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Antes de mais, os meus votos de um bom
2017, ano que será muito marcado, directa ou indirectamente, pelas eleições
autárquicas lá mais para o Outono, mas onde seguramente muitos outros assuntos,
episódios e casos se levantarão a implicar a sociedade e a suscitarem a opinião
pública.
Entenda-se esta não
apenas como aquela que alguns proferem em público, mas como a que um conjunto
de pessoas que se empenharão, por motivações naturalmente pessoais ou de grupo,
em ter uma opinião e convencer os outros dela. É este o funcionamento de uma
sociedade que se mexe. Ainda que, como disse, por vezes segundo interesses
próprios que, para quem tem por dever cuidar do interesse de todos, serão
válidos quando servirem para, não só melhorar a vida de uma parte, mas da maior
parte. Peço desculpa aos meus benévolos ouvintes (ou leitores) mais assíduos
pela insistência nesta tecla, mas cada vez me convenço mais de que, se em
alguns casos, o que corre mal a um pode correr mal a todos, o que corre mal a
todos corre seguramente mal a cada um. O remédio é, como todos deviam ser,
preventivo. Já o disse de muitas maneiras, mas pormo-nos na pele dos outros
parece-me um dos melhores exercícios de saúde pública para a cidadania.
Há actualmente, e desejo que assim se
mantenha, muitas formas de emitir opinião que faça opinião pública. Umas mais
reguladas e arbitradas, outras aparentemente mais saudáveis que se auto-regulam
com a intervenção de muitos de opinião diversa. E ainda outras, as oficialmente
clandestinas que normalmente se confundem com as anteriores e normalmente têm
como objectivo destruí-las e levar a sua avante. Cada um escolhe o ambiente
onde se sente mais confortável para nelas participar. Mas para escolher é
preciso conhecer.
Por esta altura hão-de estar a
perguntar-se se terei algum caso concreto em mente. Tenho vários, muitos,
demasiados, que sem tempo nem espaço para discutir como deve ser poderiam
confundir-se com aqueles que, isso sim, quero criticar. O caso mexe com valores
humanos, com a ética e a política. Trata-se da questão da educação sexual
formal num sentido geral e não no apenas feio tema do aborto, tão apetecível
por certos grupos que, em posições extremas e em extremos opostos, gostam muito
de o trazer, lá está, à opinião pública. E é aqui que, independentemente de
quem ocupe o cargo nos Ministérios da Educação e da Saúde, fico descansada
quando se tratam estes assuntos e se definem os limites destes dois campos que
se cruzam. São normalmente medidas tomadas com consulta a técnicos que permitem
aos políticos tomar decisões. As ideologias estarão, sem dúvida, presentes em
cada um das centenas de técnicos que formem no trabalho que realizam uma
qualquer opinião. Isto é a democracia. E também é democracia saber quando se
pode falar em nome próprio ou em nome de outros. Quando os filhos frequentarem
a escola na idade dos porquês difíceis, que sim são já aos 10 e 11 anos,
seguindo programas homologados, as respostas baseadas no juízo moral não serão
na sala de aula. Na escola básica o espaço é o da informação. E o quanto mais
completa e variada for melhor os preparará para, individual ou restritamente em
grupos que se formam por outros e importantes afectos, emitirem, com
conhecimento, opinião por temas que não são consensuais. Permitir-lhes este
percurso, com espaços e intervenientes próprios é bater-lhes à porta da
consciência e retirar-lhes uma tendência que grassa por aí tanto de fazer-se
como a avestruz. Eu cá prefiro que os professores saibam, e o mais cedo
possível, até onde podem ir em determinados assuntos difíceis, do que não haver
limites que, para um lado ou para o outro, não tenho dúvidas nenhumas, não
resistirão quando incitados por mais do que o seu profissionalismo a dar o seu,
chamemos-lhe assim, bitaite. Isso fica para outros campeonatos. Até para a
semana.
Cláudia Sousa Pereira
Quarta, 04 Janeiro 2017
Entrámos em 2017 e será um ano marcado
politicamente pelas eleições autárquicas, e, por esse motivo, tinha pensado
iniciar as minhas crónicas com algumas reflexões sobre aquilo que penso para
que a cidade e o concelho de Évora sejam lugares onde todos possam viver com a
qualidade de vida que merecem.
Sejam as pessoas a título individual, como sejam as pessoas coletivas,
empresas e instituições. Porém, o presidente da república na sua mensagem de
ano novo realçou um aspeto da nossa vida em comunidade, que não quero deixar de
comentar.
Na mensagem dirigida aos portugueses o
Presidente da República, entre outras coisas, afirmou que a atual governação
tinha contribuído para que houvesse um clima de paz social no país. Com isto, o
presidente, na interpretação que faço da afirmação, pretendeu dizer que a
agitação social/sindical no último ano baixou significativamente, em comparação
com o ano transato. Refiro-me ao último ano da governação liderada por Pedro
Passos Coelho.
Pelo que, esta afirmação só em parte
pode ser considerada verdadeira. A aparente paz social que vivemos em 2016
resultou inequivocamente, pelo menos do meu ponto de vista, do silêncio dos
movimentos sindicais liderados pelos comunistas Arménio Carlos da Intersindical
e do afamado português Mário Nogueira, da frenprof. Estes dois senhores têm uma
“clientela” de muitos milhares de pessoas, todas elas dependentes do orçamento
de Estado.
Ora, a atual governação liderada pelo
Partido socialista, para além das reversões das reformas encetadas pelo
anterior governo, nas áreas dos transportes, saúde, trabalho e educação,
focalizou a sua atuação na reposição de direitos, sobretudo, às pessoas que são
defendidas pelos sindicatos tutelados indiretamente pelo partido comunista. O
preço da paz social referida pelo presidente reside neste embuste, nesta
ficção, e, terá, certamente, um preço e um custo incalculável para o país.
Na verdade, o atual governo levou-nos
para o caminho do endividamento e perdeu as oportunidades dadas pela conjuntura
externa que vivemos. Como é sabido, o preço do dinheiro é baixo, como, também,
é baixíssimo o preço do petróleo. Não tendo também criado o governio as
condições para o investimento público. Os números de 2016 são realmente baixos,
sobretudo, para quem, como os partidos de esquerda, estão sempre a clamar pela
bondade deste investimento.
Dito isto, esta paz social é aparente,
por ser fictícia, porque a realidade financeira e económica do país é outra. A
devolução de direitos e de rendimentos ao ritmo a que fora feita e do modo como
foi feita, terá uma consequência na despesa pública insustentável. Se o país
tem um crescimento económico muito baixo, como poderá pagar este custo. O
desfecho, portanto, só poderá ser um. E, não será uma boa coisa. Infelizmente,
não.
José Policarpo
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