segunda-feira, 3 de agosto de 2015

ORELHUDOS DO CARAÇAS (a) - Por A.N.B.

I.      Estados de Espírito
 Esta crise financeira aguda em curso, na Grécia e na União Europeia, vem-nos revelando uma das facetas e lições mais perigosas do sistema de relações internacionais em exercício que é esta: atenção “jamais se deve humilhar um Vencido”.
Foi isso mesmo que aconteceu no fim da I Guerra Mundial com Alemanha abrindo, claro está, um caminho imediato à emergência vingativa da II Guerra hitleriana. Foi, aliás, isso que depois não veio a acontecer (e bem) pós-1945 com a criação da CECA e a seguir da CEE (1957) tendo em vista a rápida reintegração alemã e a reconciliação franco-alemã com o auxilio americano através do Plano Marshall. (Ora aqui está uma coisa que afinal correu bem na Europa).
Pelos vistos, foi o que agora esteve,uma vez mais, perto de acontecer com consequências ainda por avaliar. Dito de outro modo e para além do peso e da influência dos vários parâmetros financeiros: a Grécia jamais deve ser humilhada e ser obrigada a sair quer da União Europeia quer do Euro. Se sair, abre-se um precedente imediato muito grave na sustentação politica e democrática da União Europeia. E,a médio prazo, acaba com este modelo de organização supranacional europeia bastante rico mas algo egoista. Sendo que todos os países sairão prejudicados com Portugal na calha e à cabeça.
A própria Alemanha acabará por não ganhar o que julga com as amputações europeias no flanco sul e, para já, da Grécia . Acrescido ao facto, de ali ao lado, a Turquia, ainda não integrar a U.E dada a conhecida posição de Berlim.
Vejam, a titulo de exemplo, e por esta vez,a postura cuidadosa nestas negociações gregas da Chanceler A. Merkl, em oposição à pose arrogante do seu Ministro das Finanças, Shauble. Portanto o que se pode e deve esperar de Bruxelas será sempre a máxima cautela. 
Independentemente das divisões entre o norte e o sul europeu que se possam apresentar em torno da questão das ditas dividas soberanas.É uma questão importante mas não tem de ser decisiva. Nem nunca o foi em definitivo! As nações são comunidades de destino que merecem, entre si, um respeito históricamente justo e adequado.
Neste contexto quer-nos parecer que a Alemanha anda e começou a abusar da posição dominante no seio da U.E. Diria mais, não há nenhum país da Europa que não tenha más recordações da Alemanha. E acrescentaria: até os alemães tem más recordações de si mesmos. 
É preciso reparar que no sul e no leste da Europa,a Alemanha começou a ser vista como um exportador agressivo e insensível às necessidades dos países mais pequenos. Considerada como uma nova potência europeia incontornável, tornou-se mais uma vez receada. O ressurgimento da Alemanha aí está. Faltar-lhe-á apenas a vertente militar.Embora já vá possuindo o nuclear.

Melhores saudações
    Antonio Neves Berbem
     ( 3/8/ 2015) 
(Segunda parte a publicar amanhã)  

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