Quarta, 13 Maio 2015
A inusitada greve
promovida pelo sindicato dos pilotos da Transportadora Aérea Portuguesa que no
último domingo terminou, para além de outras coisas, veio trazer à saciedade os
interesses incompreensíveis deste sindicato.
Para além do que tem vindo a ser
noticiado pela comunicação social, e que ninguém veio desmentir - sindicato,
empresa ou governo -, a TAP tem uma dívida cujo valor é praticamente igual ao
seu activo, ou seja, quem vier a adquirir o capital social da empresa,
economicamente, adquire pouco mais do que dívida.
Na verdade, nos termos
da legislação europeia para a concorrência, em regra, os Estados não podem
financiar as empresas que detêm. Percebe-se a razão. Se assim fosse, os custos
da operação passariam a ser financiados pelos contribuintes dos países em que
as empresas transportadoras aéreas dessem prejuízos, distorcendo-se desta forma
a concorrência. Por seu turno o mercado tornar-se-ia num logro, onde os países
mais ricos definiriam os preços a seu belo prazer, esmagando, por isso, toda
concorrência.
Com efeito, a TAP para
continuar a operar necessita de injeção de capital, disso não há quaisquer
dúvidas. Não existindo, portanto, capacidade e/ou possibilidade do Estado
Português para fazer a injeção necessária de capital, só lhe resta um caminho
plausível. O da privatização.
A solução apresentada
pelo partido socialista, que, consiste numa privatização até 49% do capital
social da empresa, dificilmente, defenderá os interesses da empresa. Segundo
opiniões avalizadas na matéria, com grande probabilidade, o concurso para a
venda, ficará deserto. Isto é, não haverá interessados na aquisição do capital
social da TAP, se a venda for inferior a 50% do seu capital, pelo facto de o
comprador ficar sem a possibilidade de impor a sua estratégia empresarial.
Resta por isso a
solução defendida pelo actual Governo, que consiste em privatizar até 66% do
capital social da TAP, com um Caderno de Encargos que defende, sem dúvida
alguma, os interesses estratégicos da companhia, como, ainda, os do país.
Por outro lado, é de
referir a falta de decoro e de sentido institucional evidenciado pelo sindicato
quando profere declarações a clamar vitória e regozijar-se com os danos
financeiros que infligiram à Transportadora Aérea Portuguesa. Manifesto aqui o
meu total repúdio, porquanto, são declarações irresponsáveis e antipatrióticas.
Pelo que, os pilotos
foram e são uma parte muito significativa do prestígio que a TAP granjeara em
todas estas décadas que leva de operação junto dos seus clientes. Porém, a
duração e a gestão desta greve foi calamitosa e despropositada. Quem irá pagar
a factura desta desinteligência? Os do costume. Os contribuintes portugueses.
José Policarpo
1 comentário:
José Policarpo escreveu:
"nos termos da legislação europeia para a concorrência, em regra, os Estados não podem financiar as empresas que detêm. Percebe-se a razão. Se assim fosse, os custos da operação passariam a ser financiados pelos contribuintes"
E termina com esta afirmação:
"Quem irá pagar a factura desta desinteligência? Os do costume. Os contribuintes portugueses."
Então como é?
O Estado consegue dar a volta e cometer a ilegalidade de pagar prejuízos da TAP com dinheiro dos contribuintes?
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