Num curto espaço de tempo a TAP passou de uma empresa endividada
para uma empresa dividida.
Com a privatização resolveu-se o problema da falta de liquidez
da empresa e projetou-se futuro na TAP, com nova visão e com a expectável
aquisição de novos aviões.
Com a nova divisão acionista dividiu-se a empresa.
É este o resultado do memorando de entendimento que foi assinado entre o Estado
e o consórcio Gateway.
A nova divisão acionista prevê uma empresa que será 50% pública,
com a aquisição pelo Estado de mais 11% do capital, comprometendo-se aquele a
não deter participação superior a 50%.
45% que ficará na posse do consórcio Atlantic Gateway.
5% que será para subscrição pelos trabalhadores.
Diremos que a solução encontrada não agradou a ninguém.
O Governo pretendia a maioria do capital e ficou-se pelos 50%,
tendo ainda que adquirir 11% do capital e, fica “fora” da gestão, a qual é
assegurada pelo consórcio. Neste contexto, não se entende qual a razão da
presença pública de 50% no capital da empresa. É o acionista figurante.
O consórcio Atlantic Gateway perdeu a maioria do capital, passou
de 61% para 45%, perdeu expressão no capital da empresa.
Politicamente não agradará aos partidos que integraram a PAF,
porque esta não será a solução por eles defendida para dar robustez à TAP e
para retirar o Estado do capital da empresa.
Como não será defendida pelos partidos à esquerda, pois a
empresa mantém-se privatizada e com gestão privada.
O consórcio terá aceitado esta redução da sua participação de
forma a manter-se na empresa, ficando com a gestão executiva, e ficando também
com a expectativa de futuramente ganhar uma posição acionista maioritária. Fica
numa situação de privilégio para o vir a conseguir.
Este terá sido um passo intermédio para a privatização plena da
TAP. Por alguma razão se reverteu apenas parte do negócio, mas não a
privatização da empresa.
O que quer dizer que a privatização tem uma larga base de apoio,
apenas o atual Governo quis marcar uma posição, nada mais do que isso. O erário
público é que terá que suportar mais esta teimosia governativa.
A solução encontrada será certamente transitória. Não se antevê
que dure muitos anos.
Primeiro porque o modelo definido terá fraco sentido
gestionário. Segundo porque o natural caminho da empresa será a privatização,
uma plena privatização e não uma tímida privatização como aquela que agora foi
preconizada.
O sinal que o país deu aos investidores externos também não terá
sido o mais recomendável.
Não podemos andar a apelar ao investimento externo em Portugal
e, quando ele acontece, anulamos contratos, não pelo seu incumprimento, mas por
questões meramente ideológicas.
Até para a semana
Rui Mendes
Sem comentários:
Enviar um comentário