sexta-feira, 13 de novembro de 2015

ORELHUDOS DO CARAÇAS - Uma rubrica do A.N.B.


i)                   Estados de Espirito
Não vou ao ponto de dizer que “o poder absoluto corrompe absolutamente”. Vou antes lembrar que um daqueles políticos experientes e muito sabidos da Democracia Cristã italiana, no fim da sua carreira politica, dizia isto: “o poder só desgasta a quem não o tem”.
Salvo uma melhor comparação, o que nós estamos a assistir em Portugal é que a Direita liberal quando se deu conta que ia perder e faltar-lhe o poder e demais vantagens, tornou-se “birrenta” e teve em P.P. Coelho e Paulo Portas, dois ministros radicalizados e birrentos que, em pleno Parlamento, não se coibiram de ameaçar e de dizer que se vingariam, pondo assim os seus interesses partidários à frente dos “tais superiores interesses do País”.
Mais coisa menos coisa é esta «a imagem histórica» e de marca da direita portuguesa. Demasiado autocentrada na defesa dos seus interesses. E nesta fase apenas interessada em manter o poder pelo poder; “o tal que afinal só desgasta a quem não o tem”…!
Passando para um outro plano, podemos também verificar que Portugal teve, pela primeira vez, desde há muitos anos, um político socialista que soube transformar um desaire numa vitória fazendo os acordos necessários com o PCP e o BE..
António Costa, fez isso e teve coragem para o assumir no quadro democrático e parlamentar em que vivemos. Diria que é desta essência que se fazem os bons governos e os bons políticos e aqueles que podem concretamente mudar as coisas.
Vem-nos, imediatamente, à memória o exemplo de W. Churchill que transformou uma (quase) derrota às mãos de Hitler numa vitória histórica contra o nazismo…assim como Hitler virou uma (quase) vitória numa derrota total. Se bem que, como Churchill proclamou, à custa «de muito sangue, suor e lagrimas».    
No caso presente de Portugal não temos de ter receio de afirmar que a situação é difícil, que a luta com a Direita não vai ter tréguas e que, o mais importante, nem sequer se vai decidir cá dentro. E muito menos com novas ou repetidas eleições…
Será no plano internacional, na União Europeia, no Banco Central Europeu, no FMI, nas agências de rating que muito do nosso futuro se irá decidir.
Dito por outras palavras, Portugal, sempre foi um «país exógeno» (vai com acento para tornar a palavra clara). Ou seja, a sua permanência e evolução com Estado Soberano dependeu sempre de decisões que nos diziam respeito mas nas quais o país não tinha uma intervenção directa.
Se nos é permitida uma incursão histórica, reparem como D. Afonso Henriques teve de pedir ajuda aos Cruzados para conquistar Lisboa e como D. João I casou mais por interesse do que por amor com “Filipa of Lancaster” para dar ao filho D. Henrique uma mãe (e uma educação) aristocrata inglesa.
Ou, como nos séculos seguintes, fomos estando sempre dependentes de marechais e generais alemães, franceses e ingleses na conjuntura das diversas guerras civis que tivemos de ir travando e superando.
Por mais que possa não o parecer esta situação de dependência vai manter-se. Continuaremos interdependentes de Bruxelas pelo que, bem avisado andará o Governo, se der uma atenção redobrada aos assuntos europeus. Como, aliás, parece que vai acontecer na U.E.

     ii)             Estado das Coisas
Tudo leva a crer que Cavaco Silva irá indigitar António Costa para 1º Ministro e a aceitar a nomeação de um novo governo. Agora o que não acreditamos é que o faça sem impor as chamadas “Condições Adicionais”.
Seja porque sempre esteve alinhado com o PSD/CDS. Seja porque pretenderá a exercer a quota parte de poder que ainda detém. Seja porque não estava à espera que lhe aparecesse pela frente, António Costa, com a legitimidade parlamentar,  constitucional e politica que resultou da queda da Coligação na 3ª feira na Assembleia da Republica.
Não se admirem que venha a exigir a inclusão no Governo de membros dos três partidos de esquerda que estão comprometidos com a nova proposta governativa. O importante, já agora, é que o Partido Socialista esteja preparado para contornar os guiões que o Presidente costuma apresentar a quem lhe desagrada. Ou não lhe agrada mesmo nada.  
Acresce que, no fim do seu percurso, de mais de duas décadas de poder vai acabar derrotado. Nada que não tenha já sucedido a outros políticos. O problema não é bem esse.
O problema está e esteve sempre no facto de que a grande maioria do povo português nunca se reviu no carisma e no magistério deste Presidente da Republica.
Nem no modo como foi deixando capturar (e capturar-se?) por interesses económicos e OUTROS que foram sempre piorando a vida dos portugueses. Enquanto nação, enquanto estado e enquanto comunidade de destino.
Como socialista é esta a visão breve que aqui deixamos. Foi sempre um Presidente distante do povo em que os portugueses não se reviam pelo que, agora, já não adianta vê-lo apenas como demasiado formal e institucionalista.
O seu caminho foi sempre outro e bastante parecido com aqueles seres “sem vícios que não acrescentam nada às virtudes de ser (ou sermos) português (es)”.   

     iii)              Estado da Terra
          O tempo passa depressa, o Partido Socialista, acaba de abrir tanto a nível nacional como por este país fora uma nova dinâmica com capacidade própria de liderança eleitoral e governativa. O que vai trazer-nos benefícios e transportar-nos para uma visão de política concelhia inovadora.
Dito assim, é importante observar e fixar que existem, por aqui, condições para o Partido Socialista não seja «muleta de ninguém». E muito menos para se deixar instrumentalizar seja por quem lhe quer entrar pela janela. Ou vier apressadamente de fora.
Em tempo oportuno, com gente nova, com um programa bem feito, com transparência, dizendo claramente aquilo que é capaz de concretizar, o Partido Socialista, como um todo nacional e local, vai ser a opção de governo e desenvolvimento urgente do Concelho.

   António Neves Berbem
      ( 13/11/2015)     



6 comentários:

Anónimo disse...

Citando e parafraseando o enorme Bocage, é tema para dizer:

"...Conta-se que Bocage, ao chegar a casa um certo dia, ouviu um barulho estranho vindo do quintal.
Chegando lá, constatou que um ladrão tentava levar os seus patos de criação.

Aproximou-se vagarosamente do indivíduo e, surpreendendo-o ao tentar saltar o muro com os seus amados patos, disse-lhe:

-Oh, bucéfalo anácrono! Não te interpelo pelo valor intrínseco dos bípedes palmípedes, mas sim pelo acto vil e sorrateiro de profanares o recôndito da minha habitação, levando os meus ovíparos à sorrelfa e à socapa. Se fazes isso por necessidade, transijo... mas se é para zombares da minha elevada prosopopeia de cidadão digno e honrado, dar-te-ei com a minha bengala fosfórica bem no alto da tua sinagoga, e o farei com tal ímpeto que te reduzirei à quinquagésima potência que o vulgo denomina nada.

E o ladrão, confuso, diz:
-Doutor, afinal levo ou deixo os patos?..."

Tão actual na nossa política contemporânea...e não só!

Manuel do Ó

Anónimo disse...

NÃO ACREDITO NA EQUIPA DO PS PARA A CÂMARA, A NÃO SER QUE HAJA GRANDES ALTERAÇÕES NOS CANDIDATOS.
QUEM TÊM TUDO A FAVOR É O MUDA. PARA MAIS NA ALIANÇA COM CDU PARA AFASTAR O PS. (SIM PORQUE AÍ ENTENDEM-SE SEMPRE).

Anónimo disse...

Acrescento à crónica local alguns zuns zuns, fundados ou infundados, mas que são a prova provada de que cada vez por aqui as coisas correm numa linha de água cada vez mais serpenteada.
Ora:
consta por ai que o partido socialista vai ter novos militantes. Nada mais, nada menos, do que duas dezenas de novos propostos para integrar a militância local.
Consta por aí ainda que destes novos 20 militantes socialistas, 20 precisamente, saem precisamente das fileiras MUDA.
Ora algumas questões se levantam deste desertar MUDA para o SOCIALISMO.
Será que os propostos em questão, serão todos aqueles já anteriormente socialistas que saíram de livre e de espontânea vontade e que agora voltam com vontade e empenho a jurar solenemente (sobre a “Bíblia socialista”) estar de acordo com a missão, ideias, ideais, valores e politicas socialistas?
Esta é para mim uma questão essencial e de fundo. Vejamos o que dizem os anais de todos os partidos políticos, mais palavra menos palavra, sobre a militância e sobre o ser –se militante. “Um militante político é assim, por definição, todo o que desenvolve a sua militancia dentro de um partido e que participa nos atos partidários e difunde as suas propostas para que o seu partido consiga colocar os seus candidatos em cargos públicos.”
Então, assim sendo, deixará o MUDA de existir? Melhor, existirá o MUDA como Movimento político? O MUDA(R) , entretanto constituído, é um movimento político ou simplesmente se transformou num meio de passagem, de assalto ao socialismo local ( com interesses mais vastos? Como exercerão os novos candidatos, um dia¸ futuramente, militantes socialistas de pleno direito o seu dever de lealdade política para com os interesses e ideáis socialistas, a sua visão do seu partido de acolhimento? Que interesses defenderão? Deixarão o MUDA(R)? Ou passará o MUDA a ser uma voz socialista? ou será apenas uma pequena célula? ou então uma fusão por inteiro com o seu lider (grilo a comandar os destinos socialistas?
Passarão as bandeiras do MUDA (R) a sobrepor-se às bandeiras socialistas e esvoaçar à vontade, na caravana dos candidatos socialistas, às próximas eleições camarárias, tal como esvoaçaram, no apoio ao partido comunista nas últimas eleições camarárias?
Claro que estas questões aquí levantadas são um mero exercicio de pensamento livre. Porque sabemos o que está a juzante de todo este movimento “ao contrario”. (Socialistas / muda / muda / socialistas).
Por último:
consta também por aí que as promessas eleitorais já começaram a ser feitas. Já há primeiros, segundos e até terceiros mudas em listas do partido socialista e primeiros, segundos, terceiros e quartos socialistas, entre os mudas, nas listas do partido socialista às próximas eleições autárquicas.

Anónimo disse...

Anda tudo ao mesmo, e isto está falido o que seria se não tivesse.

Anónimo disse...

Vamos lá pessoal, as promessas estão na ordem do dia e nós somos um povo muito crente.

Anónimo disse...

Com todo o respeito, basta, chega, esse Senhor já mostrou o que vale, já chega seja em nome do PS do MUDA ou de qualquer outra coisa.