Sexta, 06 Janeiro 2017
Que estamos em período de plena
austeridade já todos percebemos. Desde 2011 que assim é e não se prevê o seu
fim para breve.
Quem disser o
contrário ou está a querer enganar os outros, ou quer-se enganar a si próprio.
Continuamos com o congelamento salarial,
com o aumento geral dos bens de consumo, quer por via da actualização em razão
da inflação, quer também pelos efeitos do aumento dos impostos indirectos.
Enfim, é algo a que estamos habituados e
que vamos aceitando cada vez mais com mais naturalidade.
E é também com naturalidade que nos
vamos acostumando às sucessivas histórias da banca. É rara a semana em que não
temos uma.
E esta foi, mais uma vez, a semana em
que a banca tomou conta dos acontecimentos.
Continuou a novela da CGD. A Caixa Geral
de Depósitos ficou sem presidente na semana em que se iniciou o processo da
recapitalização.
Acabou mal o 2016 para a CGD e o 2017
não começou melhor.
Tem sido polémica atrás de polémica.
Com o Novo Banco a coisa não tem corrido
melhor. Tem-se arrastado por tempo sem fim. E volta não volta aí temos outro
episódio.
Esta semana chegámos à fase da venda do
banco. Ficou a conhecer-se as propostas dos concorrentes, e aquela que colheu
preferência pelo Banco de Portugal.
Se o valor da proposta é justo ou não
nunca iremos verdadeiramente saber. Provavelmente até o será.
Mas por tudo aquilo que foi sendo
divulgado o valor é baixo. Muito baixo. Fica aquém da expectativa de encaixe
financeiro que se previa com a venda do Novo Banco. Entenda-se que o NB resulta
da parte boa do ex-BES. Os activos de difícil cobrança já não integraram o NB.
Não sei porquê, mas fico com a sensação
que, caso a venda se venha a consumar nestes termos, que é uma venda a saldo.
Aliás, sensação idêntica aquela com que
fiquei com a venda do BANIF.
Mas sem problema. Os contribuintes cá
estão, sempre presentes, para colmatarem as faltas de liquidez dos bancos ou,
se necessário, para cobrirem os custos de aquisições, resoluções e posteriores
vendas por montantes declaradamente inferiores, ainda que sempre se apregoe que
não haverá encargos para os contribuintes.
Está visto que a banca será tema para
2017.
Até para a semana
Rui Mendes
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