Terça, 02 Fevereiro 2016
Com Presidente novo a preparar a posse depois de uns longos
cinco anos, quatro dos quais com um Governo, uma maioria e um Presidente da
mesma cor, todos sob a capa rota de um alegado rigor, o que só agora vai sendo
tornado público apesar de já todos sentirmos há muito o ar a passar por entre
os furos, aqui vem uma crónica que, como tinha anunciado, se socorre novamente
do conselho de Vergílio Ferreira «Afirma com energia o disparate que quiseres,
e acabarás por encontrar quem acredite em ti.».
Torna-se curioso e interessante assistir, no actual contexto, à
argumentação de uma esquerda que, por muito que se divida, quer-me parecer que
se se continuar a radicalizar, arrisca a nunca mais sair como candidata
credível para governar. Nem como parceira de uma equipa em que os princípios
que os unem se fragilizem por reforço de outros, que os separem, tantas vezes
bem pouco relacionados com o bem-comum e muito mais com determinada clientela
(uma coisa comum à esquerda e à direita, aos de cima e aos de baixo). Mas
dizia: se é interessante ouvir a argumentação das esquerdas, tem sido
confrangedor assistir às intervenções em vários lugares e através de diversos
meios de ex-ministros. E é claro que se nota ainda muito mais no discurso de
quem é oposição.
Acautelem-se, pois, os que usam as palavras como ferramenta ou
instrumento das suas funções, porque elas têm de começar a recompor-se em
discursos em que a realidade não se adapta, nem à força, ao discurso quando
este se parece muito com os lugares do lazer, do entretenimento, da ficção ou
do inábil lugar-comum. Eu acrescentaria ao divertido conselho de Vergílio
Ferreira que, actualmente, será preciso procurar muito mais para encontrar um
crente no disparate. É que eu ainda tenho esperança que a tendência do percurso
desta nossa Humanidade, e portanto a reflectir-se no comportamento das novas
gerações ou dos que as têm sabido acompanhar (porque os há e aqui ao pé de
nós), se nos faz mais distraídos com outros assuntos para lá da governação,
faz-nos menos dados a confiar, quando somos chamados a intervir, no que pareça
ser próprio de outra esfera diferente da desta séria matéria.
Mas vamos continuando a acompanhar o que faz quem nos governa e
quem se lhe opõe, agora que as campanhas terminaram, as câmaras da televisão e
os microfones regressaram das arruadas. Façamo-lo com espírito crítico,
imaginando-nos nos sapatos de quem tem responsabilidades, sejam elas na
governação ou na oposição, sem deixarmos de olhar o mundo e o futuro com os
nossos próprios olhos, ou melhor com as nossas celulazinhas cinzentas que, como
dizem alguns, “Deus nos deu”.
Até para a semana.
1 comentário:
Gostei disto, até por me parecer que a visão de quem escreveu não está a ser deturpada pelos óculos, que muitos querem nós usemos para distorcer a realidade que temos.
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