quinta-feira, 12 de abril de 2018

CINEMA - TEMATICA: PRESIDENTES USA

Gustavo Menendéz (1920-2003): Realizador e Argumentista de cinema, mexicano de nascimento, naturalizado norte-americano em 1940, mesmo a tempo de ser mobilizado pela Marinha dos Estados Unidos, durante a 2ª Guerra Mundial. Prestou serviço militar no Pacífico Sul, na área de cinema da Navy. Pois é, foi ele quem filmou muitos daqueles desembarques que nós agora vemos nos mais variados documentários. Antes disso, já adolescente, fizera figuração em Hollywood, sempre em filmes de terceira categoria. E sempre mal pago, como são sempre os figurantes. No fim da década de quarenta, vamos encontrá-lo já como elemento activo no cinema independente dos Estados Unidos, isto é, numa área em que os mandões da indústria não mandavam. Mas --- nestas coisas há sempre um mas --- foi por essa altura que apareceu um tal “Comité de Actividades Anti-Americanas”, criado pelo Senado dos Estados Unidos da América, para avaliar e punir, sendo esse o caso, a extensão e forma como o comunismo penetrara no mundo do cinema. E foi aí que começaram as chatices deste Gustavo Menendéz. Mas não é para falar dessas chatices que aqui se escreve sobre este cineasta. Esse aspecto apenas aqui se aflora, porque no intervalo dos tribunais, e do entra e sai da cadeia, o homem ainda teve tempo para realizar vários filmes, de média duração, que contavam episódios avulsos da vida de vários presidentes da América.
Desde logo, o dedicado ao presidente da época: Harry Truman. Harry Shippe Truman, de seu nome completo, 33.º Presidente dos Estados Unidos de América.

Título Original: “Conferência de Potsdam”
Titulo Português: (o filme não passou comercialmente em Portugal e nunca encontrámos um título luso)
Ano de Produção: 1954
Realização: Gustavo Menendéz
Argumento: Gustavo Menendéz
Música: Raoul Clarck
Elenco: Henry Godfrey, Walt Hodgson, Jacob Welles…
O filme tem 60 minutos de duração e por isso lhe damos a designação de média metragem.
É muito simples o que o autor pretende: Mostrar-nos como se comportou Harry Truman na conferência de Potsdam, em que também estiveram presentes Winston Churchill, em representação da Inglaterra e Joseph Stalin que representava a União Soviética. Os Estados Unidos da América, a Inglaterra e a União Soviética tinham sido, como se sabe, as principais potências aliadas que derrotaram a Alemanha, cuja rendição incondicional se dera uns meses antes. (a França, por indicação dos americanos, não tinha sido convidada para esta reunião, para grande indignação do general Charles de Gaulle, atitude que durante o resto de toda a sua vida o general não esqueceu e jamais perdoou aos americanos).
Potsdam é uma cidade alemã que se situa a sudoeste de Berlim e foi escolhida pelos Aliados, para esta conferência, pela sua centralidade em relação ao território alemão. E ali ficou decidido o desarmamento e a desnazificação da Alemanha, assim como o julgamento, em Nuremberg, dos criminosos de guerra, entre outros assuntos.
Tudo isto nos mostra o filme. E mostra muito mais. Mostra que os líderes aliados ficaram muito bem instalados, ficaram no palácio de Sans-Souci, que data do século XVlll, antiga residência dos reis da Prússia.
E a cena final é de antologia: depois da última reunião, foi servido um beberete nas varandas do palácio para todos os conselheiros, para toda a generalada presente e para todos os acompanhantes e, estando o Stalin lá no seu canto, acendendo um daqueles cigarros de tabaco preto muito fortes que ele costumava fumar e com um copo de vodka à mão, aproximou-se dele o presidente dos Estados Unidos para lhe confidenciar que o teste experimental do rebentamento da primeira bomba atómica tinha corrido muito bem lá para deserto do Novo México. Esperava com esta provocação assustar o velho bolchevique, mas este, sem mostrar surpresa, respondeu que já tinha essa informação e acrescentou que a sua bomba também estava prestes a sair. Era só uma questão de meses. (Mas essa resposta era apenas uma gabarolice de Stalin, pois a bomba soviética não demorou meses a aparecer mas sim anos).
O que fica por saber é se a cara enjoada que Harry Truman fez – estamos a falar da cena do filme, bem entendido -- foi provocada por esta resposta, ou se foi mesmo de repulsa por ver aquele velho a fumar e a beber daquela maneira. Ele, que era convictamente abstémio, antitabagista militante e moralista praticante, para além de fervoroso crente da Igreja Batista Americana!
Excelentes interpretações dos três actores que deram vida às figuras de Harry Truman, Winston Churchill e Joseph Stalin. Quanto à realização está de parabéns pela fina ironia, não isenta de crítica política, que é detectável em todo o filme. E com uma boa dose de sarcasmo, convenhamos.

Rufino Casablanca – Monte do Meio – Novembro de 1997  


1 comentário:

Anónimo disse...



OBS.


Adiantaria a este texto ilustrativo que conforme está investigado,

sabe-se que a primeira bomba atómica da URSS teve uma ajuda

tecnológica oportuna dos USA. O objectivo era, aliás, claro: assegurar

o condomínio bipolar do vasto mundo, ficando este em cada uma das suas

metades, sob a protecção das duas unicas superpotências com poder

atómico.

Daí a emergência das duas Europas, duas Alemanhas, as duas Coreias

etc. Do liberalismo versus comunismo.

Cada uma destas partes garantindo assim a sua segurança contra um

eventual ataque atómico inimigo, no contexto da longa Guerra Fria que

viria a seguir-se. Prevista e mapeada por Estaline e Roosevelt .

Saudações


ANB