EDUARDO LUCIANO
O VERÃO
Chegámos à habitual interrupção das crónicas e vem aí a “silly
season” que desta vez será mais “silly” tendo em conta o período que se
avizinha.
Antes
de mais quero desejar aos que têm férias que as usem para descansar e reflectir
se valeu mesmo a pena tudo o que fizeram, incluindo as inevitáveis maldades
inerentes ao género humano.
Obviamente
que a capacidade de reflexão estará sempre obnubilada pela imagem que cada um
tem de si próprio e que afasta qualquer tentação de objectividade, em
particular para quem o sentido de autocrítica é uma mera ficção.
A
quem se sente inebriado com as loas que lhe vão sussurrando ao ouvido e que
contrariam o que os mesmos depositam em ouvidos alheios, chegando por vezes ao
total achincalhamento, desejo que, pela sua saúde, façam algum trabalho de
introspecção para perceberem que são apenas idiotas úteis, empurrados para uma
fogueira onde irão naturalmente arder à velocidade desejada por quem os
empurrou.
Quem
for para a praia tenha cuidado com as arribas, com o sol na moleirinha e com as
queimaduras da pele. Não se esqueçam que há quem ache que a pele é o que temos
de mais profundo.
Quem
por cá ficar, visite as praças onde irão estar as “artes à rua”, veja cinema e
teatro, oiça o Rão Kiao, a Sílvia Perez Cruz, a Luísa Sobral e todos os outros
que por cá vão andar.
Procure
o menos óbvio e descubra o ciclo de programação Évora Criativa, com os
criadores locais a apresentarem as suas propostas nas mais diversas áreas.
Esperando
que o calor não dê tréguas, abrigue-se nas exposições do António Carrapato, do
Couvinha, das caricaturas do Álvaro Siza e outras que por aí vão estar até
final de Agosto.
Não
me diga que das 70 intervenções em dois meses, não consegue gostar de nada? Se
for esse o caso, feche-se em casa, ligue o computador e diga mal de tudo o que
o rodeia. Vai ver que fica muito mais aliviado. Pelo menos até perceber que tem
um problema de saúde mental que precisa de resolver rapidamente, se quiser
viver razoavelmente os dias que lhe restam.
No
fundo, o que eu quero dizer é que deve descansar. Assumir tranquilamente a sua
condição de mortal, que comete erros como todos os outros, e que o único
paraíso onde pode fazer o papel de santo é a sua página de facebook, onde é
infalível e tem soluções que mais nenhum mortal se atreveu a ver.
Deixo-vos
embalados numa canção que talvez a Luísa Sobral cante quando passar pela Praça
do Giraldo. É gira e conta a história de um paspalhão que nunca dava conta dos
sinais que se passeavam à frente dos seus olhos.
Até…
lá para Outubro
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