O amigo do post de cima diz que cada um tem o que merece. Não sei. Se assim fosse os nossos governantes actuais estavam leprosos na carne. Assim, só o estão no espírito.
    É como alguém disse: "é um país de bananas governado por sacanas".
    Olha! resta-nos a dignidade da nossa consciência. Essa ninguém ma rouba!
    Um abraço do Algarvio para o amigo Nabo e para todo o Alandroal, uma das terras das minhas origens, com muito orgulho.
    Alferes Pereira

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  5. Viva, Tó!
    Não deixas de ter razão. Olhamos para o lado e ficamos sem saber em quem confiar. Pelo menos sabemos em quem não podemos nunca confiar: em José Sócrates e na corja que o apaparica com segredos e... faltas de memória convenientes. O nosso Alentejo está diferente. Mas ainda cá moram tipos de barba rija que, mais dia menos dia, ainda vão tomar Lisboa!! Um forte abraço! E achei curioso que me tivesses encontrado aqui no Blogue no meu Amigo Francisco. Mas gostei do encontro, claro!!

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