Eu acredito
Já se falou tudo o que havia a falar
sobre o Papa Francisco e a sua vinda-relâmpago a Fátima, sobre
o Salvador e a sua rápida ascensão ao estrelato por via da sua vitória no
Eurofestival, e sobre o desempenho do Benfica após a conquista de quatro
campeonatos nacionais in a row. Podemos dizer que regressámos
a um passado não muito distante, em que o Estado também se curvava e beijava a
mão à Igreja e em que o povo se deleitava com os fados de Amália e vibrava
cegamente com o Futebol de Eusébio.
Há, contudo, que perceber a enorme distância, em
termos de mentalidades, que vai entre o outrora e o agora. Outrora, Portugal
abraçava Fátima, a Canção Nacional e o Futebol, porque a conjuntura
socio-política o forçava a isso: não havia outras hipóteses de escolha. Agora,
a caminho da terceira década do século XXI, podemos optar e optamos. Sem
constrangimentos e sem medos. Se, por um lado, não somos iguais no pensamento e
nas atitudes dos nossos antepassados dos anos 50 e 60, também os protagonistas
da nossa História Actual são seres humanos diferentes, menos apertados pelo
“sistema”, de espírito mais aberto e de olhar bastante mais lúcido.
Francisco é um homem inteligente, sensível e bom.
Salvador é um jovem inteligente, sensível e “fora da caixa”, e o Futebol é,
afinal, o nosso orgulho de campeões europeus. As pressões que estes “heróis”
sofrem por parte dos seus admiradores, dos seus pares ou das hierarquias em que
se encontram “encaixados” acabarão por servir tão somente de atenuante para
algum erro que possam cometer enquanto vão caminhando por este cada vez mais
interessante Passeio da Fama que é, e todos os sabemos, muito mais do que isso.
Entretanto, a auto-estima dos portugueses subiu em
flecha. Através da religião, da música e do desporto, a grande maioria de nós
já começou a pensar no lema de Barack Obama que o levou à presidência dos
Estados Unidos, no já longínquo Janeiro de 2009 de boa memória: “Yes,
we can!”. Sim, nós somos capazes. Por causa do Papa Francisco, do
Salvador e do Rui Vitória, outros caminhos irão ser desbravados. Eu acredito.
João Luís Nabo, in "O
Montemorense", 20 de Maio de 2017
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