quinta-feira, 11 de junho de 2015

A CRONICA DE OPINIÃO TRANSMITIDA HOJE NA RÁDIO DIANA/FM


Quinta, 11 Junho 2015
No passado sábado dezenas de milhares de portugueses, vindos de todos os pontos do país, desfilaram na Avenida da Liberdade sob o lema “A força do povo”.
Este facto seria mais do que suficiente para que a comunicação social olhasse para esta marcha com a curiosidade necessária para recolher e publicar imagens que mostrassem a real dimensão do acontecimento.
Nada disto aconteceu. Tivemos imagens parciais, imagens do orador principal, uma ou outra curiosidade sobre um cartaz mais ousado ou sobre um bigode de maior dimensão.
A imagem que esperávamos ver nas televisões era aquela que presenciámos no local, uma avenida repleta, com cem mil pessoas a exigirem uma política diferente.
Mas para conseguirmos ver essa imagem foi preciso recorrer a televisões estrangeiras ou a imagens recolhidas por militantes comunistas que participaram na manifestação.
É claro que tratando-se de uma iniciativa da CDU não esperava propriamente grandes elogios ou favores da imprensa, que estava mais virada para noticiar o não acontecimento da divulgação, pela "enésima" vez nos últimos dois meses, do programa eleitoral de um dos partidos da troika interna.
Esperava no mínimo um lampejo de honestidade e uma simples imagem da avenida cheia de gente que não se rende, que não pactua com a política seguida nos últimos 39 anos. Gente cheia de confiança. Apenas isto. E depois que cada um julgasse por si.
À medida que se aproximam as eleições, vamos ter, como é hábito, um esforço redobrado para mostrar que a alternativa é entre o lume e a frigideira, entre a austeridade intensa e a supostamente moderada. Apelando ao voto útil numa marca, seja ela “esquerda” ou “direita”.
Vão tentar-nos convencer que o encerramento de escolas pelo PS é uma medida de esquerda, se for pelo PSD-CDS é uma medida de direita. Aplicando-se o mesmo para maternidades, centros de saúde, privatizações e mais umas quantas medidas que, à vez, têm levado à prática.
Bem podem esconder manifestações, lutas, iniciativas, que não é por isso que a alternativa deixa de existir. Será mais difícil, certamente, mas na luta por um caminho de esperança não há lugar para desânimos e desistências.
Em contrapartida tivemos boas notícias, com dezenas de comentadores a dar visibilidade a um despedimento de um trabalhador através de um processo iniciado com uma nota de culpa “montada” para obter uma “justa causa”.
Falou-se em indignidade, em canalhice, em comportamento execrável e muitos outros adjectivos.
Não foi nenhum trabalhador de um dos muitos call centers ou de um dos hipermercados e lojas de grande dimensão onde essas coisas costumam acontecer com frequência inusitada. Foi um assalariado de um clube de futebol, com enorme visibilidade mediática e isso fez com que se discutisse uma “nota de culpa” durante dias em horário nobre das televisões.
A boa notícia é que teve visibilidade. A má notícia é que acontece todos os dias com gente que ganha 500 euros por mês e não é notícia de telejornal.
 Até para a semana

Eduardo Luciano

1 comentário:

Anónimo disse...

no alvo!