sexta-feira, 14 de abril de 2017

A CRONICA DE OPINIÃO TRANSMITIDA HOJE NA DIANA/FM É DA RESPONSABILIDADE DE RUI MENDES

                                            O FRACO PODER DE COMPRA
A situação do país  reflecte-se, de uma forma directa, na vida das pessoas, ou melhor, na qualidade de vida que é possibilitada às pessoas. E certamente não seria de se esperar outra coisa.
E a perda da qualidade de vida das pessoas é possível de ser avaliada por vários ângulos.
E, desde logo, objectivamente, por tudo aquilo retira rendimento.
Dados da OCDE deram-nos a conhecer esta semana que em 2016, 41,5% do salário médio do trabalhador português, sem filhos, é absorvido pelo fisco (13,4%) e pela segurança social (TSU incluída), ainda que esta tenha apresentado uma ligeira redução de 0,6% relativamente a 2015.
Refere o relatório que Portugal se encontra colocado na 12ª posição, algo que até poderá parecer um lugar que não nos desprestigia, mas é caso para grande preocupação, porque nas primeiras posições encontram-se os países com os maiores níveis salariais, sendo que os trabalhadores desses países terão a dupla condição de poder descontar uma percentagem alta do seu salário e, ainda assim, manter um elevado rendimento.
No caso de Portugal, sendo um dos países membros com níveis salariais mais baixos, ao incidir uma carga fiscal elevada sobre os rendimentos, gera uma perda de rendimento sentida, que se reflecte directamente numa perda da qualidade de vida.
Aliás, em 2016, a média da carga fiscal aplicada nos países membros da OCDE foi de 36%, ou seja, uma taxa bem abaixo da aplicada em Portugal.
O elevado aumento da carga fiscal foi uma das marcas negativas do programa de austeridade.
E, pelo que vamos assistindo, é algo que se vai eternizando, ano após ano, e que, paradoxalmente, vai sendo cada vez menos questionável.
Contudo, importará recordar que a carga fiscal que hoje nos é aplicada tinha carácter transitório, precisamente porque se destinava à recolha de receita para satisfazer compromissos que Portugal teria que assumir em sede de programa de ajustamento, carga essa que, supostamente, iria ser reduzida.
Será de referir que o “enorme aumento” de impostos aplicado em 2012 pelo ministro Vitor Gaspar, tão criticado naquela data pela oposição, vai sendo aplicado pela actual solução governativa, mas não deixa de continuar de ser uma enorme carga fiscal.
Até para a semana e uma Santa Páscoa

Rui Mendes

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