sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

A CRONICA DE OPINIÃO QUE ESTÁ A SER TRANSMITIDA HOJE NA RÁDIO DIANA/FM


                                                 OE 2016 - Primeiros sinais

Sexta, 29 Janeiro 2016
Após um interregno decorrente do período eleitoral voltamos a encontrar-nos neste espaço.
As eleições presidenciais tiveram o desfecho previsível, absolutamente previsível. Outro, de facto, não seria de esperar.
Os eleitores responderam de uma forma clara, elegendo Marcelo Rebelo de Sousa, não permitindo sequer a existência de uma 2ª volta.
E desta feita o vencedor irá mesmo desempenhar o cargo para que foi eleito.
Neste caso não será possível dar-lhe outra volta.
Mas vamos ao tema principal desta crónica: o Orçamento de Estado para 2016.
As informações que vamos recolhendo são preocupantes. Muito preocupantes.
O Conselho de Finanças Públicas terá dúvidas sobre o cenário macroeconómico e a estratégia orçamental propostas pelo Governo.
Dúvidas sobre a previsão de crescimento de 2,1%, sobre a redução do défice orçamental de 2,6% e, dúvidas também com a redução em 0,2% no ajustamento estrutural.
As agências de rating Moody´s, Fitch e a Standard & Poor´s não corroboram das projeções macroeconomias constantes da proposta de OE/2016, referindo que é um OE otimista e irrealista.
A Fitch alerta que a decisão da nova revisão do rating de Portugal acontecerá em Março, deixando pairar que irá rever o nosso rating. Ainda se recordam do que Portugal passou quando as agências de rating foram revendo sucessivamente em baixa os ratings de Portugal, e
os efeitos que tiveram, entre outros, nas taxas de juro dos novos empréstimos.
A Comissão Europeia questionou o governo relativamente à proposta que lhes foi apresentada e Portugal terá que assumir os seus compromissos europeus. Não se acredita que seja possível outro caminho.
A Comissão Europeia pretende que Portugal cumpra, entre outras, a meta acordada para o défice e terá sérias dúvidas na meta proposta pelo Governo (2,6%).
Nesta matéria Portugal terá de cumprir o estabelecido com os parceiros europeus, não arriscando o incumprimento das metas estabelecidas e não permitindo que em 2016 fique em incumprimento por procedimento por défice excessivo. Seria algo dramático para Portugal.
Já a Unidade Técnica de Apoio Orçamental (UTAO) refere que o défice estrutural é artificialmente melhorado e apresenta riscos de incumprimento, e que o orçamento não cumpre as regras orçamentais estabelecidas.
Dito isto, parece que apenas o Governo acredita na sua proposta OE, o que não poderá deixar de nos preocupar, porquanto os seus efeitos terão repercussões que, a tempo, serão sentidas e receio que caminhemos para tempos de maior instabilidade orçamental.
Entretanto encontra-se a decorrer a 3ª pós-avaliação ao programa de ajustamento de Portugal e veremos qual será o veredicto dos chamados “técnicos”.
No decorrer dos próximos dias iremos conhecer que alterações o Governo fará à sua proposta de OE e dos efeitos que aquelas modificações terão nos acordos à esquerda.
Até porque, naturalmente, cada um quererá tirar vantagens do acordo que estabeleceu. Veremos quem irá pagar esta fatura, se é que não a está já a pagar…
Uma coisa é a teoria, outra é a realidade, mais dura certamente e que nem sempre é agradável de ouvir. Contudo teremos que a encarar como ela é.
Tudo o resto são histórias.
Até para a semana
Rui Mendes

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