A
Horta onde se anda à Chuva de Boca Aberta
I - A
Horta
No Alentejo, como em todo o país,
percebe-se com grande simplicidade que uma quinta tem sempre valores e áreas
superiores às de uma horta. A horta ou o quintal estão mais virados para a
criação de temperos tendo em conta o leque de açordas que temperam e vamos
tendo à disposição.
As Quintas convencem e alargam o olhar.
Quanto às açordas se, por exemplo, o pão não é bom é difícil tê-las por
apetitosas. Os ingénuos no entanto acreditam em tudo para, em seguida, sofrerem
as desilusões do costume. É um quase hábito politico e social!
A culpa, porém, não será tanto dos
ingénuos. Será, isso sim, dos mentirosos. Assim como, também não será sequer
dos renitentes que têm sempre uma pequena vantagem: procuram pensar duas vezes
para não serem enganados três ou mais vezes.
Eis a questão e não haja ilusões que é o
que vai existindo por cá, em abundância. O que vem detrás, o que está em
preparação e o que vai suceder-se é uma golpada. Por mais que o uso desta palavra
feia cause irritação e desqualifique o(s) partido(s) (na parte em que descuram
o seu passado) e quem as vai praticando.
Como não precisamos de mencionar nomes,
mas seríamos livres politicamente de o fazer, cada um que tire as ilações
locais que entender, sem ser à moda “da falsa independência” que, os centro
campistas, apresentam num jogo de matraquilhos.
II - As
Patranhas
De eleição em eleição, de vez em quando, o
povo (esse conceito cada vez mais vago) descobre com espanto que, na maior
parte dos casos, e um tanto tardiamente uma grande parte dos políticos, senão a
maior parte, defendem os próprios interesses e não o chamado “ e mítico” bem
comum.
Num país pequeno, são cada vez mais
frequentes os que apenas vivem da politica. É um bom emprego, não se ganha mal
e garante continuidades e mordomias cúmplices.
Há dias, tivemos a lei do financiamento
dos partidos (discordo da posição do Partido Socialista, da CDU e do Bloco de
Esquerda). Antes tivemos o escândalo das subvenções vitalícias dos deputados.
Não sabemos (porque nunca o poderemos
saber) se os políticos são todos iguais. Acreditamos que não o sejam. Todavia,
a única coisa que sabemos é que, alguns, tanto a níveis nacional como local,
simulam e disfarçam bastante mal essa diferença.
Mal
perdem lugares, a pretexto de servirem o dito povo, eles aí estão na calha para
os reconquistar. Sem luto e sem expulsarem o seu próprio nojo.
Isto sem repararem que, por um dever do
ofício, por inclinação e, outras vezes, por calculismo e incompetência, os políticos
sempre mentiram. Uns mais outros menos. Faz parte da natureza.
A diferença, a grande diferença está em
que até há uns tempos, a mentira implicava um certo esforço, alguma
sofisticação e um esboço de enredo com qualidade. Não sendo assim, o país esse continua
à mercê das patranhas profissionais.
Esperemos que isso aconteça cada vez
menos. Antes que o povo venha a descobrir que foi novamente enganado e que pode
ter de rectificar o seu voto e as suas escolhas. É o seu primeiro e ultimo
direito constitucional.
Por outras palavras: é sempre triste
sermos burlados por mentirosos. Mas é ainda mais ingrato, sermos
enganados por pequenos trastes e falsos príncipes sem grande talento.
Ou apenas com talentos por demais
esperados e previsíveis!
III - A Corrupção
Vamos dizer de uma forma bastante
abreviada que a guerra e a corrupção são duas grandes doenças civilizacionais.
Bastante antigas e sempre modernas na vida das comunidades. O Império Romano
caiu por isso mesmo. Ninguém já fazia “a ponta de um corno” e todos queriam
“put@s e vinho verde a jorros. Do imperador às suas mercenárias hostes
militares.
A corrupção é, por conseguinte, um mal
transnacional com incidências graves internacionais, nacionais ou locais.
Estados há que são completamente corruptos e falhados. Autarquias também já não
faltam.
Quanto a Portugal , o panorama não é dos
melhores e a dita doença tende a agravar-se cada vez mais. É preciso
também reparar que quando um país é pequeno e frágil, as pessoas tendem,
obviamente, a não crescer no plano da anti- corrupção, da ética e da moral.
Por
outro lado, é preciso acentuar que “o fenómeno da corrupção” exige sempre os
dois polos: o corruptor e aquele que se deixa corromper. Tão corrupto é o
que corrompe quanto o que foi corrompido. Aqui parece-nos que não há mesmo
outra saída sadia.
Dito assim, o que se passou no Alandroal, era
totalmente dispensável e não devia ter acontecido. Roma enquanto sede do
Imperio tinha, aliás, uma regra que apesar de tudo procurava praticar: aceitava
a corrupção mas não pagava a vereadores traidores. Está nos livros imperiais.
Postas as coisas neste pé, apresentamos
os nossos sentimentos a quem andou a enganar o eleitorado. A quem se deixou
enganar. A quem promoveu e previu o engano. E a quem vai sofrer as
consequências de um acto impolítico, comediante e sem raízes fundas na vida
local.
Este tempo que poderia ser novo, começa a
pedir-nos uma vez mais posturas sãs e vacinas novas. Venham elas!
Saudações Democráticas
Antonio Neves Berbem
( 19 de Janeiro de
2018)
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1 comentário:
Como é habitual a prosa não escapa, na forma, a um escrito que, salvo melhor opinião, raia a beleza da escrita. É apanágio deste amigo,sublime no ritmo e no acervo dos aspectos formais da escrita, com uma cadência que não necessitava de ter parágrafos titulqdos para encontrarmos o fulcro da questão!Entendi perfeitamente do que se trata mas não quero opinar sobre aquilo que conheço pela rama! Porém tenho a certeza que o TÓ ZÉ sabe o que diz ou, melhor dizendo, sabe onde quer chegar!Não sei se ele se quer "intrometer" na política activa ou se o faz para alertar os companheiros Alandroalenses par a a factologia política local! Com esta incerteza aqui deixo um abraço enorme, deste teu enorme amigo.
Martinho Roma
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