A VIDA TEM MUITO POUCO DE CARNAVAL
Embora
hoje seja dia de Carnaval, quero partilhar com os ouvintes e os leitores da
rádio diana o meu desânimo e a minha descrença no futuro do nosso país.
Descansem que não vos falar da entrevista dada à TVI, no dia de ontem, pelo
antigo primeiro-ministro, a propósito do livro de um ex presidente da
república. Estas questões são para mentes muito evoluídas.
Na
verdade, segundo alguns estudos os índices de confiança, das famílias e de
alguns setores da economia lusa, atingiram níveis que há algum tempo a esta
parte não eram vistos cá no burgo. Boa notícia. Sem sombra de dúvidas. Porém,
quando vamos colocar combustível nos automóveis sentimos um esvaziamento das
nossas carteiras, porque pagamos quase mais de trinta cêntimos por litro,
relativamente ao que pagávamos ano passado.
Se
este aumento tivesse diretamente ligado ao aumento do preço do crude,
porventura haveria uma explicação devidamente fundada, mas não está. Está isso
sim, ligado ao aumento do imposto sobre os produtos petrolíferos, o famigerado
ISP. A receita deste imposto tinha vindo a cair em virtude da baixa do preço do
crude/petróleo, que ocorreu até aos finais de 2015, início de 2016. No entanto,
nos últimos meses o preço do petróleo tem vindo a subir e o governo tem vindo,
por esse motivo, a beneficiar do aumento da receita fiscal do ISP. Se o governo
arrecada mais imposto é porque faz tábua da neutralidade fiscal. E, sobretudo,
não quer saber dos contribuintes.
Ora,
um Governo responsável e amigo da economia, o que deveria fazer, era, sensatamente,
baixar o imposto (ISP) para que o preço dos combustíveis baixasse para as
famílias e sobretudo para as empresas. A consequência deste aumento de impostos
encapotado, porque é disso que se trata, irá prejudicar a nossa débil e frágil
economia. Uma economia globalizada, como é o caso da nossa, não deverá descurar
os custos de produção. Os combustíveis ainda têm o peso significativo nos
custos das pequenas e médias empresas.
Por
isso, temo que a confiança das famílias e das empresas, e, aqui falo, também,
das pequenas e médias empresas, que representam mais de 2/3 do nosso tecido
empresarial, não perdurará por muito mais tempo. E, nem os Carnavais promovidos
por esta geringonça Governativa, o conseguirá impedir. A realidade, feliz ou
infelizmente, é o que é.
José
Policarpo
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