quinta-feira, 11 de outubro de 2018

A CRONICA DE OPINIÃO TRANSMITIDA HOJE NA RÁDIO DIANA/FM


                                                                                                    EDUARDO LUCIANO
        O ÚLTIMO ORÇAMENTO, A MEMÓRIA OU A FALTA DELA
A discussão do Orçamento de Estado tem ocupado uma pequena parte da agenda mediática, mais ocupada com alegados crimes, gastos de um treinador de futebol em alojamento, má utilização de alojamentos atribuídos a militares, a alegada pré falência de um clube de futebol ou se o pasodoble é um estilo musical ofensivo.
Ainda assim, é possível ter algum vislumbre de propostas e críticas ao documento em preparação tomando como base intervenções de responsáveis ministeriais e eventuais fontes próximas de alguém detentor da informação.
Neste processo de pressão e discussão, o PCP assume naturalmente a defesa dos avanços na recuperação de direitos e rendimentos por parte dos trabalhadores, valorizando tudo o que foi alcançado depois dos quatro anos em que a direita cortou de forma cega rendimentos do trabalho e onde se verificaram os maiores atentados contra os serviços públicos.
Assumindo claramente que os grandes problemas estruturais do país se resolvem com uma clara ruptura com as políticas seguidas pelos governos do PS, PSD e CDS, não deixa o PCP de lutar por novos avanços no actual quadro político.
A direita começa a reagir por antecipação, começando desde já a cantar a canção do orçamento eleitoralista pressionando o governo em sentido contrário, pretendendo amarrar as opções tomadas às políticas prosseguidas pelo governo PSD/CDS.
O governo minoritário do PS parece preparar-se para o exercício de, à boleia da pressão da acusação de eleitoralismo, de conter até onde for capaz a justa exigência de inscrever no orçamento de 2019 as propostas que signifiquem um efectivo aprofundamento do caminho dos avanços para uma maior justiça na distribuição da riqueza produzida, um maior investimento no serviço nacional de saúde e na escola pública e uma libertação do dogma da redução do deficit.
Veremos até onde é possível obrigar o governo a ir, porque uma coisa é certa e o histórico dos governos do PS confirma-o: só obrigado pelas circunstâncias não cai no seu caminho natural que é prosseguir com a política que valeu a construção do velho arco da governação.
Já agora deixem-me dizer que não tenho nenhuma opinião sobre acusações sobre supostos crimes por julgar, não me interessa saber onde dorme um treinador de futebol na cidade de Manchester, as contas dos clubes de futebol não me suscitam nenhum tipo de entusiasmo e quanto ao pasodoble… não faz parte das minhas escolhas musicais habituais.
Até para a semana



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