quarta-feira, 27 de maio de 2015

CRONICA DE OPINIÃO TRANSMITIDA HOJE NA RÁDIO DIANA/FM

                                        A sustentável dureza da equidade

Quarta, 27 Maio 2015
A Senhora Ministra de Estado e das Finanças no âmbito de uma actividade partidária junto da juventude Social-democrata trouxe novamente à discussão politica a questão da sustentabilidade da Segurança Social. Não demorou muito tempo para que o partido socialista viesse logo falar no papão da austeridade e na obsessão dos cortes nas pensões.
Independentemente a quem possa assistir razão, só há dois caminhos revestidos de equidade. O da solidariedade inter-geracional, isto é, são os ativos com as suas contribuições a pagar as reformas dos atuais pensionistas. O outro, o pagamento das reformas deverá estar condicionado ao crescimento económico, portanto, à riqueza do país. Existe, todavia, um terceiro que bem conhecemos, infelizmente, que, consiste em constituir dívida, e, que as gerações vindouras assumam esse encargo. Não me parece, porém, que, em nome da justiça inter-geracional, este possa ser defensável.
O certo é que a Segurança Social tal como está pensada tem um problema sustentabilidade. Os descontos que são realizados pelos activos, por si só, não são suficientes para pagarem as pensões dos atuais reformados. O saldo das pensões do sector público em 2016, poderá chegar a cerca de 2 000 milhões de euros negativos. Por isso, não devemos escamotear esta realidade, sob pena de colocarmos em causa o futuro dos atuais ativos, que, serão os reformados, de amanhã.
Na verdade, a esquerda demagógica e populista de que o actual partido socialista também faz parte, não quer discutir a questão da sustentabilidade da Segurança Social com razoabilidade. Porque, aparentemente, a questão poderá penalizar eleitoralmente quem decidir falar verdade na campanha eleitoral. Não estou, todavia, convencido que seja uma boa estratégia. Aliás, as pessoas em 2009 foram enganadas com falsas promessas, e, por isso, estão vacinadas e a generalidade não quer mais ouvir falar em promessas demagógicas e com pouca adesão à realidade.
Por isso, se existe um problema, dever-se-á encontrar a solução que mais proteja a sustentabilidade do sistema a longo prazo. E, se for indispensável que passe por cortes nas pensões dos actuais pensionistas para que se defenda e garanta o Direito fundamental que é a protecção social. Que se o faça em nome da dignidade das pessoas. Porém, dever-se-ão assegurar incólumes as pensões mais baixas.

José Policarpo

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