sexta-feira, 19 de junho de 2015

CRONICA DE OPINIÃO TRANSMITIDA HOJE NA DIANA/FM


Sexta, 19 Junho 201
Hoje parece estar tudo contra as medidas de ajustamento que foram tomadas, pese embora tenham sido elas que salvaram o nosso pais e nos puseram numa situação diferente da grega.
O Syriza apareceu como o salvador da pátria. Assumiu compromissos que não terão que ser outros a suportar. A solidariedade entre Estados terá os seus limites, e teremos que compreender esses limites.
Hoje passados apenas 4 meses da nova governação a Grécia estará certamente pior, muito pior. Era expectável que em 2015 a Grécia apresentasse um crescimento da sua economia na ordem dos 3% e uma taxa de desemprego de 25%.
Contudo, a taxa de desemprego disparou, o levantamento em cash é uma constante, a fuga de capitais para o exterior é permanente, o futuro dos gregos uma incerteza. É o salve-se quem puder. E os governantes, para se desresponsabilizarem, culpam os seus parceiros, aqueles que já lhes perdoaram um montante parcial da divida superior ao empréstimo feito a Portugal, por não aceitarem continuar a financiar o pais segundo as regras definidas pelo Governo “Syriza”, e com o fundamento de que deverão governar de acordo com as suas propostas eleitorais.
Naturalmente que os credores da Grécia terão as suas condições para continuar a financiar o país. Condições que levem ao equilíbrio e recuperação da economia grega. Será certamente esse o sentido das condições.
Não será desejável ver um país membro fora do euro, mas não será aceitável que um país imponha sucessivamente condições que penalize os demais.
É fundamental que se estabeleçam relações de confiança.
O governo português conseguiu estabelecer essa relação de confiança com os restantes membros. E foi também por se ter conseguido essa relação que o país melhorou, os nossos parceiros tem reconhecido o esforço que nos tem sido pedido.
Não se trata de defender políticas de austeridade. Certamente todos teremos algum desconforto com algumas, senão muitas, das medidas aplicadas.
Trata-se da necessidade de conseguir o equilíbrio financeiro do pais, de perceber que não podemos viver com empréstimos externos, que só poderemos oferecer um sistema de justiça, um sistema educativo, um sistema de saúde, um sistema social, enfim sistemas que possam ser suportados pelo país.
Criar sistemas insustentáveis é algo que não permitirá a sua continuidade e que, mais tarde ou mais cedo, entrarão em ruptura.
É bom recordar que o inicio da austeridade em Portugal aconteceu a partir de 2010 e foi tendo nos vários Programas de Estabilidade e Crescimento, nos PEC’s, um conjunto de medidas restritivas, tais como a redução progressiva dos salários da administração pública, o congelamento das promoções e progressões na função pública, o aumento das contribuições dos trabalhadores para a CGA, o congelamento das pensões em 2011, as alterações do sistema de deduções e de benefícios fiscais em sede de IRS, o aumento da taxa do IVA, e tantas outras aplicadas a partir de 1 de Janeiro de 2011.
Aplicar as medidas do programa de ajustamento não foi fácil. Foi necessário muita determinação. E o Governo mostrou essa firmeza.
Esse querer em inverter as rotas de colisão que o país tomou a partir de 2008, em dar respeitabilidade e confiança ao país.
Hoje é fácil falar nas alternativas, em novas medidas, em medidas antiausteridade.
Pela simples razão que o país foi equilibrado, que a confiança na economia aumentou, que o país conseguiu assegurar o seu financiamento por um período mais alargado, dando assim condições de maior estabilidade ao funcionamento da economia.
E é esta maior segurança económica que nos permite hoje viver com maior tranquilidade e esperança.
Saibamos nós reconhecer quem, com determinação, contribuiu para esse esforço.
Até para a semana
Rui Mendes


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