I)
Estados de Espírito
Em
traços gerais, vamos reparando que no mundo actual tal como se apresenta neste
principio do século XXI quase tudo nele é instável. O Al tejo sabe isso e
parece ter esta visão das relações internacionais em curso.
As
quais, como não podia deixar de acontecer se reflectem, de imediato, na ordem
interna dos países que as compõem. Sejam pequenas, médias, ou grandes potências
conforme o poder que vêm demonstrando…sendo que as pequenas andam a contar cada
vez menos.
Os
cinco continentes, as guerras, a violência, os choques de religiões, os
projectos de poderes (velhos e novos) estão em plena afirmação e mutações
diversas.
De
tal maneira é assim que, a não existir uma certa hierarquia e equilíbrio de
poderes entre os países e nas organizações internacionais que o(s) orientam e
vão regulando (como a ONU ou outras agências de poder internacional),o sistema
de relações internacionais pode entrar em colapso.
Por
mais que os optimistas pretendam dizer o contrário, a verdade que deve dominar
as análises é que, realisticamente, o mundo não está para brincadeiras e que
entrou numa fase de mudanças imprevisíveis. Reparem na emergência súbita do
DAESH.
Foi
neste sentido que a Nato foi e é importante. Tal como foi importante, o Pacto
de Varsóvia, criado em 1955 para fazer corresponder os poderes, entre si, tanto
dos USA como da URSS como dos dois blocos que lideravam. De modo a manterem (e
a conseguirem) “a paz possível”.
Mas
não “a paz desejável” num clima de guerras indirectas e por procuração para
evitar uma guerra generalizada, improvável, porque a acontecer desta vez
arrasaria o planeta azul.
Daí
“a co-responsabilidade” que as duas superpotências, repito as duas, assumiram a
partir da assinatura do Tratado de Moscovo logo em 5 de Agosto de 1963 para
evitar «a proliferação vertical e horizontal» das armas atómicas na sequência
do incidente grave de Cuba.
Uma
coisa, porém, é certa: os tratados geralmente por cumprir jamais serviram para
acabar com a rivalidade constante, as guerras indirectas e marginais, a luta
ideológica que orientou o poder dos USA e dos seus aliados ocidentais; ou o
correspondente poder da URSS com os seus aliados de leste.
Isto
para não falar aqui do poder em formação da China e do terceiro-mundismo que
tendiam para ver na Guerra Fria «uma competição quente» entre os imperialismos
capitalista e soviético abrindo espaço certeiro à sua própria afirmação.
De
tudo o que já dissemos, resultam pelo menos duas coisas: (a) que as potências
em competição, o que faziam era recorrer aos seus próprios sistemas de valores
e poderes para justificarem ou condenarem e rivalizarem com os comportamentos
dos adversários;
(b)
que sempre existiu uma dramática hierarquia competitiva entre as grandes potências
que foi desembocando em tragédias sucessivas. Basta lembrar a tragédia nazi
para ver que a dita hierarquia dos poderes é um facto permanente.
Ou
até que desta realidade decorreu sempre uma ordem imperial romana, uma ordem
britânica, uma ordem americana, uma ordem soviética, etc., conforme as épocas
históricas e as regiões.
Até
Portugal, como sabem pretendeu (e terá conseguido impor) uma ordem marítima
oceânica/ mundial dominando metade do mundo após ter negociado, em Tordesilhas,
com Castela a partilha das áreas de influência e de exploração colonial onde,
aliás, avultou tanto quanto as especiarias o comércio altamente lucrativo de
escravos e “a descoberta” do Brasil.
Em
síntese, vamos dizer que, época após época, o que por demais encontramos são
“santos e pecadores”. Assim foi com o poder “hierarquizado“ e universal da
Igreja. Assim será.
Dito de
uma forma ainda mais simples, todos os poderes têm “os defeitos das virtudes”.
Sobretudo se forem imperiais, excessivos, guerreiros e pouco democráticos! Putin
não é sacristão nem Obama é padre.
ii) Estado das Coisas
Estamos a pouco menos de uma semana dos dois dias mais frenéticos do ano
político em curso. O que está principalmente em causa é uma outra forma de
fazer política contra a hegemonia da direita liberal. Com a transferência óbvia
de poder e mudança de protagonismos.
António Costa como é sabido fixou 4 objectivos na
noite de 4 de Outubro adequados ao tempo que vivemos. Sem violação dos tratados
internacionais a que Portugal está vinculado. O tempo “das carpideiras” terá
terminado por mais que Pedro Passos Coelho ande a oferecer alternativas de última
hora.
O decisivo, quanto a nós, neste momento, é o PCP e o BE
aceitarem que é bem melhor que o Partido Socialista seja governo do que deixar
uma qualquer nova direita fazer mais do mesmo. Uma coisa são os programas
políticos diferentes, outra coisa são as realidades e as desigualdades sociais
com que o país se confronta e se vêm agravando.
Em resumo, o país não precisa agora de novos
pregadores e ministros angariadores de seguros. Precisa, isso sim, de coesão
social, de fazer escolhas, ter políticos corajosos, e capazes de assumir contra
a direita que “os sem poder podem ter e ver-se representados no poder”.
iii) Estado da Terra
Vimos
com agrado que o Concelho do Alandroal integra a Associação Transfronteiriça do
Lago do Alqueva, a ATLA. É melhor que assim seja porque se trata de beneficiar
de fundos europeus que podem alterar, por aqui, a paisagem social e económica.
Mas isso não basta, o anúncio só por si não chega.
O que se torna urgente, é a Autarquia pensar, liderar
e incentivar projectos de desenvolvimento local, perspectivando no terreno
actividades inovadoras a curto/médio prazo.
Pondo em evidência que o Concelho não está condenado
«a uma morte lenta» se envolver nesta oportunidade, a participação dos seus
munícipes e os demais interessados. Externos e internos.
Será uma tarefa com espinhos e dificuldades mas
perfeitamente justificada e viável.
António Neves Berbem
( 6/XI/
2015)
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