terça-feira, 12 de maio de 2015

´CRONICA DE OPINIÃO TRANSMITIDA HOJE NA RÁDIO DIANA/FM

                                                             http://www.dianafm.com

                                                 Cláudia Sousa Pereira - Timeline

Terça, 12 Maio 2015
Timeline é uma palavra em inglês que significa, à letra, “linha do tempo”. É um termo muito conhecido entre aqueles que usam as redes sociais na Internet, como o Facebook, a que melhor conheço, mas também o Twitter ou o Instagram e até o Blog.
No fundo, trata-se de uma ordem pela qual as publicações, ou seja aquilo que escrevemos ali, é organizado por nós numa cronologia, mas também pelo sistema informático que as vai “puxando” para a “feed de notícias” ou página inicial, ajudando o internauta a fazer-se ouvir pelos outros membros da sua rede. É como se, das nossas conversas ao vivo e a cores entre conhecidos, colegas, amigos ou até pessoas com quem nos cruzamos fugazmente na vida do dia-a-dia, e desde o assunto mais íntimo ao mais público e até político, ficasse o registo para esse outro tempo de que estamos mais incertos do que o passado e que chamamos posteridade. Tudo feito por nós e pelos nossos interlocutores, ou selecionado pelo sistema informático, essa inteligência artificial, com critérios precisos mas nem sempre óbvios para muitos dos utilizadores. O critério da popularidade, mensurável pela quantidade de gente que acede e interage com o que publicamos, é que vai dar maior ou menor importância ao que se publica.
timeline aparece então como equivalente, num jornal em papel, à primeira página. Sendo a maioria desses lugares na rede gerida por gente comum, também uma grande parte não tem consciência de que, em muitos casos, está a comunicar para as massas. Mesmo assim, utilizamo-los para partilhar as informações que seleccionamos com o nosso próprio filtro que diz tanto de nós, para partilhar as experiências pessoais que possam interessar a outros ou as notícias que pretendemos destacar. E às vezes nem pensamos que, ao destacar uma notícia ou uma opinião, mesmo que seja para a combater, estamos já a dar palco, e consequente visibilidade, à mensagem ou ao seu emissor.
Há também muitos internautas que utilizam o timeline virtual como diário em formato “online” e, tal como acontece no meio editorial dos livros, são uns de pior ou melhor qualidade diarística que outros, sem uma filtragem que tantas vezes é apenas feita pelos pares, tão utilizadores como nós da mesma rede, e não de um qualquer editor que se coloque na posição arbitral.
Suponho que nem todos terão consciência da perenidade deste suporte que é tão duradouro como é qualquer acto de escrita desde o momento inicial da história da Humanidade. Essa domesticação do que parece tantas vezes um dito ou um pensamento à solta e se fixa para ser lido noutro momento e noutro lugar, ainda que graças ao timeline possamos de certa forma reenquadrar na circunstância própria em que foi registado. Tal como nem sempre se faz o exercício de verificar a credibilidade de certas fontes, o relacionamento entre assuntos afins, o que a boa da inteligência artificial até nos facilita quando abrimos a sala de convívio virtual, ágora do século XXI. Como aprendemos, com a educação e a experiência, da maneira mais violenta ou mais agradável, a gerir o nosso tempo para gerirmos melhor a nossa vida, assim podemos aprender a usar como nos fizer mais felizes ou considerarmos mais útil as timelines que frequentamos. Mesmo que às vezes pareça só conversa.
Cláudia Sousa Preira

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