segunda-feira, 5 de junho de 2017

CRÓNICA DE OPINIÃO TRANSMITIDA HOJE NA RÁDIO DIANA/FM

                                                                                BRUNO MARTINS

                POR UMA VERDADEIRA CIDADE EDUCADORA
Évora assinou a Carta das Cidades Educadoras, com ela deveria advir a defesa de um conjunto de princípios. A verdade é que nem a gestão PS, nem a gestão CDU, souberam tornar Évora uma verdadeira Cidade Educadora. PS no passado e CDU no presente gostam da sigla, gostam de afirmar o facto de supostamente sermos uma Cidade Educadora em congressos, seminários, intervenções públicas, mas sem qualquer plano estratégico e sem quaisquer acções concretas para defender princípios fundamentais.
Caro ouvinte e leitor, pense comigo, consegue encontrar algum plano de acções de educação cultural, ambiental, transgeracional? Encontra acções de educação para a cidadania e a participação? Como tem o município desenvolvido os conceitos de solidariedade e justiça social na comunidade e qual a pedagogia activa e participativa que o Município promove?
Uma verdadeira cidade educadora promove o potencial de cada um dos seus habitantes, em condições de plena igualdade, onde cada uma e um respeite e seja respeitado. Diz a Carta das Cidades Educadoras:
1.     Que “A cidade educadora deverá fomentar a participação cidadã com uma perspectiva crítica e co-responsável”. Temos visto tal fomento da participação em Évora? Não. Nada! Antes pelo contrário, temos uma gestão desligada dos eborenses e com eles só conta para pousar para a fotografia;
2.     Que se deve “promover o equilíbrio e harmonia entre identidade e diversidade”. De facto, todos os que aqui habitam devem ser reconhecidos a partir da sua identidade cultural. Diversidade é ganho e não pode ser motor de exclusão e marginalização. Deveremos, pois, estar conscientes dos fenómenos de marginalização, e desenvolver políticas de acção positiva, em particular para as diferentes minorias, e para os recém-chegados (migrantes e refugiados). Todos têm o direito de sentir que Évora lhes pertence. Infelizmente sabemos bem que não é assim. Como são tratadas as minorias em Évora? Como são acolhidos os novos habitantes?
3.     Que “as diferentes acções de planeamento devem ter como principal objectivo a supressão de obstáculos, incluindo as barreiras físicas e sociais, que impedem o exercício da cidadania activa”. Bem, sobre este princípio não há muito a dizer. Tudo está por fazer, numa cidade inimiga de todos aqueles que têm algum tipo de deficiência ou limitação. Necessitamos de um concelho pensado a partir dos princípios do desenho universal.
4.     Que “uma actuação adequada, implica ter informação precisa sobre a situação e necessidades dos seus habitantes”. E que tal o Município desenvolver com parceiros, incluindo a Universidade de Évora, um diagnóstico social sério e que dele decorram acções concretas com objectivos e metas?
5.     Que se “promovam activamente iniciativas de educação para a saúde”. O município está preocupado com as questões da educação para a saúde? Ou delega completamente nas escolas e centros de saúde estas questões? Não deverá o município liderar parcerias para que todos os grupos da população possam aceder a acções de educação para a saúde de acordo com as suas necessidades?
6.     Que “A cidade deverá oferecer aos seus habitantes a possibilidade de ocuparem um lugar na sociedade, dar-lhes-á os conselhos necessários à sua orientação pessoal, social e profissional”. Como tem o município gerido os serviços sociais da Câmara? Vemos Técnicos de Acção Social a fazer as mais variadas tarefas e impossibilitados de intervir junto da população. Precisamos de um verdadeiro Gabinete de Acção Social, aberto e que acompanhe e intervenha junto da população.
7.     Que “uma cidade educadora deverá encorajar o diálogo entre gerações”. Precisamos de iniciativas de aprendizagem intergeracional promovidas pelo município. Temos capacidade técnica na Câmara para desenvolver esses projectos sem custos. Falta a vontade política.
8.     Que “o município deverá garantir uma informação suficiente e compreensível e encorajar os seus habitantes a informarem-se”. Bem, sobre as questões da transparência e acessibilidade da informação poderia dizer muito, mas acho que todos nós sentimos a falta de informação clara, acessível e transparente.
Cidade Educadora? Merecemos ser, sem dúvida, mas com uma gestão que coloque esta questão como prioridade. PS e CDU já mostraram não estar à altura do desafio.
Até para a semana!



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