quinta-feira, 19 de outubro de 2017

“BOA MALHA” - MEU AMIGO Claré

                             UM DIA FUI BOMBEIRO
Há muitos anos fui bombeiro, era jovem e não media distâncias e o objectivo era nobre a missão difícil mas apetecível. Não é bombeiro quem quer, é bombeiro quem está vocacionado para tal mas para tal é necessário e cada vez mais, anos de preparação de treino de “instrução” como então se lhe chamava ainda ouço o bater das botas na calçada nas noites de instrução. "Ordem unida" -  nunca tal tinha ouvido falar, até que marquei paço praça acima praça abaixo ás ordens do Manuel João (Pimpão). Eram anos de descobrir, de aventuras, de novas coisas, de encontrar outras formas de estar na nossa juventude.
Foram anos que nos ensinaram a mim, como a muitos da minha geração, coisas como o respeito pelos mais velhos, a camaradagem, o companheirismo, a disciplina, o sacrifício, a abnegação, o trabalho por vezes duro, complicado, muitas vezes doloroso.
Ensinaram-nos o valor do sacrifício. Nunca com o propósito de um obrigado, ou nada que se lhe parecesse, nunca com o objectivo de qualquer reconhecimento; éramos, como hoje são os corpos de bombeiros, indivíduos anónimos que fazíamos parte de um todo que funcionava em prol do próximo. Acredito que hoje são associações que formam homens para a vida. Quando hoje vejo jovens ingressarem nas fileiras desta corporação orgulho-me de velos fazer parte de algo com sentido (com muitos riscos) como eu próprio pude constatar ao longo do poucos anos que servi a causa. Não me arrependo de nada, como poderia!! Para mim é, e será sempre, motivo de orgulho ter servido ao lado de quem tanto me ensinou Américo Pinhel, Joaquim Brioa, Joaquim Valério, José Valério, José Estêvão, Manuel João, Luís Rebocho, Francisco Oliveira, Ti Narciso, Comandante Anjinho, Fernando Fialho, Comandante José Fontes, José Ribeiro, Manuel Inácio Fialho, entre tantos outros que poderia aqui nomear (Perdoem-me se não os nomear todos) Acredito que nenhum destes homens, e todos os outros que connosco serviram durante muitos anos a causa, alguma vez tenham querido ou tenham ambicionado, tal como eu nunca ambicionei ser reconhecidos como heróis, fazíamos o que gostávamos porque a isso nos impelia o nosso sentir. Como eu, talvez muitos, por vezes se tenham sentido “recompensados” com algumas mostras de carinho da população: como esquecer a população de Cabeça de Carneiro que um ano já muito distante nos recolhia um a um para nos dar de jantar enquanto tentávamos debelar um incêndio num palheiro, como esquecer a carrinha do Sr. Ribeiro cheia de mantimentos num longínquo incêndio na Pipeira, como esquecer as mostras de gratidão da população no grande incêndio no eucaliptal .Tantos… tantos episódios que poderia aqui enumerar, todos mas todos aonde estávamos de coração de alma e corpo. Acredito que nas fileiras dos Bombeiros Voluntários de Alandroal não há um elemento que queira ser “herói”. Mas acredito também que nas fileiras dos Bombeiros Voluntários de Alandroal, como nas fileiras de todas as corporações deste país, existam muitos “amadores” E não é por não saberem o que estão a fazer, é isso sim porque amam o que fazem e fazem-no porque não ligam a comentadores de TV baratos, e porque se formam para fazerem aquilo que gostam e que acham que está correcto. Não é por acaso que um dos lemas que nos ensinavam e que preside o sentido das corporações é: FAZER O BEM SEM OLHAR A QUEM.

In Facebook José Claré

1 comentário:

Anónimo disse...

Muito bem. Todos eles merecem o nosso respeito e gratidão