i)
Estados
de Espirito
No rescaldo desta eleição presidencial, comungamos da linha de
pensamento apresentada em forma poética por “Versos Diversos” sobre as causas e
consequências da Abstenção. Aceitamos provisoriamente
que o povo esteja em estado de desilusão.
O que também temos de perceber é que o acto de votar é tanto um direito
quanto é um dever de fazer escolhas democráticas. E que, abreviando este
assunto: qualquer cidadão só pode ter direitos quando efectivamente os exerce…
e não apenas quando os reclama.
Quanto à vitória de Marcelo
Rebelo de Sousa assenta-lhe bem porque como, aliás, já vimos explicado
ganhou ao centro e foi buscar votos a todos os seus concorrentes à esquerda.
Sem apelo nem agravo. A esquerda perdeu demasiado tempo a olhar-se no seu velho
e dividido espelho.
Se não estamos enganados, parte da sua estratégia vencedora consistiu
(ou vai consistir) em recuperar «o Imaginário» que ainda hoje existe sobre os
Presidentes da I Republica que passavam por ser homens comuns discretos (e
alguns eram-no mesmo).
Que iam para o Palácio de Belém a pé ou de electrico, pagavam a renda,
não tinham carro oficial nem motoristas e
não renegavam as suas raízes rurais. Posicionavam-se politicamente acima
dos jogos parlamentares e da baixa politica. Eram homens letrados e sensatos. Conciliadores e bastante
conhecedores do modo de ser profundo do seu povo.
Como a I Republica já vai um tanto distante não vamos, porém, deixar de
registar no Al tejo que tudo pode enquadrar-se
“numa certa ética republicana” que marcou esses tempos e não vemos razão
nenhuma para que não torne a marcar (salvo as devidas distâncias) estes novos
tempos. Como também o pretendia Sampaio da Nóvoa.
O país ficou cansado de presidentes perigosamente sonsos, tipo Tomás/Cavaco,
que veio do centro e acabou muito à direita sem ligação ao povo que somos.
Marcelo Rebelo de Sousa, certamente um bom conhecedor da nossa história
politica aproveitou esta circunstância de uma forma superiormente consistente.
Reparem como na ultima frase do seu discurso de vitória eleitoral
acabou a falar da: “Hora (FP), da nossa História e das memórias da nação”. Como
apelo sentido, participado e profundo de uma nação intemporal que tem de permanecer
viva e moderna.
Por hoje, já que estamos num “tempo
novo” (e de alguma renovação) no país,
vamos também apontar, ao de leve, que tudo o que vier a acontecer com Marcelo
Rebelo de Sousa na Presidência, é tudo aquilo que o Alandroal também anda a precisar
e não se vê ´ uma qualquer maneira entusiasmada
de acontecer`.
Com efeito, o Alandroal, anda a
parecer-se com uma Vila onde mora a Tristeza e onde pairam os fantasmas da
desilusão. Onde a coesão social e o amor à terra é apenas como as “velas do
altar que dão luz e vão morrendo”.
Há razões para isso e a atitude
mais adequada é ninguém pôr-se fora do barco. Dos que governam a Autarquia aos
que vão sendo a Oposição.
Não estamos, aliás, esquecidos que a
Presidente, em campanha eleitoral,
prometeu realizar um grande seminário pós eleições para inventariar e estudar as causas, os
remédios e as alternativas para este estado das coisas e de acentuado subdesenvolvimento
local.
Passaram-se dois anos e o tal
seminário nem vê-lo… e quanto ao dito estudo de fundo nem pensar. A ilação: não
será apenas FAM em demasia?
Seja como for das tais razões que
andam a tornar o Alandroal uma Vila fantasma reparem numa segunda causa: os
poderes responsáveis tornaram-se incapazes de projectar e produzir “uma energia
e ideias genuínas” de algum desenvolvimento.
O que parece dominante são os
preconceitos partidários e a miragem permanente das maiorias absolutas como se
estas fossem o único caminho de futuro democraticamente aceite e participativo.
Acrescentaria ainda que tudo o que
tem vindo a ser feito em termos de desempenho autárquico continua sem ter
grandes reflexos no bem estar da população em termos de emprego, em termos de
requalificação urbana. Ou em termos de programada e sustentável reanimação
cultural.
Finalmente, para ficarmos por aqui, e não
excluindo ninguém da sua quota parte de responsabilidades, apontamos uma vez
mais para uma sugestão: os Orçamentos Participativos não seriam uma via de
diminuir “esta tristeza de vila” sem chama e já sem mística.
E onde, porventura, «se pensam as
coisas sem pensar verdadeiramente como fazer as coisas» numa espécie de
exercício autárquico com menor utilidade que não vai deixar grandes saudades.
Será isto? Será este o caminho para
superar as tendências negativas que andam a engrossar as nuvens negras que
estão a marcar o dia a dia do Concelho?
Será que estamos, por ora, perto de uma meia- verdade que todos desejamos que
não venha apenas a tornar-se numa mentira inteira?
iii)
Estado da Terra
Parece-nos uma ideia bastante acertada levar a Exposição dos Forais
concelhios para o Museu Distrital de Évora. Assim como pareceria bem que pudessem ser expostos em
mais museus do país. Em Lisboa, vistos e apreciados nas Televisões. É apenas
uma questão de iniciativa e abertura da Câmara.
Assim como seria de extrema utilidade que fossem objecto de trabalhos
jornalísticos com projecção nacional. Ou, ainda, que passassem a estar expostos
para consulta na sede dos Paços do Concelho. Ensinados e discutidos nas nossas
escolas.
Tornar os Forais decifráveis e compreensíveis à população, observá-los
com atenção, vê-los vertidos em folhetos, programar para Setembro uma sua completa
(re)apresentação, será assim uma coisa feliz e bem achada doutro… ou também deste
nosso mundo local em comunicação social aberta?
Melhores saudações
António Neves Berbem
(29/1/2016)
6 comentários:
Caro ANB, discordando de muito e concordando com pouco do que assinala nos primeiros pontos, vou apenas manifestar-me em relação aos forais manuelinos de Juromenha, Alandroal e Terena: Não sei se sabe, mas existem em todo o país mais de quinhentos forais dados aos concelhos por D. Manuel, mais umas centenas dados pelos outros reis anteriores; portanto há umas boas centenas de forais e expô-los a todos em Lisboa, como refere, não fazia sentido, muito menos nesta altura que se está a comemorar os 500 anos desses mais de quinhentos forais manuelinos.
A exposição permanente nas sedes de concelho, no Alandroal e nas outras terras, é pouco praticável, já que são documentos com cinco séculos que requerem um ambiente especial, para além de seguros caríssimos;por estas razões, segurança e conservação, exemplares de todo o país estão guardados na Torre do Tombo.
Quanto a torná-los decifráveis, como já deve saber, porque estava no programa de 16 de Janeiro, foi lançado o livro dos três forais, onde, para além das cópias de todas as páginas dos três, está a tradução para português actual e vários artigos que explicam as origens, os preceitos, as intenções destes documentos; julgo que quem se interesse tem aqui onde ficar a saber muito sobre o assunto.
Sobre o "Estado da Terra", resposta mais que esclarecedora do anónimo de 1 de Fevereiro de 2016, às 15:52. Nunca é tarde para aprender!
Obs.
Como não sei com quem estou a dialogar sobre esta temática dos Forais,tenho de dizer muito brevemente que a argumentação apresentada não deixou de me parecer lógica e justificadora mas apenas do que tem vindo a ser feito... e não do mais que poderia ser feito com novas iniciativas.
A menos que ainda haja alguma surpresa, em Março, parece-me que, pensando bem, e com o algum conhecimento que ambos parecemos ter dos Forais, tudo quanto veio a ser feito ou tudo quanto vier a ser feito não será ainda,nem deverá ser visto como «o fim e o fecho» ultimo destas comemorações.
De qualquer modo registei o seu comentário porque, no fundo, estamos certamente juntos na apreciação do valor histórico precioso e único que têm os 3 Forais de Juromenha,Terena e Alandroal.
Cumprimentos
ANB
Reparando que os comentários que aparecem ao que o ANB escreve, têm por norma, de modo direto ou empacotado denegrir ou desvalorizar os seus escritos, fico admirado porque responde, - sempre com aquela delicadeza de quem é cortês e educado - a quem não se quer identificar.
Delicadeza e cortezia,
"acessórios" já demais;
deixemos a primazia...
o tema são os Forais!
Parece que senhor ANB anda muito desatento, e quando fala em Fantasmas demonstra total desrespeito pela sua terra e pelas suas raízes que tanto diz ser defensor. Demonstra sempre grande repúdio acerca dos políticos locais (não só deste executivo atente-se que nos anteriores as suas críticas foram sempre assíduas de forma bastante negativa), certo é que críticas destrutivas e sem conhecimento da realidade não ajudam em nada o Alandroal.
Quanto ao facto dos comentários serem anónimos há que respeitar as pessoas que o querem fazer deste modo pois isso não descredibiliza a opinião nem validade dos mesmos.
Um bem haja senhor ANB
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