quinta-feira, 14 de maio de 2015

A CRONICA DE OPINIÃO TRANSMITIDA NA DIANA/FM ONTEM

 
                                 A greve do  disparate
Quarta, 13 Maio 2015
A inusitada greve promovida pelo sindicato dos pilotos da Transportadora Aérea Portuguesa que no último domingo terminou, para além de outras coisas, veio trazer à saciedade os interesses incompreensíveis deste sindicato.
Para além do que tem vindo a ser noticiado pela comunicação social, e que ninguém veio desmentir - sindicato, empresa ou governo -, a TAP tem uma dívida cujo valor é praticamente igual ao seu activo, ou seja, quem vier a adquirir o capital social da empresa, economicamente, adquire pouco mais do que dívida.
Na verdade, nos termos da legislação europeia para a concorrência, em regra, os Estados não podem financiar as empresas que detêm. Percebe-se a razão. Se assim fosse, os custos da operação passariam a ser financiados pelos contribuintes dos países em que as empresas transportadoras aéreas dessem prejuízos, distorcendo-se desta forma a concorrência. Por seu turno o mercado tornar-se-ia num logro, onde os países mais ricos definiriam os preços a seu belo prazer, esmagando, por isso, toda concorrência.
Com efeito, a TAP para continuar a operar necessita de injeção de capital, disso não há quaisquer dúvidas. Não existindo, portanto, capacidade e/ou possibilidade do Estado Português para fazer a injeção necessária de capital, só lhe resta um caminho plausível. O da privatização.
A solução apresentada pelo partido socialista, que, consiste numa privatização até 49% do capital social da empresa, dificilmente, defenderá os interesses da empresa. Segundo opiniões avalizadas na matéria, com grande probabilidade, o concurso para a venda, ficará deserto. Isto é, não haverá interessados na aquisição do capital social da TAP, se a venda for inferior a 50% do seu capital, pelo facto de o comprador ficar sem a possibilidade de impor a sua estratégia empresarial.
Resta por isso a solução defendida pelo actual Governo, que consiste em privatizar até 66% do capital social da TAP, com um Caderno de Encargos que defende, sem dúvida alguma, os interesses estratégicos da companhia, como, ainda, os do país.
Por outro lado, é de referir a falta de decoro e de sentido institucional evidenciado pelo sindicato quando profere declarações a clamar vitória e regozijar-se com os danos financeiros que infligiram à Transportadora Aérea Portuguesa. Manifesto aqui o meu total repúdio, porquanto, são declarações irresponsáveis e antipatrióticas.
Pelo que, os pilotos foram e são uma parte muito significativa do prestígio que a TAP granjeara em todas estas décadas que leva de operação junto dos seus clientes. Porém, a duração e a gestão desta greve foi calamitosa e despropositada. Quem irá pagar a factura desta desinteligência? Os do costume. Os contribuintes portugueses.

José Policarpo

1 comentário:

Anónimo disse...

José Policarpo escreveu:
"nos termos da legislação europeia para a concorrência, em regra, os Estados não podem financiar as empresas que detêm. Percebe-se a razão. Se assim fosse, os custos da operação passariam a ser financiados pelos contribuintes"

E termina com esta afirmação:
"Quem irá pagar a factura desta desinteligência? Os do costume. Os contribuintes portugueses."

Então como é?

O Estado consegue dar a volta e cometer a ilegalidade de pagar prejuízos da TAP com dinheiro dos contribuintes?