sexta-feira, 19 de janeiro de 2018

DIREITO À OPINIÃO _ António Berbem

   A  Horta onde se anda à Chuva de Boca Aberta
I   -      A Horta
No Alentejo, como em todo o país, percebe-se com grande simplicidade que uma quinta tem sempre valores e áreas superiores às de uma horta. A horta ou o quintal estão mais virados para a criação de temperos tendo em conta o leque de açordas que temperam e vamos tendo à disposição.
As Quintas convencem e alargam o olhar. Quanto às açordas se, por exemplo, o pão não é bom é difícil tê-las por apetitosas. Os ingénuos no entanto acreditam em tudo para, em seguida, sofrerem as desilusões do costume. É um quase hábito politico e social!
A culpa, porém, não será tanto dos ingénuos. Será, isso sim, dos mentirosos. Assim como, também não será sequer dos renitentes que têm sempre uma pequena vantagem: procuram pensar duas vezes para não serem enganados três ou mais vezes.
Eis a questão e não haja ilusões que é o que vai existindo por cá, em abundância. O que vem detrás, o que está em preparação e o que vai suceder-se é uma golpada. Por mais que o uso desta palavra feia cause irritação e desqualifique o(s) partido(s) (na parte em que descuram o seu passado)  e quem as vai praticando.  
Como não precisamos de mencionar nomes, mas seríamos livres politicamente de o fazer, cada um que tire as ilações locais que entender, sem ser à moda “da falsa independência” que, os centro campistas, apresentam num jogo de matraquilhos.
 II -      As Patranhas
De eleição em eleição, de vez em quando, o povo (esse conceito cada vez mais vago) descobre com espanto que, na maior parte dos casos, e um tanto tardiamente uma grande parte dos políticos, senão a maior parte, defendem os próprios interesses e não o chamado “ e mítico” bem comum.
Num país pequeno, são cada vez mais frequentes os que apenas vivem da politica. É um bom emprego, não se ganha mal e garante continuidades e mordomias cúmplices.
Há dias, tivemos a lei do financiamento dos partidos (discordo da posição do Partido Socialista, da CDU e do Bloco de Esquerda). Antes tivemos o escândalo das subvenções vitalícias dos deputados.
Não sabemos (porque nunca o poderemos saber) se os políticos são todos iguais. Acreditamos que não o sejam. Todavia, a única coisa que sabemos é que, alguns, tanto a níveis nacional como local, simulam e disfarçam bastante mal essa diferença.
 Mal perdem lugares, a pretexto de servirem o dito povo, eles aí estão na calha para os reconquistar. Sem luto e sem expulsarem o seu próprio nojo.
Isto sem repararem que, por um dever do ofício, por inclinação e, outras vezes, por calculismo e incompetência, os políticos sempre mentiram. Uns mais outros menos. Faz parte da natureza.
A diferença, a grande diferença está em que até há uns tempos, a mentira implicava um certo esforço, alguma sofisticação e um esboço de enredo com qualidade. Não sendo assim, o país esse continua à mercê das  patranhas profissionais.
  Esperemos que isso aconteça cada vez menos. Antes que o povo venha a descobrir que foi novamente enganado e que pode ter de rectificar o seu voto e as suas escolhas. É o seu primeiro e ultimo direito constitucional.
Por outras palavras: é sempre triste sermos burlados por mentirosos. Mas é ainda mais ingrato,  sermos enganados por pequenos trastes e falsos príncipes sem grande talento.
Ou apenas com talentos por demais esperados e previsíveis!
III  -   A Corrupção
 Vamos dizer de uma forma bastante abreviada que a guerra e a corrupção são duas grandes doenças civilizacionais. Bastante antigas e sempre modernas na vida das comunidades. O Império Romano caiu por isso mesmo. Ninguém já fazia “a ponta de um corno” e todos queriam “put@s e vinho verde a jorros. Do imperador às suas mercenárias hostes militares.
A corrupção é, por conseguinte, um mal transnacional com incidências graves internacionais, nacionais ou locais. Estados há que são completamente corruptos e falhados. Autarquias também já não faltam.
Quanto a Portugal , o panorama não é dos melhores e a dita doença tende  a agravar-se cada vez mais. É preciso também reparar que quando um país é pequeno e frágil, as pessoas tendem, obviamente, a não crescer no plano da anti- corrupção, da ética e da moral.
 Por outro lado, é preciso acentuar que “o fenómeno da corrupção” exige sempre os dois polos: o corruptor e aquele que se deixa corromper. Tão corrupto é  o que corrompe quanto o que foi corrompido. Aqui parece-nos que não há mesmo outra saída sadia.
 Dito assim, o que se passou no Alandroal, era totalmente dispensável e não devia ter acontecido. Roma enquanto sede do Imperio tinha, aliás, uma regra que apesar de tudo procurava praticar: aceitava a corrupção mas não pagava a vereadores traidores. Está nos livros imperiais.
  Postas as coisas neste pé, apresentamos os nossos sentimentos a quem andou a enganar o eleitorado. A quem se deixou enganar. A quem promoveu e previu o engano. E a quem vai sofrer as consequências de um acto impolítico, comediante e sem raízes fundas na vida local.
Este tempo que poderia ser novo, começa a pedir-nos uma vez mais posturas sãs e vacinas novas. Venham elas!
 Saudações Democráticas
   Antonio Neves Berbem
( 19 de Janeiro de 2018)
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1 comentário:

Martinho Roma disse...

Como é habitual a prosa não escapa, na forma, a um escrito que, salvo melhor opinião, raia a beleza da escrita. É apanágio deste amigo,sublime no ritmo e no acervo dos aspectos formais da escrita, com uma cadência que não necessitava de ter parágrafos titulqdos para encontrarmos o fulcro da questão!Entendi perfeitamente do que se trata mas não quero opinar sobre aquilo que conheço pela rama! Porém tenho a certeza que o TÓ ZÉ sabe o que diz ou, melhor dizendo, sabe onde quer chegar!Não sei se ele se quer "intrometer" na política activa ou se o faz para alertar os companheiros Alandroalenses par a a factologia política local! Com esta incerteza aqui deixo um abraço enorme, deste teu enorme amigo.
Martinho Roma