BRUNO MARTINS
POR UMA
VERDADEIRA CIDADE EDUCADORA
Évora assinou a Carta
das Cidades Educadoras, com ela deveria advir a defesa de um conjunto de princípios.
A verdade é que nem a gestão PS, nem a gestão CDU, souberam tornar Évora uma
verdadeira Cidade Educadora. PS no passado e CDU no presente gostam da sigla,
gostam de afirmar o facto de supostamente sermos uma Cidade Educadora em
congressos, seminários, intervenções públicas, mas sem qualquer plano
estratégico e sem quaisquer acções concretas para defender princípios
fundamentais.
Caro ouvinte e leitor,
pense comigo, consegue encontrar algum plano de acções de educação cultural,
ambiental, transgeracional? Encontra acções de educação para a cidadania e a
participação? Como tem o município desenvolvido os conceitos de solidariedade e
justiça social na comunidade e qual a pedagogia activa e participativa que o
Município promove?
Uma verdadeira cidade
educadora promove o potencial de cada um dos seus habitantes, em condições de
plena igualdade, onde cada uma e um respeite e seja respeitado. Diz a Carta das
Cidades Educadoras:
1. Que “A cidade educadora
deverá fomentar a participação cidadã com uma perspectiva crítica e
co-responsável”. Temos visto tal fomento da participação em Évora? Não. Nada!
Antes pelo contrário, temos uma gestão desligada dos eborenses e com eles só
conta para pousar para a fotografia;
2. Que se deve “promover o
equilíbrio e harmonia entre identidade e diversidade”. De facto, todos os que
aqui habitam devem ser reconhecidos a partir da sua identidade cultural.
Diversidade é ganho e não pode ser motor de exclusão e marginalização. Deveremos,
pois, estar conscientes dos fenómenos de marginalização, e desenvolver
políticas de acção positiva, em particular para as diferentes minorias, e para
os recém-chegados (migrantes e refugiados). Todos têm o direito de sentir que
Évora lhes pertence. Infelizmente sabemos bem que não é assim. Como são
tratadas as minorias em Évora? Como são acolhidos os novos habitantes?
3. Que “as diferentes
acções de planeamento devem ter como principal objectivo a supressão de
obstáculos, incluindo as barreiras físicas e sociais, que impedem o exercício
da cidadania activa”. Bem, sobre este princípio não há muito a dizer. Tudo está
por fazer, numa cidade inimiga de todos aqueles que têm algum tipo de
deficiência ou limitação. Necessitamos de um concelho pensado a partir dos princípios
do desenho universal.
4. Que “uma actuação
adequada, implica ter informação precisa sobre a situação e necessidades dos
seus habitantes”. E que tal o Município desenvolver com parceiros, incluindo a
Universidade de Évora, um diagnóstico social sério e que dele decorram acções
concretas com objectivos e metas?
5. Que se “promovam
activamente iniciativas de educação para a saúde”. O município está preocupado
com as questões da educação para a saúde? Ou delega completamente nas escolas e
centros de saúde estas questões? Não deverá o município liderar parcerias para
que todos os grupos da população possam aceder a acções de educação para a
saúde de acordo com as suas necessidades?
6. Que “A cidade deverá
oferecer aos seus habitantes a possibilidade de ocuparem um lugar na sociedade,
dar-lhes-á os conselhos necessários à sua orientação pessoal, social e
profissional”. Como tem o município gerido os serviços sociais da Câmara? Vemos
Técnicos de Acção Social a fazer as mais variadas tarefas e impossibilitados de
intervir junto da população. Precisamos de um verdadeiro Gabinete de Acção
Social, aberto e que acompanhe e intervenha junto da população.
7. Que “uma cidade
educadora deverá encorajar o diálogo entre gerações”. Precisamos de iniciativas
de aprendizagem intergeracional promovidas pelo município. Temos capacidade
técnica na Câmara para desenvolver esses projectos sem custos. Falta a vontade
política.
8. Que “o município deverá
garantir uma informação suficiente e compreensível e encorajar os seus
habitantes a informarem-se”. Bem, sobre as questões da transparência e
acessibilidade da informação poderia dizer muito, mas acho que todos nós
sentimos a falta de informação clara, acessível e transparente.
Cidade Educadora?
Merecemos ser, sem dúvida, mas com uma gestão que coloque esta questão como
prioridade. PS e CDU já mostraram não estar à altura do desafio.
Até para a semana!
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