sexta-feira, 22 de abril de 2016

HOJE A CRONICA DE OPINIÃO DA DIANA/FM TEM A ASSINATURA DE RUI MENDES

                                Questões maiores vs Questões menores
Sexta, 22 Abril 2016
Esta semana são vários os assuntos que abordarei, alguns que defino por questões maiores, outros por questões menores.
Abordando as questões maiores:
Orçamento e Programa de Estabilidade e Crescimento (PEC):
Pese embora as metas inicialmente definidas pelo executivo tenham vindo a ser revistas, não deixarão de ser de difícil cumprimento. Não será fácil a tarefa do executivo o cumprimento de um défice de 2,2% e de um crescimento económico de 1,8%. Não tardará muito a que a execução orçamental venha a mostrar o rigor da gestão em 2016.
Com este PEC ficamos com o sensação, que se regista, que se pretende empurrar o problema cada vez para mais tarde.
O que se prevê é que em 2017 o défice orçamental seja de 1,4%, isto com a despesa a aumentar e com uma previsão de crescimento económico a ser revisto em baixa. Há algo aqui que não combina.
Não sabemos se existe um plano B. Mas, por cautela, já deveria era existir um plano C.
Não têm sido poucos os avisos que têm sido dados a Portugal. Poul Thomsen (FMI) e o Conselho de Finanças Públicas, fizeram-no esta semana, Mário Draghi (BCE), deixou-nos essa preocupação aquando a sua presença na reunião do Conselho de Estado, e tantos e tantos outros, que não menciono para não ser demasiado exaustivo.
O que se desenha para Portugal não é um futuro fácil. É necessário agir com a responsabilidade que a situação carece para que não venhamos ter surpresas. Que em boa verdade não o seriam, porque até os mais optimistas, lá no seu interior, sabem bem que o que temos pela frente não é nada suave.
Completou-se este mês 5 anos sobre a data em que Portugal requereu o último pedido de assistência financeira. O passado, pelo menos, deve ser lembrado para que não se percorra um caminho idêntico.
Banca Nacional – O caso BPI
O executivo legislou no sentido dos direitos de voto dos accionistas corresponderem à posição accionista que detêm.
Diga-se o que se disser, argumente-se da forma que se entenda, o certo é que esta legislação tem um único objectivo: Resolver a contenta entre os dois maiores accionistas: o CaixaBank, com 44,1%, e a Santoro, com 18,6%, de forma a dar cumprimento a directriz do BCE.
Se o diploma aprovado pelo executivo tivesse saído noutra altura nada haveria a comentar. Contudo, ao sair neste período só poderá fazer-se uma associação. É um diploma com um sentido de atingir um dos accionistas: a Santoro perde a posição de voto que detinha no banco, passando aquele a ser claramente dominado pelo CaixaBank.
O que se estranha, e bastante, é que há semanas atrás todos nos indignávamos com a tomada de poder da banca espanhola perante o sector bancário português. Recordo que muito recentemente o BANIF (a parte boa do banco) foi adquirido pelo espanhol Santander, num processo também algo singular.
O próprio Presidente da República comentou esta tomada de posição dominante espanhola perante o sector bancário português.
Umas semanas depois já é absolutamente natural que a banca espanhola venha a dominar, na íntegra, mais um banco português. E não é um banco qualquer, é tão só o nosso 4º maior banco privado.
Haja coerência.
Questão absolutamente menor:
O tema do cartão de cidadania.
Não estará nem nas pequenas preocupações dos portugueses a designação de um mero cartão de identificação.
Os portugueses, o que pretendem são que se encontrem soluções que melhorem o seu nível de vida e o seu bem-estar.
É ridículo dar espaço a este assunto, mas ele ocupou algum espaço na imprensa e, por isso, importa opinar sobre ele.
Este é mais um fait divers para nos distanciarmos dos problemas fundamentais e importantes do país, nada mais do que isso.
Despeço-me esta semana com os votos de parabéns à rádio Diana pelo seu 30º aniversário.
Até para a semana
Rui Mendes


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