Quinta, 14 Maio 2015
Ontem fui surpreendido
com a notícia da morte do marido de uma amiga. Homem mais novo do que eu que,
segundo me foi contado, morreu durante uma saudável caminhada pela ecopista de
Évora.
Ao fim da tarde fui ao funeral e
encontrei uma vila vizinha cheia de gente que ia demonstrar a solidariedade à
família e/ou lamentar o desaparecimento de um amigo ou conhecido.
Não é a primeira vez
que confrontado com uma morte inesperada me ponho a questionar sobre o sentido
de algumas coisas que vamos fazendo no nosso dia a dia, sobre a forma como
lidamos com a mesquinhez alheia e próxima, como reagimos e nos preocupamos com
pequenos pormenores que assumem no nosso quotidiano um proporção desmesurada.
Já pensei (como quase
toda a gente nas mesmas circunstâncias) que não vale a pena grandes lutas,
grandes empenhos pela mudança do mundo, quando afinal tudo pode acabar num
suspiro de uma fracção de segundo.
Depois passa-me e
penso que é exactamente porque a vida é finita que vale a pena fazer o que
temos de fazer, sem medo. No fundo, o que temos nós a perder? A vida? Não
parece ser isso de grande importância quando a alternativa é perdê-la na mesma.
A diferença é um pouco
entre viver sem medo ou morrer cautelosamente.
Eu sei, vim de um
funeral de um familiar de uma pessoa amiga, com uma vila inteira na rua a
prestar a última homenagem e a solidariedade aos sobrevivos e isso deixou-me a
pensar em coisas pouco edificantes.
Amanhã, porque ainda
dura esta sensação de ausência de perenidade, não vou reagir às provocações do
costume, não me vou questionar sobre algumas tentações alheias e não me vou
irritar com as preocupações mesquinhas das pessoas com quem me cruzo.
Mas depois de amanhã,
quando voltar a acreditar que esta coisa da vida é infinita, vou voltar a
perder horas de sono com coisinhas que afinal são isso mesmo: coisinhas.
Por esta altura, já
alguns dos que me lêem estarão zurzir-me na pele porque em vez de cumprir a
tarefa estou para a aqui a divagar sobre a vida e a morte, em torno do meu
umbigo.
Por isso termino com
umas pequenas curiosidades que nos fazem lembrar que há razões para vivermos
até que a morte nos leve, em vez de andarmos a fingir de mortos numa vã
tentativa de eternidade.
Sabem que no próximo
dia 6 de Junho vai realizar-se, em Lisboa, uma grande marcha nacional,
designada “A força do Povo”?
Sabem que faltam
poucos meses para as eleições legislativas e que basta mudar dois terços da composição
da Assembleia da República para sairmos desta rotatividade sem sentido?
Sabem que há
alternativa, não sabem? Então estão com medo de quê?
Até para a
semana
Eduardo Luciano
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