quinta-feira, 20 de outubro de 2016

CINE CLUBE DOMINGOS MARIA PEÇAS - Agora com textos de Egas Branco

Estes textos são uma mera justificação de gosto, dirigida em primeiro lugar aos amigos, e não são crítica de cinema, muito menos de teatro ou arte em geral... apenas representam o meu gosto em relação à obra em causa, e nunca uma apreciação global da sua qualidade, para a qual não me sinto com competência, além da subjectividade inerente.


Egas Branco




                THE BIG SHORT - A QUEDA DE WALL STREET

de Adam MacKay, adaptando a obra homónima de Michael Lewis (The Big Short - A Grande Aposta)

Especulação, corrupção, crime social!
"(...) É o grande filme político do ano. E a academia, esmagadoramente democrata, gosta de filmes políticos, mas talvez não o suficiente para lhe dar o Oscar, (...) Há uma estética próxima dos documentários de Michael Moore, aplicada à ficção. (...) Mostra uma Wall Street dominada por excêntricos invertebrados bandos de loucos, autistas maníacos pelo lucro, sem quaisquer princípios de ética. (,..)" (M.Halpern, JL)

Comentário: 
Obviamente esses são os instrumentos que o grande capital e a grande finança manobram como querem. 
 Não será uma obra claramente anti-capitalista mas antes uma denuncia dos excessos a que o capitalismo em crise, cíclica, conduz, provocando milhões de vítimas, mas que para eles não passam de números... 
 A obra, embora se limite aos especuladores menores, que gravitam na órbita do sistema, embora às vezes enriqueçam, e praticamente nunca nos mostre os que efectivamente comandam e ditam as decisões políticas que permitem que tudo continue na mesma, não deixa de impressionar os espectadores. Nem chegamos sequer a ver os émulos dos famigerados Constâncios e Carlos Costas, a não ser em imagens fugazes 
No entanto o filme vai dizendo meia dúzia de verdades sobre quem acaba por pagar de facto as crises capitalistas, ou seja, os trabalhadores e as massas populares. 
Com ironia a obra termina dizendo que o resultado da especulação, corrupção e vigarice, nos USA foi o fecho de muitos dos grandes bancos e a prisão de dezenas de banqueiros, mas acrescenta logo a seguir que essa afirmação (que aparece escrita no ecrã) é uma brincadeira, isto é, concluindo que ainda não foi desta que o sistema capitalista ruiu. 
 E adianta que o jovem consultor, que no filme se apercebe muito cedo do perigo do desvario da economia assente nas hipotecas do imobiliário e na especulação sobre elas construída, acaba no fim investigado pelo FBI como um inimigo público... é a "democracia" no sistema capitalista! 
 E não é certamente por acaso que ao longo da obra, Cuba aparece referida por alguns dos personagens como algo desejável, nem que seja pela sua comida...
 Em conclusão, uma obra a não perder e compreende-se a razão da pouca simpatia por ela dos críticos de cinema nos Media dominantes no nosso País.

 Nota à posteriori: foi com agrado que verifiquei o acerto da escolha em Hollywood. Os dois Oscares para os Argumentos foram justamente para THE BIG SHORT (A Queda de Wall Street) (o adaptado) e SPOTLIGHT (O Caso Spotlight) (o original). Desta vez só me resta aplaudir!

Egas Branco



2 comentários:

Anónimo disse...

No alvo, Dr. Egas Branco. Ficaremos à espera de novas crónicas suas sobre cinema.
Cumprimentos

Anónimo disse...

Hoje, com a tecnologia a trabalhar a favor dos "grandes écrans" na nossa sala de estar, confortavelmente instalados no nosso sofá preferido, fica um pouco fora de moda pedir às pessoas para se deslocarem a uma casa de espectáculos para verem cinema, mas, e nestas coisas há sempre um mas, atrevo-me a dizer que cinema à séria, mesmo à séria, ainda deve ser visto no escuro de uma plateia.
Os meus cumprimentos ao blog por nos proporcionar ainda este tipo de apontamentos sobre a Sétima Arte.