AUTO-RETRATO/ INTERIOR
Poeta popular mas sem canudo,
Desconhecido de todos, até da escrita,
Noctívago escrevinhador nesta sita
Em que a solidão vale mais que tudo.
Nervoso, assim o é por natureza…
(Dizem estar no genes a inquietação)
Ele há coisas!, vá-se lá saber a razão…
São as palavras sua maior fraqueza!
E dito isto... eu que o conheço bem,
Quando o dia começa a anoitecer
Fecha-se em copas, como lhe convém;
Esta alma inquieta, quase humana,
Vai fluindo sem deixar transparecer
Toda a riqueza na poesia alentejana!
Matias José
Noctívago escrevinhador nesta sita
Em que a solidão vale mais que tudo.
Nervoso, assim o é por natureza…
(Dizem estar no genes a inquietação)
Ele há coisas!, vá-se lá saber a razão…
São as palavras sua maior fraqueza!
E dito isto... eu que o conheço bem,
Quando o dia começa a anoitecer
Fecha-se em copas, como lhe convém;
Esta alma inquieta, quase humana,
Vai fluindo sem deixar transparecer
Toda a riqueza na poesia alentejana!
Matias José
«CANTE DA TERRA»
Mote
Eu sou devedor à Terra,
A Terra me está devendo;
A Terra paga-me em vida,
Eu pago à Terra em morrendo.
(Popular)
Glosas
I
Quadra ao jeito popular,
Não se conhece o autor...
Seja pois ele quem for,
Disse a verdade ao versar.
O terceiro não quis rimar
Mas nem por isso emperra,
Quem o escreveu não erra
Se houver entendimento…
Digo com convencimento,
Eu sou devedor à Terra!
II
A rima tornou-se o fado
Da desdita dos poetas,
Em certas horas incertas
Fica o verso meio-encravado.
Depois de bem retocado
Soa afinado se estou lendo,
Ouvir o que vou dizendo
É como pão para a boca…
Não creias que estou louca,
A terra me está devendo!
III
Toda a terra é sagrada…
Como sagrado o seu pão,
Esta bela conjugação
Merece ser respeitada!
Entender não custa nada
A regra às vezes esquecida,
P’ra que não seja omitida
Um e outro se estão a dever…
Eu pago quando eu morrer,
A terra paga-me em vida!
IV
Tenho tudo o que preciso
Foi a terra quem mo deu…
Diz que um dia vou ser seu,
No chão sagrado que piso.
Há quem lhe chame Paraíso…?
Mas disso eu não entendo,
Dou o que estou recebendo
Quando tal me for pedido…
Saldando o que é devido,
Eu pago à terra em morrendo!
Mote
Eu sou devedor à Terra,
A Terra me está devendo;
A Terra paga-me em vida,
Eu pago à Terra em morrendo.
(Popular)
Glosas
I
Quadra ao jeito popular,
Não se conhece o autor...
Seja pois ele quem for,
Disse a verdade ao versar.
O terceiro não quis rimar
Mas nem por isso emperra,
Quem o escreveu não erra
Se houver entendimento…
Digo com convencimento,
Eu sou devedor à Terra!
II
A rima tornou-se o fado
Da desdita dos poetas,
Em certas horas incertas
Fica o verso meio-encravado.
Depois de bem retocado
Soa afinado se estou lendo,
Ouvir o que vou dizendo
É como pão para a boca…
Não creias que estou louca,
A terra me está devendo!
III
Toda a terra é sagrada…
Como sagrado o seu pão,
Esta bela conjugação
Merece ser respeitada!
Entender não custa nada
A regra às vezes esquecida,
P’ra que não seja omitida
Um e outro se estão a dever…
Eu pago quando eu morrer,
A terra paga-me em vida!
IV
Tenho tudo o que preciso
Foi a terra quem mo deu…
Diz que um dia vou ser seu,
No chão sagrado que piso.
Há quem lhe chame Paraíso…?
Mas disso eu não entendo,
Dou o que estou recebendo
Quando tal me for pedido…
Saldando o que é devido,
Eu pago à terra em morrendo!
Matias José , ilustração J.P.Galhardas
Mote proposto para
glosar pelo meu amigo Inácio Melrinho, aquando da inauguração do Lar
"Cantinho Amigo"
Vai os idosos estimando
Não os trates com desdém
Porque os anos vão passando
E serás idoso também
...
A juventude não dura
O tempo que a vida conta
E a velhice desponta
Tão pouco a força perdura
Nos corpos que amadura.
Os anos lhes vão pesando
Nos pés que agora arrastando
Já deram passos em frente
Para que possas ser gente
Vai os idosos estimando.
...
Aos que perderam o ninho
Não podemos desprezar
Há que todos abraçar
Sempre terão um carinho
Aqui no nosso " Cantinho".
Na rua trata-os bem
Fá-los sentir-se alguém
Neste mundo de ideais
Todos somos iguais
Não os trates com desdém.
...
Fonte de sabedoria
Ser ancião é ser mestre
Podes fazer autoteste
No que aprendes dia a dia
Colhe a tua mais valia.
Emoções vão desfiando
Os dorsos sempre dobrando
Pelos esforços despendidos
Em seus peitos oprimidos
Porque os anos vão passando.
...
Esta vida é uma lição
Pensa já em a aprender
Não te deixes surpreender
Concentra a tua atenção
Na constante evolução.
A juventude, porém
Não se eterniza em ninguém
A mocidade se vai
De filho passas a pai
E serás idoso também.
...
Ausenda Ribeiro
2 comentários:
Gostei do que li. Palavras sabias e bonitas. Ao ler ocorreu-me o tema da perda de sabedoria sempre que desaparece um idoso. Proponho um MOTE, pensado por mim, se a autora pretender glosar sobre o tema. Talvez seja interessante…
Sempre que parte um idoso
Desaparece sabedoria
Património valioso,
Mal guardado, quem diria!
Obrigada
Maria Mira (MM)
Adorei auto-retrato interior do poeta.
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