O FRACO PODER DE COMPRA
A
situação do país reflecte-se, de uma
forma directa, na vida das pessoas, ou melhor, na qualidade de vida que é
possibilitada às pessoas. E certamente não seria de se esperar outra coisa.
E
a perda da qualidade de vida das pessoas é possível de ser avaliada por vários
ângulos.
E,
desde logo, objectivamente, por tudo aquilo retira rendimento.
Dados
da OCDE deram-nos a conhecer esta semana que em 2016, 41,5% do salário médio do
trabalhador português, sem filhos, é absorvido pelo fisco (13,4%) e pela
segurança social (TSU incluída), ainda que esta tenha apresentado uma ligeira
redução de 0,6% relativamente a 2015.
Refere
o relatório que Portugal se encontra colocado na 12ª posição, algo que até
poderá parecer um lugar que não nos desprestigia, mas é caso para grande
preocupação, porque nas primeiras posições encontram-se os países com os
maiores níveis salariais, sendo que os trabalhadores desses países terão a
dupla condição de poder descontar uma percentagem alta do seu salário e, ainda
assim, manter um elevado rendimento.
No
caso de Portugal, sendo um dos países membros com níveis salariais mais baixos,
ao incidir uma carga fiscal elevada sobre os rendimentos, gera uma perda de
rendimento sentida, que se reflecte directamente numa perda da qualidade de
vida.
Aliás,
em 2016, a média da carga fiscal aplicada nos países membros da OCDE foi de
36%, ou seja, uma taxa bem abaixo da aplicada em Portugal.
O
elevado aumento da carga fiscal foi uma das marcas negativas do programa de
austeridade.
E,
pelo que vamos assistindo, é algo que se vai eternizando, ano após ano, e que,
paradoxalmente, vai sendo cada vez menos questionável.
Contudo,
importará recordar que a carga fiscal que hoje nos é aplicada tinha carácter
transitório, precisamente porque se destinava à recolha de receita para
satisfazer compromissos que Portugal teria que assumir em sede de programa de
ajustamento, carga essa que, supostamente, iria ser reduzida.
Será
de referir que o “enorme aumento” de impostos aplicado em 2012 pelo ministro
Vitor Gaspar, tão criticado naquela data pela oposição, vai sendo aplicado pela
actual solução governativa, mas não deixa de continuar de ser uma enorme carga
fiscal.
Até
para a semana e uma Santa Páscoa
Rui
Mendes
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