Quinta, 21 Abril 2016
Na passada semana assistimos a um
espectáculo degradante dado por políticos acusados de corrupção, saudosos da
ditadura militar, fanáticos de seitas religiosas e imbecis que repetem os que
os seus mandantes determinam, tudo isto embrulhado em discurso patriótico e em
nome da liberdade, e dito em português com sotaque.
Foi o culminar de uma vil campanha
iniciada por uma comunicação social paga por aqueles que construíram a
possibilidade de um golpe de estado sem disparar um tiro.
Aconteceu isto no Brasil, quando ainda
não passaram 40 anos sobre o fim de uma feroz ditadura militar que transformou
aquele país no destino preferido dos fascistas que entretanto se puseram ao
fresco quando por cá recuperámos a nossa liberdade.
Ouvir um deputado nomear elogiosamente
um coronel torturador, enquanto votava a favor do golpe de estado foi talvez a
coisa mais repugnante que ouvi nos últimos tempos.
O movimento democrático que varreu a
américa latina está hoje debaixo do fogo império que não lhe perdoa a ousadia
de optar por caminhos de independência e progresso social. Se estivéssemos nas
décadas de 60 ou 70 do século passado a solução seria pagar a uns quantos
criminosos fardados, para derrubar governos legítimos e impor ditaduras
militares, como aconteceu no Brasil, no Chile ou na Argentina.
Mudando-se os tempos a solução passa por
desestabilizar através de campanhas veiculadas por uma comunicação paga para
tal, que levem ao mesmo resultado, com a conivência de povos sujeitos a essa
brutal manipulação.
Assistimos a esta mesma operação, de que
agora o Brasil é alvo, na Venezuela e noutros pontos do mundo, com a
popularização de caminhos de retrocesso a tempos de barbárie.
São preocupantes os tempos que vivemos.
Parece que uma onda de neo fascismo vai crescendo e tornando legítimas todas as
possibilidades, mesmo as mais atrozes.
Basta ver o que se repete nas redes
sociais, o que se passa na Ucrânia, na Polónia, na Venezuela ou no Brasil para
percebermos como está este mundo perigoso para os ideais de progresso.
Chegámos a um ponto em que parece
admissível que o império possa ter como dirigente máximo figuras como Donald
Trump e que a alternativa possa ser Hilary Clinton.
É neste contexto que, apesar de todos os
retrocessos, a nossa Revolução parece brilhar como farol de futuro, podendo nós
afirmar que 42 anos depois do fim da ditadura é impensável ouvir um deputado da
Assembleia da República, mesmo os da direita mais conservadora, elogiar um
qualquer torcionário da polícia política do regime fascista.
É preciso lembrar que a liberdade e o
direito ao sonho de uma vida colectiva melhor e mais justa, têm de ser
defendidos todos os dias e de forma implacável.
Comemorar o que conquistámos em Abril é
também uma forma de afirmar a nossa vigilância contra a besta fascista que usa
a palavra liberdade como mobilizadora para o caminho que leva à sua supressão.
Até para a semana
Eduardo Luciano
2 comentários:
“o direito ao sonho de uma vida”
“que conquistámos em Abril”
Requer uma luta seguida
“contra a besta fascista” e vil.
Está boa! É a transformação da prosa de Eduardo Luciano em poesia.
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