sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

ORELHUDOS DO CARAÇAS - Uma Cronica do A.N.B.

                                                      ORELHUDOS do CARAÇAS 

i)                     Estados de Espirito
No rescaldo desta eleição presidencial, comungamos da linha de pensamento apresentada em forma poética por “Versos Diversos” sobre as causas e consequências  da Abstenção. Aceitamos provisoriamente que o povo esteja em estado de desilusão.
O que também temos de perceber é que o acto de votar é tanto um direito quanto é um dever de fazer escolhas democráticas. E que, abreviando este assunto: qualquer cidadão só pode ter direitos quando efectivamente os exerce… e não apenas quando os reclama.
Quanto à vitória de Marcelo  Rebelo de Sousa assenta-lhe bem porque como, aliás, já vimos explicado ganhou ao centro e foi buscar votos a todos os seus concorrentes à esquerda. Sem apelo nem agravo. A esquerda perdeu demasiado tempo a olhar-se no seu velho e dividido espelho.
Se não estamos enganados, parte da sua estratégia vencedora consistiu (ou vai consistir) em recuperar «o Imaginário» que ainda hoje existe sobre os Presidentes da I Republica que passavam por ser homens comuns discretos (e alguns eram-no mesmo).
Que iam para o Palácio de Belém a pé ou de electrico, pagavam a renda, não tinham carro oficial nem motoristas e  não renegavam as suas raízes rurais. Posicionavam-se politicamente acima dos jogos parlamentares e da baixa politica. Eram homens  letrados e sensatos. Conciliadores e bastante conhecedores do modo de ser profundo do seu povo.
Como a I Republica já vai um tanto distante não vamos, porém, deixar de registar no Al tejo que tudo pode enquadrar-se   “numa certa ética republicana” que marcou esses tempos e não vemos razão nenhuma para que não torne a marcar (salvo as devidas distâncias) estes novos tempos. Como também o pretendia Sampaio da Nóvoa.
O país ficou cansado de presidentes perigosamente sonsos, tipo Tomás/Cavaco, que veio do centro e acabou muito à direita sem  ligação ao povo que somos.
Marcelo Rebelo de Sousa, certamente um bom conhecedor da nossa história politica aproveitou esta circunstância de uma forma superiormente consistente.

Reparem como na ultima frase do seu discurso de vitória eleitoral acabou a falar da: “Hora (FP), da nossa História e das memórias da nação”. Como apelo sentido, participado e profundo de uma nação intemporal que tem de permanecer viva e moderna. 

 ii)                    Estado das Coisas
Por hoje, já que estamos num “tempo novo” (e de alguma renovação)  no país, vamos também apontar, ao de leve, que tudo o que vier a acontecer com Marcelo Rebelo de Sousa na Presidência, é tudo aquilo que o Alandroal também anda a precisar e não se vê  ´ uma qualquer maneira entusiasmada de acontecer`.
Com efeito, o Alandroal, anda a parecer-se com uma Vila onde mora a Tristeza e onde pairam os fantasmas da desilusão. Onde a coesão social e o amor à terra é apenas como as “velas do altar que dão luz e vão morrendo”.
Há razões para isso e a atitude mais adequada é ninguém pôr-se fora do barco. Dos que governam a Autarquia aos que vão sendo a Oposição.
Não estamos, aliás, esquecidos que  a  Presidente, em campanha eleitoral,  prometeu realizar um grande seminário pós eleições  para inventariar e estudar as causas, os remédios e as alternativas para este estado das coisas e de acentuado subdesenvolvimento local.
Passaram-se dois anos e o tal seminário nem vê-lo… e quanto ao dito estudo de fundo nem pensar. A ilação: não será apenas FAM em demasia?
Seja como for das tais razões que andam a tornar o Alandroal uma Vila fantasma reparem numa segunda causa: os poderes responsáveis tornaram-se incapazes de projectar e produzir “uma energia e ideias genuínas” de algum desenvolvimento.
O que parece dominante são os preconceitos partidários e a miragem permanente das maiorias absolutas como se estas fossem o único caminho de futuro democraticamente aceite e participativo.
Acrescentaria ainda que tudo o que tem vindo a ser feito em termos de desempenho autárquico continua sem ter grandes reflexos no bem estar da população em termos de emprego, em termos de requalificação urbana. Ou em termos de programada e sustentável reanimação cultural.
 Finalmente, para ficarmos por aqui, e não excluindo ninguém da sua quota parte de responsabilidades, apontamos uma vez mais para uma sugestão: os Orçamentos Participativos não seriam uma via de diminuir “esta tristeza de vila” sem chama e já sem mística.
E onde, porventura, «se pensam as coisas sem pensar verdadeiramente como fazer as coisas» numa espécie de exercício autárquico com menor utilidade que não vai deixar grandes saudades.
Será isto? Será este o caminho para superar as tendências negativas que andam a engrossar as nuvens negras que estão a marcar o dia a dia do Concelho?
 Será que estamos, por ora, perto  de uma meia- verdade que todos desejamos que não venha apenas a tornar-se numa mentira inteira?   
  
   iii)                 Estado da Terra
Parece-nos uma ideia bastante acertada levar a Exposição dos Forais concelhios para o Museu Distrital de Évora. Assim como  pareceria bem que pudessem ser expostos em mais museus do país. Em Lisboa, vistos e apreciados nas Televisões. É apenas uma questão de iniciativa e abertura da Câmara.


Assim como seria de extrema utilidade que fossem objecto de trabalhos jornalísticos com projecção nacional. Ou, ainda, que passassem a estar expostos para consulta na sede dos Paços do Concelho. Ensinados e discutidos nas nossas escolas.
Tornar os Forais decifráveis e compreensíveis à população, observá-los com atenção, vê-los vertidos em folhetos, programar para Setembro uma sua completa (re)apresentação, será assim uma coisa feliz e bem achada doutro… ou também deste nosso mundo local em comunicação social aberta?
 Melhores saudações   
António Neves Berbem
                      (29/1/2016)

6 comentários:

Anónimo disse...

Caro ANB, discordando de muito e concordando com pouco do que assinala nos primeiros pontos, vou apenas manifestar-me em relação aos forais manuelinos de Juromenha, Alandroal e Terena: Não sei se sabe, mas existem em todo o país mais de quinhentos forais dados aos concelhos por D. Manuel, mais umas centenas dados pelos outros reis anteriores; portanto há umas boas centenas de forais e expô-los a todos em Lisboa, como refere, não fazia sentido, muito menos nesta altura que se está a comemorar os 500 anos desses mais de quinhentos forais manuelinos.
A exposição permanente nas sedes de concelho, no Alandroal e nas outras terras, é pouco praticável, já que são documentos com cinco séculos que requerem um ambiente especial, para além de seguros caríssimos;por estas razões, segurança e conservação, exemplares de todo o país estão guardados na Torre do Tombo.
Quanto a torná-los decifráveis, como já deve saber, porque estava no programa de 16 de Janeiro, foi lançado o livro dos três forais, onde, para além das cópias de todas as páginas dos três, está a tradução para português actual e vários artigos que explicam as origens, os preceitos, as intenções destes documentos; julgo que quem se interesse tem aqui onde ficar a saber muito sobre o assunto.

Anónimo disse...

Sobre o "Estado da Terra", resposta mais que esclarecedora do anónimo de 1 de Fevereiro de 2016, às 15:52. Nunca é tarde para aprender!

Anónimo disse...



Obs.


Como não sei com quem estou a dialogar sobre esta temática dos Forais,tenho de dizer muito brevemente que a argumentação apresentada não deixou de me parecer lógica e justificadora mas apenas do que tem vindo a ser feito... e não do mais que poderia ser feito com novas iniciativas.
A menos que ainda haja alguma surpresa, em Março, parece-me que, pensando bem, e com o algum conhecimento que ambos parecemos ter dos Forais, tudo quanto veio a ser feito ou tudo quanto vier a ser feito não será ainda,nem deverá ser visto como «o fim e o fecho» ultimo destas comemorações.

De qualquer modo registei o seu comentário porque, no fundo, estamos certamente juntos na apreciação do valor histórico precioso e único que têm os 3 Forais de Juromenha,Terena e Alandroal.

Cumprimentos


ANB

Anónimo disse...

Reparando que os comentários que aparecem ao que o ANB escreve, têm por norma, de modo direto ou empacotado denegrir ou desvalorizar os seus escritos, fico admirado porque responde, - sempre com aquela delicadeza de quem é cortês e educado - a quem não se quer identificar.

Anónimo disse...


Delicadeza e cortezia,
"acessórios" já demais;
deixemos a primazia...
o tema são os Forais!

Anónimo disse...

Parece que senhor ANB anda muito desatento, e quando fala em Fantasmas demonstra total desrespeito pela sua terra e pelas suas raízes que tanto diz ser defensor. Demonstra sempre grande repúdio acerca dos políticos locais (não só deste executivo atente-se que nos anteriores as suas críticas foram sempre assíduas de forma bastante negativa), certo é que críticas destrutivas e sem conhecimento da realidade não ajudam em nada o Alandroal.
Quanto ao facto dos comentários serem anónimos há que respeitar as pessoas que o querem fazer deste modo pois isso não descredibiliza a opinião nem validade dos mesmos.

Um bem haja senhor ANB