quarta-feira, 18 de outubro de 2017

UMA RECORDAÇÃO DO A. Berbem

Se outro mérito não tivesse, a recordação de figuras carismáticas de Alandroal, é trazerem-nos à memória situações e peripécias passadas com essas mesmas pessoas. Foi o caso do recente "ensaio para quadro de revista" que avivou a lembrança deste nosso colaborador , amigo e conterrâneo sobre o :
                                    O MATA- PINTOS
A minha cena com o Mata Pintos, foi mais ou menos assim.
Uma vez à saída de Estremoz, pareceu-me ver o Mata Pintos, originalmente vestido como só ele o sabia fazer. Uma mistura de benfiquista com  as demais cores de Portugal. Especialmente o amarelo em seus calções.
Assim me pareceu. Assim o fiz. Isto é, parei o carro ao pé dele e com o ar mais alandroalense que se possa imaginar, disse: "Mata Pintos, anda, entra, está frio, vamos para o Alandroal".
Estava nevoeiro, chovia, era já quase uma  noite  de inverno e o Mata Pinto, dispara-me: " Quem és tu?" Eu respondi: sou fulano tal, entra e deixa-te lá dessas perguntas, vamos conversando pelo caminho.
Foi, então, que do Mata Pintos veio um novo e súbito disparo em  forma de assim: "que carro é este, que carripana  é que trazes aí?..."
E eu, fazendo uma pequena pausa, à espera que ele acabasse por vir
comigo, de repente, oiço-o a resinar: "Não entro e não vou, vou ficar  por aqui   à espera até que apareça uma boleia num carro maior, com  musica, e mais confortável" ( o meu era uma Mini-ima).
Sorri, ele deve ter sorrido ainda mais lá para com ele. Assim era o Mata Pinto, um homem de pequena estatura que era afinal um poço de atitudes por vezes com  uma certa  altura. Por vezes!
 Assim aconteceu. Umas duas horas depois já ele estava  molhado  no Alandroal. Só que, por mim, bem o vi e reparei nele, mas já não fui capaz de lhe perguntar em que carro tinha vindo...não  fosse ele soltar “um vai à merd@” uma palavra que  (o) frequentava com grande facilidade e extrema rapidez.
Se a vontade fora a minha, a escolha tinha sido a dele.
Ao Mata Pinto, a cena e o resto bateu-lhe tudo certo! A visão descolorida, essa ficou
a meu cargo. Até ser contada hoje.
Saudações

António Neves Berbem




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