Sexta, 15 Maio 2015
Foi a surpresa geral a
vitória dos conservadores britânicos, por maioria absoluta, nas eleições
parlamentares.
As sondagens fazem com
que acreditemos nelas de tal forma que nos habituaram a vê-las como se fossem
os resultados finais.
Mas não, com alguma frequência, elas
erram os resultados eleitorais. No caso da vitória dos conservadores terá sido
uma boa surpresa, até porque o erro das sondagens, das várias que foram sendo
feitas durante o período pré-eleitoral, foi grande.
Mas que razões terão
originado esta vitória e consequentemente, desacreditado as sondagens?
Vejamos:
1. O elevado número de
indecisos, que acabou por decidir votar nos tories de Cameron, talvez até por
temerem o que ditavam as sondagens e que resultaria na possível perda de uma
base parlamentar sólida que permitisse uma governação estável;
2. O sistema eleitoral
britânico que favorece a constituição de maiorias, beneficiando os partidos que
conseguem maior votação ou uma grande concentração de votos e penalizando os
outros, sistema que terá favorecido a eleição de parlamentares conservadores e,
no caso da Escócia os nacionalistas escoceses quase conseguiam o pleno dos
eleitos;
3. Os bons resultados
que a economia britânica vem apresentando, os quais resultam da aplicação
medidas de ajustamento que o primeiro governo de Cameron teve necessidade de
aplicar. As quais provocaram alguma contestação social, mas que os eleitores
vieram nesta eleição a reconhecer como necessárias à revitalização da economia.
Devemos pois concluir
que o que as sondagens mostram é apenas uma intenção de voto num determinado
momento e que ainda que nos sejam todas “vendidas” por igual, umas são mais
precisas do que outras, considerando que importa saber ler as respetivas fichas
técnicas, as quais dão-nos a conhecer o universo da amostra, o grau de
confiança e a margem de erro, sendo estes elementos essenciais para verificação
do maior grau de certeza do possível resultado do ato eleitoral.
Estas eleições foram
importantes para o Reino Unido, para a Europa e também para Portugal.
Para o Reino Unido
porque vieram definir, de forma clara, o governo que os britânicos pretendem na
governação do país. Mas também mostrar de uma forma absolutamente evidente em
quem os Escoceses confiam.
Para a Europa porque o
Reino Unido é um país importante na construção europeia, mas é aquele que tem
uma agenda própria perante a Europa, e a quem os parceiros europeus vão sempre
reconhecendo um estatuto particular.
Para Portugal porque o
Reino Unido teve necessidade de aplicar nos últimos anos um conjunto de medidas
e reformas que originaram, entre outros, efeitos sociais negativos, mas que
foram essenciais para a recuperação da economia, a qual apresenta hoje vários
indicadores que mostram a tendência de crescimento da economia britânica.
A recuperação
económica de Portugal terá assim algumas semelhanças com o que aconteceu no
Reino Unido, veremos pois como vão reagir os eleitores portugueses no próximo
mês de outubro.
Quanto às sondagens
elas fazem parte do sistema político, temos que saber conviver com elas. Mas
pese embora elas sejam um fator que necessariamente terá influência nos
resultados finais eleitorais, o eleitorado certamente saberá dar o sentido
certo ao seu voto.
Até para a semana
Rui Mendes
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