Um
dia depois das eleições nos EUA, cujo resultado surpreendeu a maioria, com a
vitória de um candidato extremamente reaccionário e muito perigoso, também pelo
seu populismo fascizante e completa inexperiência política, Donald Trump, a
Cinemateca Portuguesa exibiu, embora já o tivesse programado há muito, uma das
principais obras-primas de Stanley Kubrick (Manhattan 26-Jul-1928 -
7-Mar-1999), o famoso DR.STRANGELOVE OR HOW I LEARNED TO STOP WOORRYING AND
LOVE THE BOMB (Dr. Estranhoamor), estreado em 1964.
Porém
este grande filme foi proibido em Portugal pelo fascismo e só viria a ser
exibido uma década depois, logo a seguir ao 25 de Abril de 1974.
Com
um genial actor inglês, Peter Sellers (Southsea, Hampshire, Inglaterra
1-Set-1925 - 24-Jul-1980), em três papéis principais (o presidente
norte-americano, o Dr.Strangelove, um estranho e diabólico cientista cujo
passado vem da Alemanha nazi, que agora trabalha para os EUA e o oficial
britânico Mandrake que é adjunto do general Jack D.Ripper (nome que é uma alusão
ao assassino em série, Jack O Estripador), Ripper que sofre de paranóia,
problemas sexuais e acaba desencadeando uma agressão nuclear à União Soviética,
papel desempenhado por outro grande actor norte-americano, Sterling Hayden,
actor que todavia ficaria marcado por ter falado e denunciado camaradas do
partido comunista em que militou, perante o comité das actividade
anti-americanas dirigido pelo senador McCarthy. Todavia Hayden, ao contrário de
outros denunciantes (Elia Kazan, Edward Dmytryc, Cecil B.de Mille) sempre
lamentaria amargamente não ter conseguido resistir à repressão, e acabado por
falar (curiosamente neste filme o tema das revelações arrancadas através da
tortura é abordado pela personagem Ripper, que Hayden desempenha
magistralmente).
A
obra é uma sátira magistral à Guerra Fria e aos altos quadros militares
norte-americanos, com cenas de antologia.
Esta
exibição teve na habitual folha da sessão um excelente texto do antigo
programador e depois director da Cinemateca, João Bénard da Costa (sem data).
1 comentário:
Mais uma excelente crónica ao cinema.
Obrigado Al tejo.
Artemiso Peças
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