quarta-feira, 1 de março de 2017

A CRONICA DE OPINIÃO DIFUNDIDA HOJE NA DIANA/FM

    A VIDA TEM MUITO POUCO DE CARNAVAL
Embora hoje seja dia de Carnaval, quero partilhar com os ouvintes e os leitores da rádio diana o meu desânimo e a minha descrença no futuro do nosso país. Descansem que não vos falar da entrevista dada à TVI, no dia de ontem, pelo antigo primeiro-ministro, a propósito do livro de um ex presidente da república. Estas questões são para mentes muito evoluídas.
Na verdade, segundo alguns estudos os índices de confiança, das famílias e de alguns setores da economia lusa, atingiram níveis que há algum tempo a esta parte não eram vistos cá no burgo. Boa notícia. Sem sombra de dúvidas. Porém, quando vamos colocar combustível nos automóveis sentimos um esvaziamento das nossas carteiras, porque pagamos quase mais de trinta cêntimos por litro, relativamente ao que pagávamos ano passado.
Se este aumento tivesse diretamente ligado ao aumento do preço do crude, porventura haveria uma explicação devidamente fundada, mas não está. Está isso sim, ligado ao aumento do imposto sobre os produtos petrolíferos, o famigerado ISP. A receita deste imposto tinha vindo a cair em virtude da baixa do preço do crude/petróleo, que ocorreu até aos finais de 2015, início de 2016. No entanto, nos últimos meses o preço do petróleo tem vindo a subir e o governo tem vindo, por esse motivo, a beneficiar do aumento da receita fiscal do ISP. Se o governo arrecada mais imposto é porque faz tábua da neutralidade fiscal. E, sobretudo, não quer saber dos contribuintes.
Ora, um Governo responsável e amigo da economia, o que deveria fazer, era, sensatamente, baixar o imposto (ISP) para que o preço dos combustíveis baixasse para as famílias e sobretudo para as empresas. A consequência deste aumento de impostos encapotado, porque é disso que se trata, irá prejudicar a nossa débil e frágil economia. Uma economia globalizada, como é o caso da nossa, não deverá descurar os custos de produção. Os combustíveis ainda têm o peso significativo nos custos das pequenas e médias empresas.
Por isso, temo que a confiança das famílias e das empresas, e, aqui falo, também, das pequenas e médias empresas, que representam mais de 2/3 do nosso tecido empresarial, não perdurará por muito mais tempo. E, nem os Carnavais promovidos por esta geringonça Governativa, o conseguirá impedir. A realidade, feliz ou infelizmente, é o que é.

José Policarpo

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